2 maio 2024 - 12h40

Vergonha em nível nacional

A partida na noite de ontem válida pela terceira-fase da Copa Do Brasil, deixou o torcedor athleticano incrédulo, insatisfeito, indignado e por que não até certo ponto desiludido em um ano que se espera algo muito maior.

Jogando contra o Ypiranga de Erechim, modesta equipe gaúcha que joga a terceira divisão nacional, o Furacão entrou com todo o favoritismo que já lhe é característico na competição mais democrática do país. Contudo, o que se viu nos pouco mais de 90 minutos foi uma equipe covarde, apática, sem brio, sem valentia, sem raça, modorrenta, preguiçosa porque não em determinados momentos esnobe, afinal não foram poucas às vezes que os atletas demonstraram que poderiam resolver o jogo quando quisessem. Contudo, futebol não é dessa forma, e ninguém ganha de véspera ou a hora que bem entende, quiçá um elenco que está longe de ser um elenco de jogadores acima da média, com duas ou três exceções no máximo, e que todo torcedor athleticano sabe quem são.

Não é de hoje que o Athletico joga dessa forma sonolenta, asquerosa quando joga longe da Arena da Baixada, e se analisarmos o recorte dos últimos 10 anos esse comportamento é de praxe em 80% dos jogos longe de Curitiba, e jogar o mínimo que se espera é raro quando se trata do elenco athleticano. O discurso pós-jogo está sempre pronto, quando joga contra equipes melhores o “time adversário é muito forte e é difícil de ser batido em seus domínios”, quando joga contra um time mais fraco “resolvemos em casa” ou então “outras equipes também terão dificuldades jogando aqui”, “não é qualquer equipe que vence esse adversário jogando em um estádio acanhado, que tem pressão e o gramado é diferente”, as desculpas são as mais variadas possíveis.


Fernandinho, sinônimo de raça, qualidade e liderança no Furacão. FOTO: José Tramontin/Athletico

 

Nessa questão de jogos contra equipes menores, e que não são transmitidos pela principal detentora dos direitos de transmissão dos jogos do futebol brasileiro, cabe um asterisco. Os elencos do Athletico nesse mesmo recorte temporal, passam a ligeira impressão que tratam esses jogos, mais ou menos da seguinte forma “não precisamos correr, afinal o adversário é bem abaixo, essa partida nem é tão importante, tem mais um jogo e são poucos os que estão assistindo mesmo”. Se pensam dessa forma (e transmitem de verdade essa sensação aos torcedores) estão cometendo um erro crasso, pois todo jogo é tratado como jogo importante para o torcedor athleticano independente de quem é o adversário e de quem está transmitindo. Sendo assim, o mínimo que se espera é que joguem com vontade, garra, determinação independente do resultado da partida em disputa, afinal recebem muito bem para isso e trabalham em condições de excelência mundial. Essas atuações pífias (poderia utilizar outro adjetivo) do Athletico jogando fora, já interferiram diretamente na classificação abaixo ao final do clube ao final do certame nacional, e acarretaram também em eliminações precoces ou dificultaram a classificação do Furacão seja na Copa do Brasil ou na Copa Libertadores da América.

Abrindo um parênteses, se analisarmos somente a Copa do Brasil entre 2014-2024 o Athletico só venceu o Tocantinopólis (2022) quando estreou na competição, nas demais participações perdeu para o América –RN (2014 – eliminado), Flamengo (2020 – eliminado), e CRB (2023 – avançou de fase), e empatou contra Remo (2015), Brasil-RS (2016), Santa Cruz (2017), Caxias (2018), Fortaleza (2019) e Avaí (2021). É bem verdade que em todas essas situações em que empatou no primeiro jogo, o Athletico avançou de fase seja vencendo o jogo da volta, ou então pelo critério que lhe favorecia há época, contudo criou uma dificuldade totalmente desnecessária tendo em vista o péssimo desempenho no primeiro jogo jogando fora. Aos que duvida busquem o primeiro jogo contra o América-RN e um sonoro 3 a 0 em Natal, ou então a partida bisonha contra o Avaí na Ressacada e consequentemente o empate em 1 a 1.

Fechado os parênteses, é preciso pontuar de maneira minuciosa também todo o trabalho de Alexis Stival a frente do time, sejam as suas decisões nas escalações e trocas, seja o desempenho do Athletico contra equipes MINIMAMENTE arrumadas, e também suas entrevistas pós jogo.

