15 maio 2024 - 12h01

Pinheirão: a história de um estádio que passou em nossas vidas

Houve um tempo em que o Athletico não tinha a Baixada. Nossa casa era o Pinheirão: um estádio construído pela Federação Paranaense de Futebol no bairro do Tarumã, com arquibancadas distantes do gramado e conforto questionável.

Assim foi durante quase uma década. Em meados dos anos 1980, o Athletico assinou um contrato de longuíssimo prazo com a FPF para mandar todos os seus jogos no Pinheirão. Por mais de 50 anos. Com exclusividade. Parece incrível, mas aconteceu. E a Furacao.com vai contar essa história – na matéria abaixo e num e-book exclusivo, com mais fotos, informações e curiosidades.

Tudo começou com um sonho

Nos anos 50, havia um projeto para construir um estádio enorme em Curitiba. Chegou-se a cogitar até de usar a área onde hoje fica a Praça Rui Barbosa. Já imaginou um estádio para mais de 100 mil pessoas em pleno centro de Curitiba?

Nos anos seguintes, a FPF conseguiu a doação de uma área no Bairro do Tarumã e começou a construção do Pinheirão, que não foi levada adiante. Milani deixou o comando do futebol e as obras pararam.

O estádio do Onaireves

As obras foram retomadas quando Onaireves Moura, ex-presidente do Athletico, passou a ser o chefe da FPF. O estádio foi concluído. E o Athletico concordou em deixar a Baixada e assinar o contrato se comprometendo a adotar o Pinheirão como casa por muitos anos, a perder de vista.

Os anos 80

Na década de 80, o Furacão passou a jogar no Pinheirão. No começo, dividindo jogos com a Baixada. Depois, só lá mesmo. Foram tempos de viagens longas para o Tarumã, distante do centro. O campo era bem diferente do Joaquim Américo: a torcida ficava separada do campo de jogo por uma pista de atletismo. A visão não era das melhores. O conforto também não. E naquela época Curitiba era fria!

As alegrias

Mas nem tudo foi ruim. O Athletico teve grandes momentos no Pinheirão. Foi campeão paranaense de 1988, batendo o Pinheiros na final. Também se viveu o futebol da forma raiz: com festa da torcida nas arquibancadas, distribuição de prêmios e sorteios. O clube também mudou seu uniforme nesse período, passando a jogar com listras verticais.

Os casos insólitos

O Pinheirão foi marcado por acontecimentos esquisitos. Teve jogo com dois gols contra da dupla de zaga, teve paraquedista caindo no meio do gramando durante o jogo, teve gol de goleiro e teve até gol de nuca!

O afastamento da torcida

Mas ainda assim o Pinheirão era um estorvo. Já dissemos que era muito longe? E que era frio? E que a torcida ficava longe do campo? E que o conforto não era lá essas coisas? Então, tudo isso levou a um afastamento da torcida atleticana. O levantamento a seguir mostra bem como a média de público do Furacão diminuiu drasticamente em comparação com os tempos da Baixada:

 

A volta para a Baixada

A partir de 1992, a torcida deu um basta. Protestou e clamou pelo retorno à sua casa. A diretoria acolheu, mas faltava resolver a pendência contra a Federação. Primeiro, o clube ajuizou uma ação contra a FPF, alegando descumprimento contratual – conseguiu autorização judicial para mandar seus jogos também em outros locais.

Sem a exclusividade, faltava um campo para jogar. Alguns jogos foram realizados no Couto Pereira, até que a Baixada voltasse a ter condições. Uma mobilização garantiu a reforma do estádio, que foi reinaugurado em 1994.

O final dos anos 90

Mas a história do Furacão com o Pinheirão ainda teria outro capítulo. Já com Petraglia e em nova fase, o Athletico resolveu derrubar a Baixada e construir o estádio mais moderno da América do Sul. Durante as obras, toca jogar no Pinheirão de novo.

E assim foi a partir de 1997, mas agora com mais torcida e um time melhor – com 90% de aproveitamento nesta temporada! Nesse tempo, teve virada histórica sobre o Coxa, teve jogador nadando em túnel alagado, teve interdição do estádio por ausência de condições de jogo. Em 1998, o Furacão foi campeão paranaense derrotando os coxas na final em dois grandes jogos no Pinheirão.

O fim

A Arena da Baixada foi inaugurada em 1999. Depois disso, o Athletico voltou esporadicmente ao Pinheirão, a maioria das vezes como visitante. Teve tempo ainda de uma conquista de mais um título sobre o Coritiba, a Copa Sesquicentenário em 2003. O último jogo oficial foi contra o Paraná Clube, uma vitória por 3 a 1, em 2006.

O que restou

Ficaram as memórias, muitas, de um Estádio que forjou a alma de uma geração atleticana. Também ficou a lição de que a nossa casa é a Baixada. E rendeu uma grana boa: em 2013, mais de 20 anos depois de ter ajuizado a ação, o Athletico recebeu mais de 15 milhões de reais da FPF, confirmando que tinha razão na disputa.

O último grande evento do Pinheirão foi um Brasil 3 x 3 Uruguai pelas Eliminatórias da Copa de 2006. No ano seguinte, a FPF, Coritiba e Paraná quiseram fazer um projeto para o Pinheirão ser sede da Copa do Mundo de 2014, mas não deu certo. Com as dívidas da FPF, o estádio foi leiloado e está hoje desativado.

Gostou? Quer saber mais?

Contamos essa história em detalhes num e-book exclusivo, produzido a partir da pesquisa de Jefferson Gabardo para a Furacao.com. Este livro contém mais de 100 páginas com fotos, dados, curiosidades, causos, estatísticas e toda a informação sobre todos os jogos do Athletico no Pinheirão.

Aliás, sabe quantas vezes o Furacão jogou no estádio? Foram 273 partidas. Esportivamente, o desempenho não foi ruim: um aproveitamento de 66%. Tudo isso você encontra no e-book, que pode ser baixado e compartilhado:

https://www.furacao.com/especial/furacaocom_pinheirao.php

 



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