Onde assistir Athletico-PR x Atlético-GO - (Foto: Roberto Souza/athletico.com.br)
(Foto: Roberto Souza/athletico.com.br)

Derrota para o pior ataque da Série B e acende alerta para o Athletico

No futebol, um jogo pode durar 90 minutos, mas a consequência de 45 mal jogados pode ecoar por muito mais tempo. Foi o que viveu o Athletico Paranaense, ao ser derrotado de virada por 3 a 2 pelo Volta Redonda, no Estádio Raulino de Oliveira, pela 17ª rodada da Série B 2025. O que parecia um passeio controlado transformou-se em um colapso — e a crise rubro-negra volta a se acentuar.

O resultado não seria tão marcante se o adversário não fosse o pior ataque da competição, com apenas 10 gols marcados antes do jogo. Ao fim da noite, o Voltaço havia praticamente dobrado sua média de tentos — e ainda deixou a lanterna momentaneamente, afundando o Furacão na 9ª colocação, com 23 pontos e a segunda pior defesa do torneio.

<h2>Primeiro tempo de manual: posse, pressão e golaços</h2>

Durante os 45 minutos iniciais, o Athletico parecia estar em tarde inspirada. A equipe comandada por Odair Hellmann encaixou bem o esquema 5-2-3, com boa troca de passes, transições ágeis e movimentações ofensivas perigosas. A ausência de Luiz Fernando, lesionado, foi preenchida por Steven Mendoza, que se apresentou bem no início, mas perdeu força no segundo tempo.

O gol que abriu o placar veio aos 25 minutos: o lateral-esquerdo Esquivel avançou em boa jogada individual e cruzou com precisão para Alan Kardec, que finalizou com categoria. Aos 39, veio o que seria o gol mais bonito da noite — e talvez da rodada: contra-ataque veloz puxado por Kauã Moraes, que encontrou Zapelli na área. O meia driblou dois marcadores e mandou no canto: 2 a 0.

O adversário parecia entregue. O Athletico caminhava para mais três pontos, sem sustos. Mas futebol, como se sabe, não aceita roteiro fechado.

<h2>Segundo tempo: da soberania à implosão</h2>

Na volta do intervalo, o Volta Redonda abandonou o papel de coadjuvante. Rogério Corrêa, técnico do time carioca, fez ajustes táticos simples e eficazes: empurrou as linhas à frente e passou a explorar as costas dos alas paranaenses. Em dez minutos, o time criou duas chances e aproveitou a segunda: Raí lançou, MV finalizou sem marcação e diminuiu.

A resposta do Athletico veio com ineficácia. Aos 9, Zapelli perdeu uma chance clara. Um minuto depois, o castigo. A virada estava desenhada — mesmo que invisível aos olhos de um time que relaxou cedo demais. Aos 22, Pierre — ex-Athletico — cruzou para André Luiz, que subiu completamente livre: 2 a 2.
O nervosismo invadiu o time rubro-negro. Hellmann tentou reorganizar com substituições: Kevin Viveros, João Cruz, Leozinho e Giuliano entraram em campo, mas o time perdeu ainda mais o controle da partida.

O golpe final veio aos 36 minutos. Em jogada pelo centro, PK tabelou com facilidade e lançou Ítalo, que invadiu a área sem resistência e marcou o terceiro. Virada inacreditável de um time que havia feito apenas 10 gols em 16 jogos.

<h2>Esquivel expulso e estatísticas que refletem a queda</h2>

A cereja amarga do bolo paranaense veio nos acréscimos. Esquivel, que havia dado assistência no primeiro tempo, parou contra-ataque com uma falta dura e recebeu o segundo amarelo. Expulso aos 48, deixou o Athletico com um a menos e com nova baixa para a próxima rodada, contra a Ferroviária, terça-feira, na Arena da Baixada.

Os números do jogo ajudam a ilustrar o drama: o Athletico teve 58% de posse de bola e 14 finalizações, mas apenas quatro foram no gol. O Volta Redonda, com menos posse, teve 14 chutes, sendo seis no alvo. O aproveitamento e a efetividade fizeram toda a diferença.

<h2>Defesa frágil e G4 mais distante</h2>

Com os três gols sofridos, o Athletico passou a ter a segunda defesa mais vazada da Série B, com 23 gols em 17 jogos — desempenho preocupante para um clube que almeja o acesso. O Athletic-MG é o único que levou mais (24).

No ataque, Alan Kardec e Renan Peixoto dividem a artilharia rubro-negra com cinco gols cada, o que mostra um time que até marca, mas sofre em dobro. A oscilação na campanha desde a chegada de Odair Hellmann (4 vitórias, 1 empate e 4 derrotas em 9 jogos) coloca o time em zona cinzenta: sem consistência para chegar ao G4, mas ainda distante do Z4.

<h2>O que falta?</h2>

A pergunta que ecoa nas arquibancadas e nos corredores da Ligga Arena é: o que falta para este time engrenar? O elenco tem qualidade, com nomes experientes e promessas da base. O treinador tem currículo e conhecimento. A torcida apoia, ainda que com impaciência crescente. Mas o Athletico parece carregar uma espécie de sabotagem interna — mental, tática ou emocional.

A partida contra o Volta Redonda entra para o hall das derrotas que deixam cicatriz. Perder para um time tecnicamente inferior não é uma tragédia. Levar três gols do pior ataque da competição, após estar vencendo por dois de vantagem, é um colapso.

<h2>A Ferroviária no horizonte: redenção ou pressão?</h2>

A próxima partida após o resultado inesperado, será em casa — Arena da Baixada, às 20h, contra a Ferroviária. Vencer é essencial para não deixar o G4 escapar de vez. O técnico Odair Hellmann terá que lidar com as ausências de Esquivel (suspenso), Luiz Fernando, Isaac, Julimar, Madson e Dudu (todos lesionados), além de tentar motivar um elenco que desmorona emocionalmente com facilidade.

Se há algo que o Athletico precisa nos próximos dias, é mais do que treino tático. É urgente uma reconexão com sua identidade: um clube ousado, vertical, agressivo — e que não tem medo de virar jogos, e não de sofrer viradas. Porque na Série B, a margem de erro é mínima, e o tempo, curto.

Curiosidade fora de campo: As odds oferecidas pelos sites de apostas, que incluem até mesmo plataforma de R$ 4 de depósito mínimo para apostar, para a vitória do Volta Redonda indicavam que o resultado parecia muito improvável.

Como se pode notar, no futebol, nem tudo se prevê. Mas há colapsos que são anunciados — e o Athletico precisa ouvir os sinais.