Objeto de inveja

A ascensão do Atlético tem um preço alto. Principalmente depois da inauguração da Baixada, não foram poucos os que tentaram desvalorizar o estádio, menosprezar a sua arquitetura, a sua beleza e o seu conforto. Não chega a surpreender. Esse tipo de sentimento não é novo, e tem nome: inveja. Deixo de mencionar os nossos inimigos locais. Faz pelo menos dez anos que eles vivem nas trevas, sofrendo cada vez que chegamos a uma decisão. São recalcados, apenas.

O fato é que, de uns tempos para cá, nós nos tornamos pedra no sapato dos times paulistas. A reação seria mesmo inevitável, e vem com a empáfia daqueles que não admitem o novo. A Baixada é um objeto de desejo de muitos clubes. Por isso sofre tantas interdições – a maioria delas sem nenhuma justificativa razoável. Os copos de plástico que arremessamos em campo são tratados como ameaça à segurança pública. Enquanto isso, São Januários, Morumbis e Pacaembus continuam sediando partidas de um futebol que se diz profissional. O raciocínio dos nossos adversários parte de uma constatação primária: “se nós não conseguimos fazer nada parecido, melhor destruir quem ousou, nivelar tudo por baixo”. Eis o que recomenda a mediocridade reinante.

No caso que envolve o SPFC e a decisão da Libertadores, a inveja está acompanhada do medo. Não é à toa que a direção do aristocrático clube paulistano vibrou com a transferência do jogo para o Beira-Rio. Aqui, no solo sagrado da Baixada, eles viveram alguns dos seus piores momentos na história recente. Desceram ao inferno. Agora, suas pernas tremem quando pensam no retorno. Por isso tanto empenho em fugir do “meio-estádio”. Deixe estar. Porto Alegre nos espera. Vamos para lá, lutadores de sempre, cumprir o nosso destino de grandeza.