Tenho lido aqui no ‘Fala, Atleticano’ diversas opiniões sobre o Nei agora que se aproxima o momento do término do contrato deste.
A mim não convence esta conversa de ingratidão ou o repertório de manifestações ofensivas ao jogador caso deixe de vestir a camisa rubro-negra e vá para outro clube.
Trata-se de atleta de futebol profissional assessorado e secundado por pessoas que visam acima aquilo tão perseguido por todos nestes tempos bicudos e frenéticos: grana!
Ora, esta estória de gostar do Clube, CT maravilhoso, se emocionar com a torcida no estádio, tecnologia de ponta em medicina desportiva, tratamento a pão-de-ló, tudo cede espaço ao poder do vil metal.
Serve o improviso de um campo treino emprestado de algum clubinho amador ou até uma cancha de areia, desde que em troca haja um bocado de dinheiro a mais para ser ‘administrado’ por empresários, procuradores e geralmente uma penca de familiares inertes e ávidos que se grudam nos jogadores, triste realidade.
Nei trata-se de um jogador mediano, sem maiores predicados técnicos. Uma vaga lembrança do que foi um Reginaldo ‘Cachorrão’ ou de um Detti (para os mais antigos). Mas menos, muito menos que os citados.
Nosso coringa apenas transparece mais esforço que os colegas (fato que deveria ser visível e obrigatório em todos) porque hoje em dia é raro.
E tal é absolutamente normal, deriva da natureza do jogador. Na Ponte Preta, de onde veio, a retórica era exatamente a mesma, os recursos da mídia moderna estão aí para comprovar.
E este momento é de apostas e blefes, e cá comigo, não creio que as propostas aí de fora, no mercado interno e externo, sejam tão atrativas para um lateral/zagueiro apenas vigoroso e esforçado.
Se o CAP é este primor de organização e planejamento que tanto falam, deve se concluir que o valor de um Nei, feitas todas as contas – novesfora treisveiz – é no MÍNIMO, o valor acumulado da inflação real pelo tempo de contrato ora vigente.
No MÁXIMO a variação de aumento do preço dos ingressos que a diretoria impôs aos torcedores, para estabelecer um paradigma de proporcionalidade.
É algo intermediário entre quinze e quarenta por cento. Bastante razoável. A massa trabalhadora no país não é contemplada por tantas benesses.
A propósito, para quem não sabe, possuímos Sindicatos de Atletas Profissionais de Futebol, mas estes não dispõe minimamente de uma Convenção Coletiva de Trabalho.
Falta de interesse ou conveniente ausência de regras melhor definidas?
Está na hora também de se criar uma representação forte e organizada dos clubes formadores e empregadores do futebol para a regulamentação das coisas situadas neste universo.
Como também emendar urgente – ou criar outra em substituição – a Lei Pelé ora vigente porque mostrou-se inadequada.
Evitar-se-iam estas práticas abusivas e rapineiras – e que a meu ver não são de mercado – cujos efeitos e consequências atingem a todos.
Um Nei vale a exata medida entre aquilo que sua assessoria pensa que ele vale e aquilo que aqueles que lhe pagam acha que ele merece receber.
Em conclusão, puxando alguma coisa de Keynes (vulto histórico do pensamento econômico, se é que me lembro das lições do primeiro ano da faculdade), para um futebol barato e mediano, quase barato, uma justa valia.
O que passar disto é caro.
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