10 out 2019 - 1h59

O preparador por trás das convocações

Dias atrás destacamos a convocação de Santos, juntamente com Weverton, para a seleção brasileira.

A convocação de ambos é um reflexo do trabalho dos atletas e do momento que vivem em suas carreiras.

Mas por trás da convocação destes dois grandes goleiros, um terceiro personagem se destaca.

O preparador de goleiros Luciano Oliveira Junior também fez parte dessa caminhada e a furacao.com trouxe alguns detalhes exclusivos desta história.

Luciano foi preparador de goleiros do Athletico durante seis anos, entre 2013 e 2018, e fez parte do dia a dia dos goleiros que hoje vestem a amarelinha.

P: Como foi o início do seu trabalho com eles (Santos e Weverton) em 2013?

R: Quando eu cheguei em 2013 o Weverton já era o goleiro do time principal e o Santos fazia parte do primeiro ano do projeto da equipe sub-23 no campeonato paranaense. O Santos só veio treinar comigo depois do estadual, mas antes mesmo disso acontecer ele já demonstrava uma vontade muito grande de se aperfeiçoar. Sempre que podia ele aproveitava para dar uma passada no campo do principal e assistir o meu treino com eles. Até hoje eu ainda brinco com o Santos dizendo que ele queria saber o que iria enfrentar quando chegasse a vez dele. Já o Weverton eu cheguei a indicar como contratação quando eu ainda estava no Vitória em 2011. Acabou não dando certo, ele foi para a Portuguesa e depois nós nos encontramos no Athletico. Com ele eu sempre comentava: “ainda bem que não deu certo daquela vez, era pra gente se encontrar aqui (no Athletico) e fazer história”.

P: E como foi o convívio de vocês nesses seis anos no CT do Caju?

R: O convívio era muito bom. Eu tive uma ótima relação com eles e tenho até hoje. Apesar de ser um grupo pequeno, com três, às vezes quatro jogadores, eles estão brigando por uma única posição. Eu sempre falei que apesar disso eles tinham que trabalhar com lealdade, com amizade entre eles e foi isso que aconteceu. Eles tinham a consciência da qualidade um do outro e isso ajudava no trabalho pois eles estavam sempre buscando se aperfeiçoar. Foi um período de muito aprendizado para eles, mas principalmente para quem estava subindo na época, como o Santos e o Rodolfo.

P: Quando você chegou o Weverton já era um atleta com relativa experiência. Como foi a transição do Santos para o profissional?

R: A gente sabia da qualidade do Santos e com o passar do tempo ele foi evoluindo com a gente (elenco principal). Ele e o Weverton tinham personalidades muito distintas. O Santos era na dele, não falava muito, mas é um cara muito inteligente e está sempre observando. Já o Weverton era um cara com casca, com uma certa bagagem. Ele tinha uma personalidade forte, mais falante, muito brincalhão. Ele sempre comentava comigo que o Santos era um ótimo goleiro e foi isso que ele demonstrou quando teve chance. O Santos trabalhou com muita humildade e respeito nestes anos como reserva do Weverton, não só respeitava a titularidade do Weverton como também nos ouvia quando conversávamos com ele. Não foi atoa que em todas as oportunidades que apareceram em 2016, principalmente durante a convocação do Weverton para a seleção olímpica, ele sempre era o escolhido.

P: Com a saída do Weverton o Santos assumiu a titularidade em 2018, mas ele não se firma logo de cara. No começo do ano passou por um momento de oscilação, inclusive sendo contestado pela torcida em alguns momentos. Como o Santos lidou com isso?

R: Eu acho que essa oscilação dele no começo foi a soma de vários fatores. O Santos vinha de boas apresentações e se criou uma expectativa muito grande em cima dele. Mas uma coisa é você substituir alguém temporariamente, em uma convocação, suspensão, outra é você assumir a posição. Emocionalmente são situações completamente distintas, ainda mais substituindo o Weverton no momento que ele saiu, com status de ídolo com a torcida e uma medalha de ouro olímpica inédita. Além disso o Athletico começa 2018 com o Fernando Diniz, fazendo com que o Santos tivesse que se adaptar a um sistema de jogo muito diferente do que ele estava acostumado. E mesmo assim ele se mostrou acima da média, ele absorveu o novo esquema de jogo com muita rapidez. Inclusive, ele errou muito menos do que a gente esperava nesse novo sistema. O Felipe Alves (goleiro que foi trazido por Diniz) foi muito importante também para acelerar essa adaptação.

P: Como foi para você saber da última convocação da seleção e ver o nome do Santos e do Weverton na lista?

R: Cara, foi um dos dias mais felizes da minha carreira. Eu tinha acabado o treino aqui (no Barradão) e coincidentemente estava conversado com o Gedoz (Felipe) sobre o título do Athletico (Copa do Brasil) e alguns atletas da equipe.  Ainda falei para o Gedoz que não seria nenhuma surpresa se logo mais o Santos aparecesse na convocação do Tite. Eu não estava muito atento e nem sabia que naquela sexta (20 de setembro) tinha convocação. O Gedoz saiu e voltou com o celular para me mostrar que não só o Santos mas também o Weverton tinha sido convocado para a seleção.
O momento que eles vivem hoje não é coincidência. Foi tudo planejado por muito tempo. Eu dizia para eles que eu era um vendedor de sonhos, que o sonho de chegar na seleção era possível, mas que as coisas não acontecem por acaso. Eles iriam precisar se dedicar e trabalhar muito. E hoje eles estão lá, juntos. E eu estou extremamente feliz por eles terem alcançado esse sonho.

P: Apesar do ótimo trabalho que você fez nesses últimos anos no Athletico, e para a surpresa de muitos, você acabou sendo desligado do clube no início de 2019. Quais foram os motivos da sua saída?

R: O que me foi comunicado era de que o clube estava passando por uma reformulação no departamento de futebol, que eu havia feito um ótimo trabalho e deixado um grande legado na história do clube, mas que o meu ciclo na equipe tinha acabado. Eu não concordo, acho que pelo momento que o clube vivia e por tudo que havia sido conquistado eu merecia muito mais um aumento do que uma demissão (risos). Acredito que eu ainda tinha muito a oferecer para o clube, mas eles não enxergavam assim. Não contestei, pois quando me contrataram eu não perguntei porque me escolheram ao invés de outro profissional.



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