Parecia a Arena – mas não um Caldeirão

A torcida gritava “Furacão, Êooh, Atléticooooôô”. Parecia que estávamos na Arena. Mas não era a Arena. E podíamos ouvir também: “A-tlé-ti-côô, A-tlé-ti-côô, A-tlé-ti-côô” Mas não era a Arena. A multidão vestida em vermelho e preto, incentivando o furacão parecia algo como o Joaquim Américo. Mas não era a Arena.

Era um diabo de “campo neutro”. Era o Beira Rio, em Porto Alegre. Se 700 km de distância não impediram que milhares de atleticanos fossem ao jogo, alguns metros a mais (bem mais) de distância do campo entre a torcida e os jogadores mostravam que não era a Arena. Que era um campo neutro.

E neutro ficou o time de Antônio Lopes. Sem se sentir em casa, a equipe comandada pelo capitão Marcão não pressionou o São Paulo como deveria e, com certeza pressionaria, caso o jogo fosse na Arena. Infelizmente, sou forçado a dizer que Rogério Ceni mal tocou na bola. Nem mesmo no gol de Aloísio ou nas outras duas únicas oportunidades que tivemos de gol nos 90 minutos.

O tricolor paulista estava dominado, é verdade, no primeiro tempo. Coisas de erro na marcação. De posicionamento tático. Que foi corrigido no intervalo, de forma competente pelo seu treinador Paulo Autuori

O Atlético, ao contrário, mudou o posicionamento de Marcão – que saiu da ala esquerda e foi jogar no meio, deixando espaços para o perigoso Cicinho. Aliás, o capitão atleticano exagerou nas firulas.

E talvez a chuva gelada tenha congelado 02 importantes jogadores e por isto não tivemos jogadas articuladas. Fernandinho e Fabrício simplesmente não apareceram no jogo do Beira Rio. As criações das jogadas de ataque tinham que passar pelos alas Marcão e Jeancarlos. E isto foi muito pouco.

Assim como congelou a cabeça de Adauto que fez uma falta desnecessária e correu para não marcar ninguém na área atleticana, posicionando-se muito mal a ponto de “cabecear” para dentro do próprio gol atleticano, uma bola excepcionalmente defendida pelo goleiraço Diego.

Ficou o gosto amargo de “uma viagem perdida”. Levar chuva, frio e passar pela correria do dia num meio de semana teria valido a pena se a vitória tivesse vindo. Mas não era a Arena. E o time viu isto. Sentiu isto, apesar dos esforços da torcida. Apesar de, até, se parecer com a Arena. Mas não era.

Os dirigentes do São Paulo sorriam mais ainda com o resultado. Sabiam que se fosse na Arena o resultado seria outro. E a “operação fuga” deu certo. Resta agora, surpreender estes dirigentes e vencer ou no mínimo empatar o jogo de quinta-feira. Se o Uruguai calou um Maracanã lotado, contra uma favoritíssima seleção brasileira, por que não silenciar um Morumbi? Jogamos no Beira Rio, como se fosse a Arena. Mas não era um caldeirão. Agora, vamos jogar em São Paulo como se fosse o Morumbi (e é), mas como se fosse o jogo da vida de cada um destes jogadores. Com raça! Como se fosse o jogo da vida do Atlético-PR.