Analisando as questões de escalações já está muito claro que o treinador athleticano prioriza uma formação com jogadores abertos pelos lados do campo, que ajudem na recomposição defensiva no mesmo setor, e que sejam voluntariosos, o famoso jogador “brigador”, e com essas características Cuello, Jullimar e Madson ganham pontos com Cuca. Contudo, esses de longe não são os melhores atletas do elenco, muito pelo contrário, logo uma revisada na forma de jogar precisa ser colocada em prática urgentemente pelo treinador rubro-negro. É INADMISSÍVEL ter no elenco de dez a treze jogadores no setor de meio de campo e ataque, e o treinador insistir com jogadores de qualidade questionável, e aqui está o grande xis do problema ao meu ver. Teria o técnico em questão, a capacidade de ajustar esses setores do campo de forma que o time desempenhe melhor do que vem desempenhando? Eu tenho sérias dúvidas, tendo em vista que o mesmo treinador só conseguiu títulos com elencos com jogadores acima da média, e tem um modelo de jogo em mente muito bem definido. Dentro do mesmo contexto, se analisarmos as questões de trocas no decorrer dos jogos, o treinador continua cometendo um erro que parece algo intrínseco no futebol brasileiro, demora para mexer naquilo que nitidamente não está tendo um resultado que seja minimamente satisfatório.


Canobbio em partida contra o Ypiranga de Erechim. FOTO: Gustavo Oliveira/Athletico

Sobre o desempenho do Athletico contra equipes que tem sérias deficiências técnicas, ou que são abaixo, vale frisar que o comportamento do elenco do CAP é simplesmente ASSUSTADOR ou medonho para dizer o mínimo. Um time por menor organizado que seja impõe seu jogo contra o Athletico, usando o português futebolístico “amassa” o Furacão, “estrangula” o time athleticano no setor defensivo, obriga o Rubro-Negro a se limitar aquilo que vem fazendo de melhor nos últimos anos (com raríssimas exceções), ou seja, rifar a bola se livrando da mesma com ligações diretas do sistema defensivo para o sistema ofensivo. Uma verdadeira lástima, e aqui nesse item também tem muito do trabalho do técnico Cuca. É inconcebível imaginar que um time não consiga trocar dois passes, com velocidade e aproximação, que não consiga fazer uma transição defensiva-ofensiva de pé em pé, é difícil de verdade acreditar nisso. É nítido que somente uma equipe mal treinada, acomodada, desinteressada e que não há cobranças é capaz de desenvolver um jogo tão moroso, lento, preguiçoso, pouco vistoso.

Para finalizar esses três pontos, as entrevistas pós jogo do técnico Cuca precisam ser comentadas. Quando foi contratado o técnico athleticano sabia o que teria em mãos, dito pelo próprio ele já conhecia o elenco, conhecia alguns dos atletas, e saberia o que poderia ser feito com o atual elenco do Athletico. Todavia a frente do Rubro-Negro a realidade é outra, e mencionar a carência e qualidade do elenco em determinadas funções virou um mantra para o treinador em toda entrevista concedida pelo mesmo. Contudo eu reforço o que acabara de ser dito acima, ele já sabia das condições de trabalho e sabia também que só poderia (e só poderá) ter reforços na metade do ano, logo essas desculpas literalmente não servem de muleta pelo os péssimos desempenhos do Athletico contra equipes como Danúbio, Juventude e Ypiranga de Erechim.

Em resumo, é uma soma de fatores que fizeram com que o Athletico tenha desempenhado tão pouco nas últimas três partidas em sequencia, e essas partidas tão abaixo acendem um alerta em várias questões, deixando escancarado que algo precisa ser feito de imediato. Como dito por alguns dos atletas no pós-jogo, essa chave precisa ser virada para ontem não na metade do ano e tão pouco na reta final da temporada, até porque o que for plantado agora inevitavelmente vai ser colhido lá na frente. Os quatro primeiros meses do ano do Centenário do Furacão já demonstram que a rota precisa ser modificada e todos têm responsabilidade nessa mudança, exceto o torcedor que estará apoiando independente de qualquer situação.

Erick foi o capitão athleticano na derrota em Erechim. FOTO: José Tramontin/Athletico/Arquivo

 



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