Muito tem se falado à respeito da elitização do futebol. Que o Atlético seria um dos clubes que defenderiam com mais afinco esse projeto. Alguns dizem que acabou o futebol para o povo. Acho que não é bem assim. Nem tanto ao mar nem tanto à terra.
Acredito que por imperícia das pessoas envolvidas nesse projeto de modernização do futebol, muitas declarações foram entendidas de maneira torta pela opinião pública. Isso acabou criando um barulho imenso sobre algo que ainda é apenas virtual. Com a falta de inteligência e sensibilidade de dirigentes e marqueteiros do futebol em suas declarações criou-se muito barulho por quase nada. Usaram a pesada palavra “elitização”. Mostraram falta de tato e precipitação.
Na minha humilde opinião, o futebol brasileiro como negócio e espetáculo deve ser realmente repensado. Como torcedor do Atlético, clube que está na vanguarda de nosso cenário, não poderia ter outra opinião a não ser uma favorável a modificações que possam existir. No Atlético nos modernizamos antes de todos e o resultado está aí: Arena, CT do caju, revelações de base, títulos, dignidade.
Mas que essa modernização seja um projeto sério em prol do futebol, que deixe os estádios cheios. Pessoas que se utilizam de uma parafernália verborrágica falam que vai começar uma discriminação social. Ela já existe. Muitas mulheres gostam de futebol e não vão aos estádios. Idosos e idosas também não. Crianças são poucas. Grande parte da classe média também não freqüenta os estádios. Por que essas pessoas são excluídas? Porque não se sentem à vontade para ir ao campo. Gostariam muito, mas temem a violência, evitam o desconforto dos estádios, a falta de infra-estrutura. Não querem ter que comer comidas sem higiene, tomar bebida quente, usar banheiros horrivelmente sujos. Não querem ver brigas, entrar em empurra-empurra, serem pisoteados, mal tratados. De que adianta um campo como o “chiqueirão verde” lotado de pessoas pagando R$ 10,00 e se submetendo a usar um banheiro que é apenas uma parede cheia de urina? A tomar chuva, comer mal, ser empurrado e intimidado por trogloditas bêbados?
O futebol é um esporte nobre, amado por todas as classes sociais. É demagogia barata se dizer que é só do povão. Isso foi uma mentalidade criada nos tempos da ditadura militar, quando se construíam imensos estádios no Nordeste e Centro-Oeste do Brasil, para se colocar uma massa de farrapos desdentados se divertindo enquanto se desviava a atenção das barbaridades que se faziam no Brasil. “Panis et Circensis”. Devido a sua triste realidade o povão se acostuma às precárias instalações. Mas é preciso mudar isso. O país está mudando. Tenho esperança de não ver mais desdentados em estádios lúgubres. Sonho com pobres menos pobres. Não com falsa caridade de se encher de gente os estádios por 5 Reais. Mas com uma massa cada vez maior de gente com condições de pagar o espetáculo.
O futebol é caríssimo. É impossível manter-se um clube só com venda de jogadores. É uma opinião hipócrita ser contra comércios variados nos estádios. É hipócrita não querer que alguns ricos deixem uma bela grana com o clube. É hipócrita não querer valorizar o espetáculo. Se uma venda organizada de carnês a preços mais baixos que nas bilheterias for feita com sucesso, veremos os estádios cheios. E estádio cheio é a festa mais bonita do futebol. Carnês com preços especiais para sócios de torcidas organizadas também podem ser feitos, afinal eles fazem parte do show. Com os estádios cheios, o público excedente poderá acompanhar boas transmissões pela TV, que mostraria mais jogos. A verba de transmissão aumentaria, sobraria mais dinheiro para trazer e manter craques nos clubes. Quem sabe, o futebol torne-se viável, porque do jeito que está não o é. A TV tem que “comer na mão” dos clubes, não o contrário.
Nós torcedores temos que ajudar nosso clube. Comprar carnê e ir a campo sempre que possível. Com o time bem ou mal. O clube dará em troca boas instalações, higiene, segurança, vitórias e títulos. É uma relação mercantil. Paga-se e recebe-se. Vamos parar com essa história de que estão querendo roubar o futebol das mãos do povo. Um polêmico colunista crítico contumaz da administração do CAP fala que os ingressos da Copa da Alemanha foram barateados. Mas que ninguém se engane que estão baratos. Acontece que na última Copa os ingressos ficaram caríssimos devido ao alto poder de compra dos asiáticos. Apenas vão voltar ao normal. E Copa do Mundo é um capítulo à parte, é o show do futebol que dura apenas um mês. Não pode ser base de comparação. Estamos falando em algo para ser viável durante um ano todo.
Mas não sou a favor que se arranque a pele dos torcedores. Precisa-se achar o meio-termo. O preço justo. Um preço que seja uma contribuição honesta dos torcedores com o amado clube. Tenho duas cadeiras na Arena que raramente uso, porque prefiro assistir o jogo no andar de baixo, mais próximo ao campo e a Fanáticos. E também porque moro em outra cidade atualmente. Mas pago a mensalidade religiosamente. Só para ajudar meu querido CAP. Se tem uma coisa que sou contra é a setorização. Na Arena por exemplo, não tem lugar melhor ou pior para se ver o jogo, já que é bom de ver de qualquer lugar. Não é justo se pagar menos ou mais.
Acho que deve-se tirar a discussão da modernização do campo da luta de classes. Isso é demagogia. A situação de penúria do nosso sofrido povo é outro assunto. É papo sociológico. O que queremos é estádio cheio. De crianças, velhos, mulheres, gente de todo o tipo, curtindo o seu time em harmonia. Na Arena, a pioneira, já se vê um pouco disso. Mas em vez de 9.000 de média de público, poderia ser 30.000. O Atlético tem mais uma vez a chance de sair na frente e mostrar o caminho a ser seguido, um que seja bom para todos. Mas antes disso, seus marqueteiros precisam trabalhar mais e falar menos besteira. Não é mesmo, cara pálida?
Saudações Rubro-Negras aos torcedores do Clube mais moderno do Brasil.
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