Perfeição

Perfeição. Esta é a palavra que pode sintetizar o que foi a apresentação do Clube Atlético Paranaense na histórica noite de 15 de junho de 2005, na cidade paulista de Santos. Sem dúvida alguma, a melhor partida deste time no ano. O técnico Antonio Lopes deu uma aula ao seu companheiro de profissão, Gallo. Este, coitado, penava para modificar o estilo de jogo do seu time, enquanto o furacão mantinha a mesma pegada e disposição tática, ao longo dos 90 minutos.

A noite começou com a notícia de que vários atleticanos seguiam para Santos, acreditando na classificação para uma inédita semifinal da Libertadores da América. Quase como aquela partida em São Caetano do Sul, pude sentir que tínhamos um clima muito bom para o jogo, enquanto Fanáticos e nem tão fanáticos seguiam na estrada e aeroportos rumo à Vila famosa levando seus pés quentes e já calejados de conquistas anteriores.

Os que não puderam seguir, não lamentaram ter que acompanhar pela TV o show tático de uma equipe tecnicamente inferior, mas muito disciplinada e jogando em cima do erro do adversário. Se o Santos estava desfalcado de Robinho e Leo, o Atlético desde o início da competição não pôde contar com Dagoberto e Denis Marques.

Dona Elza, esposa do estrategista da noite, profetizava a vitória rubro-negra a ainda incrédulos repórteres da televisão fechada. Bentida boca, D. Elza. Assim como é bendito o santo da medalha que Antonio Lopes beijou pelo menos duas vezes (nas comemorações dos gols atleticanos).

Assim como é bendito o grandalhão Aluísio que fez 02 gols importantíssimos (talvez os mais importantes de sua carreira até o momento). O atacante, por sinal, esteve à beira da perfeição. Fez gols e serviu os companheiros para sair de campo reclamando que ainda podia fazer mais, mesmo com cãibras.

Como sempre, Diego fez ótimas defesas, especialmente quando o placar ainda era igual ou mesmo quando a vantagem era mínima. A defesa, por sua vez, se comportou muito bem, auxiliada pela marcação do meio de campo comandados pelos guerreiros Cocito (que até passe de letra arriscou) e Marcão.

Os lances perigosos do peixe eram produzidos mais pelos abraços que eram dados pelos nossos defensores nos seus atacantes. Mas pênalti hoje em dia, não quer dizer gol. E sim chance de gol. Simon, que é um excelente árbitro (e um verdadeiro talismã atleticano) pode até ter errado na não marcação de um ou mesmo dois pênaltis, mas o furacão mereceu a vitória – indiscutível até entre os santistas.

E a perfeição tática deu lugar a um baile. Um olé ecoado pela torcida rubro negra presente à Vila Belmiro, numa demonstração mais que evidente da superioridade de um time pelo outro.

Os 4 minutos de acréscimos chegaram até a ser lamentados pelos torcedores paranaenses. Deveriam ter sido 8 ou mesmo mais 90, pois era fantástico ver aquele time jogar. O segredo foi revelado ao final da partida pelo nosso goleiro Diego. A preleção da comissão técnica motivou ainda mais a equipe que ficou duas semanas distante da família, no CT do Caju para jogar “o jogo da vida” contra o Santos. Não sei se foi o jogo da vida – até porque teremos mais 02 jogos da vida para chegarmos aos outros 02 (estes sim) jogos de todas as vidas dos atleticanos. Mas, sem dúvida alguma, este jogo foi o jogo da perfeição.