O “bambi” diferido

Alguém já afirmou alhures que todo o homem “é apenas um cadáver adiado”.

Desse conceito verdadeiro, pode muito bem derivar outro: “o Dagoberto, já de há muito, é um bambi adia-do”. Ele é um bom jogador, sem dúvida, mas, em termos de e-fetividade, rendimento e custo-benefício para o Clube Atlético Paranaense, jamais significou qualquer relevante importância. No caso, o prejuízo será apenas financeiro; aliás, principalmente, pelo quanto foi investido na mídia até hoje para transformá-lo em craque (matérias pagas), coisa que ele não é e nem nunca será.

Dentro de poucos dias – finalmente, graças ao nosso bom Deus – o “tim-tim duovizinhense” vai fixar domicílio na paulicéia.

Aconselho-o a residir na região dos Jardins, ou, no máximo, em Moema, pois, fora daí, a barra pesa por lá. Itaquera ou Jaçanã, nem pensar. Ah, cuidado com a torcida do “Parmêra”, pois até onde eu sei, o Centro de Treinamento do São Paulo é ao lado do CT do “verdão paulistano”, lá na Barra-Funda. Quando for ao Morumbi, vá pela Rebouças e não ande de carro com os vidros das janelas abaixados. De madrugada, não pare em sinaleiros (faróis, como eles dizem por lá). Caso vá conhecer o Metrô, escolha o trajeto Tietê-Jabaquara, pois é o mais seguro. Jamais diga a ninguém por lá que o Rogério Ceni (ou Seni) – até hoje não se sabe qual é a grafia certa- nasceu em Pato Branco, pertinho de Dois Vizinhos, sua terra natal, pois o Rogério não gosta que façam propaganda de suas origens mais remotas. Que você esqueça o Clube Atlético Paranaense e omita dora em diante que a ele tudo deve, riscando-o simplesmente da sua biografia, tudo bem; só não vá negar ao depois as suas próprias origens, combinado? É que o pessoal de Dois Vizinhos, principalmente o da cidade-sul, jamais iria perdoá-lo por isso.

Finalmente, faça-nos um grande favor: quando for visitar parentes em Dois Vizinhos – caso você vá – tome um avião de Congonhas direto para Foz do Iguaçu e, de Foz, vá de carro até Dois Vizinhos; quando retornar, faça o trajeto inverso. O quanto possível, nunca mais sequer passe por aqui, nem para jogar pelo seu amado “Tricolor da Barra-Funda” – se for o caso, simule uma contusão ou coisa que o valha, pois você é PHD nisso, e fique por lá.

É, irmãos rubro-negros, tinha mesmo razão o filósofo Platão quando disse certa feita: “O ouro e a virtude são como dois pesos colocados nos pratos de uma mesma balança, de maneira que um não pode subir sem que necessariamente o outro desça”. Tanto pior será se o cara naturalmente já não possuir muitas virtudes, independentemente do ouro. Parece ser o caso; aliás, com certeza, é o caso.