Ano do centenário
Sob os auspícios do quinto aniversário da nossa conquista da Copa do Brasil, decidi falar sobre celebração. Até porque é importante valorizarmos marcos como esse, pois eles nos trazem um senso de significado, importância e continuidade histórica, especialmente quando envolvem números “redondos”, como 5, 10… e o 100 (centenário), que por si só possuem forte simbolismo, transmitindo a ideia de algo completo, que encerra um ciclo e inaugura outro.
Um centenário, em especial, tem o poder de engajar pessoas em torno de uma causa comum, gerando um sentimento de pertencimento, orgulho e conexão. Agora, imagine o impacto disso na cabeça e no coração de um torcedor apaixonado. A oportunidade de olhar para o passado, refletir sobre a trajetória, reconhecer realizações, avanços, legados, glórias e todos os desafios enfrentados ao longo do tempo contribui para consolidar uma identidade coletiva da instituição que tanto amamos.
No entanto, no Athletico – o clube “nascido para ser diferente” –, a realidade tem sido bem distante das expectativas que foram criadas. Ou seja, no ano em que esperávamos celebrar com pompa e circunstância, estamos sendo “convidados” a encarar experiências que nos remetem aos períodos menos áureos da nossa história.
Logo no início de 2024, vimos de tudo acontecer: a manutenção de peças importantes, repatriações, investimentos significativos no primeiro semestre, ações direcionadas ao torcedor, a substituição do interino por um técnico de fora, entre outras iniciativas que nos permitiram imaginar que o planejamento estava à altura do tão aguardado marco comemorativo.
E justamente no ano em que não tínhamos margem para erros, fomos abandonando nossas próprias “convicções”. Ao primeiro sinal de “desequilíbrio”, houve troca de técnico, optando-se por algo bem diferente do que sempre se pregou, e ainda por cima, criando uma polêmica incoerente com a energia que esse ano previa.
O preço foi caro, mas o início até pareceu promissor: apesar do futebol pobre, os resultados vinham! O Paranaense foi devidamente conquistado, os primeiros jogos da Sul-Americana estavam sob controle, o Brasileirão estava apenas começando e contávamos com um elenco completo no início da temporada. Fernandinho voava, Bento fechava o gol, e até parecia que a sorte estava ao nosso lado. Só que essa ilusão durou pouco, e logo sucumbimos diante de times semi-amadores, sofremos em jogos em que tínhamos condições de passar por cima, e, sobretudo, ficou evidente que o Athletico não era prioridade naquele contexto. E o resto da história todos conhecem…
Além disso, também sentimos a ausência de uma atenção especial às comemorações práticas do centenário, assim como esperávamos um maior capricho nas camisas e reposições pontuais nos setores que demonstravam necessidade.
O fato é que, com um calendário intenso e um elenco minguado por falta de reposições, estamos diante de uma situação bastante complexa! Esse cenário está escancarado para todos nós, afinal, é só o que se comenta, a mídia em uníssono bate no nosso clube e, como consequência, entramos em uma espécie de letargia coletiva, talvez esquecendo nosso papel nisso tudo.
Não tem sido fácil, mas não podemos permitir que esse clima de pânico nos impeça de seguir celebrando a existência do Athletico. E, sobretudo, não podemos deixar que esse panorama, tão distante do que almejávamos, nos afaste daquilo que sempre fomos: uma torcida que acredita no impossível, que rompeu barreiras e não esmoreceu nem nos momentos mais difíceis da nossa história!
Nós somos o Athletico! O time que carrega a alcunha de “Furacão”, que sofreu muito em sua caminhada, que briga com os grandes, que forja o nosso amor justamente nos momentos difíceis, que já flertou com o fundo do poço e não ficou lá. Temos em nossa história um centenário Jackson, que jamais esquecerá de Caju, e que até hoje se emociona com os gols do “bagre” Ziquita.
O rubro-negro do icônico Sicupira, de quadrados mágicos e duplas como Oséas e Paulo Rink, de um incendiário Kleber Pereira, de um herói mineiro de nome Alex, que viu uma final de Libertadores ser arrancada da Baixada, que assistiu ao Velho Baier jogar como um menino, que tropeçou, que subiu, que reencontrou o sucesso sob a batuta de um grisalho de camisa bordô, que congelou no pênalti do Barrera, que incluiu a “cirineta” no dicionário… um Athletico de glórias do passado e feitos do presente, mas, acima de tudo, de um povo que só veste sua camisa (bonita ou polêmica) por amor!
Esse mix é a gente! Devemos nos orgulhar de cada etapa cumprida. Essa história tão rica nos convida a levantar a cabeça, a não desistir e a apoiar o Furacão, mesmo quando tudo parece conspirar para o nosso desânimo… mesmo quando parece que nem o rubro-negro quer isso da gente!
E, convenhamos, se a máxima “se for fácil, não é Athletico” for realmente verdadeira, o centenário está sendo o puro suco disso!
Então, hoje e pelo restante do ano, vamos nos sustentar em todos os clichês do nosso atleticanismo e não vamos nos deixar abater. Em ano de centenário ou não, a gente vive o Athletico!