23 out 2020 - 0h27

Os encontros de Pelé com o Furacão

Maior nome do futebol mundial, o rei Pelé completa nesta sexta-feira (23/10) 80 anos. Em sua brilhante carreira com 1.232 gols marcados, apenas um foi diante do Furacão: em 11 de novembro de 1973, pela primeira rodada da segunda fase do Brasileiro, na vitória santista por 1 a 0.

Dos mais de 1.300 jogos que disputou, o eterno camisa 10 da seleção brasileira, do Santos e do coração de todos os brasileiros atuou três vezes contra o Athletico: a primeira vez em 28 de outubro de 1970, na vitória atleticana por 1 a 0; e mais dois jogos em 1973: em 16 de setembro, quando o Santos venceu por 2 a 0 e em 11 de novembro, na vitória santista por 1 a 0, com gol do rei.

Infelizmente, nos três jogos que atuou diante do Athletico, nenhum confronto no Joaquim Américo, fato que o próprio ex-atleta lamentou não poder incluir no currículo. “Eu sempre falei para o Galvão (Bueno, narrador da Rede Globo) que queria jogar aqui. É uma pena eu não ter quarenta anos a menos”, revelou em visita ao estádio atleticano em 2006, quando inaugurou o Instituto Pelé Pequeno Príncipe. “Isso é impressionante. O Santos poderia ter algo parecido. É uma pena eu não poder jogar aqui”, disse na oportunidade, ainda com a Arena bem diferente do que é atualmente, mas que já encantava até mesmo o maior nome do futebol mundial. [relembre a matéria original publicada na Furacao.com em 2006: Pelé: “Eu queria jogar na Baixada”]

Pelé recebeu homenagem do Athletico em 2006 [foto: Furacao.com/Giuliano Gomes]
Hoje, nesta data tão especial para Pelé e para o futebol brasileiro, a Furacao.com tem o prazer de relembrar dois momentos marcantes do Athletico contra o tão temido “Santos de Pelé”. Foram duas vitórias emblemáticas e inspiradoras: o triunfo por 1 a 0 há quase 50 anos, em 28 de outubro de 1970, meses após Pelé conquistar o tri com a seleção, num jogo pelo Torneio Roberto Gomes Pedrosa com recorde de público no estádio Belfort Duarte; e a outra em 08 de setembro de 1968, também pela Taça Roberto Pedrosa, na Vila Capanema, quando o Santos de Carlos Alberto Torres, Clodoaldo, Pepe e Edu – mas sem Pelé, vetado na véspera por condições médicas – parou diante de um Athletico vibrante, inspirado e consciente, com vitória rubro-negra por 3 a 2.

Relembre esses dois momentos mágicos da trajetória atleticana, que tanto nos orgulha e nos faz entender porque as glórias do passado não podem jamais ser desprezadas e esquecidas!

Um dia de rei – matéria originalmente publicada na Furacao.com em 13 de junho de 2005

Cejas; Carlos Alberto, Ramos Delgado, Marçal e Rildo; Clodoaldo e Nenê; Davi, Douglas, Pelé e Abel. Sem dúvidas, quem viu essa escalação em 28 de outubro de 1970 imaginaria que o Santos não teria muitas dificuldades para vencer o Atlético, pelo Torneio Roberto Gomes Pedrosa. Afinal, a equipe paulista era um time recheado por atletas que haviam conquistado há pouco o tricampeonato mundial pela Seleção Brasileira, quase imbatível. Quase. Porque naquela noite de quarta-feira, o Rubro-negro aliou garra e aplicação tática para superar o todo-poderoso Santos, do Capitão do Tri Carlos Alberto, do eficiente Clodoaldo e do Rei Pelé. Os dias que antecederam ao confronto foram cercados de expectativa. Curitiba parou para ver o Rei do Futebol desfilar. O jogo, evidentemente, era rotulado como “Atlético contra Pelé e cia”. O público no Estádio Belfort Duarte foi surpreendente, com uma arrecadação recorde até então de Cr$ 143.800,00. E se a maioria dos presentes foram ao estádio para ver Pelé, saíram de lá aplaudindo a atuação do goleiro Wanderley, que recebeu inclusive elogios do atacante santista após o jogo. Sim, Wanderley foi uma verdadeira muralha. O outro herói da noite foi Dorval, autor do único gol do jogo.

Raça e determinação

“A grande vitória – jogando com muita garra e com um sistema defensivo rígido, a representação do Atlético Paranaense conseguiu ontem à noite, no Belfort Duarte, uma grande vitória contra o Santos, pela contagem mínima”. Foi dessa maneira que o jornal Gazeta do Povo resumiu o triunfo atleticano no dia seguinte à vitória do Rubro-negro por 1 a 0.

O nome do perigo, todos os atleticanos sabiam de cor. E para não deixar Pelé jogar, o Atlético entrou em campo com um bloqueio bem armado. Nair tinha a função de fazer o primeiro combate e Gibi ficava na sobra. Além da segurança na defesa, o Atlético contava com a boa sintonia entre a zaga e o meio-campo. Foi essa a fórmula encontrada pelo Furacão para conseguir a vitória.

O Atlético iniciou o jogo de forma decisiva. Logo no primeiro minuto de jogo, Liminha perdeu um gol na cara do goleiro Cejas. Aos 11 minutos, o Atlético conseguiu o que tanto queria: Dorval fez boa jogada pela ponta e tocou para Sicupira, na entrada da área. Ramos Delgado tentou cortar levantando demais o pé. O árbitro Arnaldo César Coelho marcou o jogo perigoso. Sérgio Lopes cobrou curto para Dorval, que atirou de primeira e rasteiro. A bola desviou na barreira e enganou o goleiro santista, entrando no canto esquerdo – 1 a 0 Atlético.

Pelé e o “Santos de Pelé” em ação contra o Furacão: três confrontos e muita história! [imagens: reprodução/arquivo]
No restante da partida, o Atlético teve ainda outras quatro boas chances de marcar o segundo. No mais, o domínio da bola era totalmente do time visitante, que tentou de todas as maneiras chegar ao gol. O que o Santos não esperava era uma barreira humana tão eficiente. Quando não era a zaga que cortava, era o goleiro Wanderley que praticava excelentes defesas. Com tenacidade, eficiência e boa cadência, o Atlético não deu chances ao Santos sequer de conseguir o empate.

E quando o árbitro Arnaldo César Coelho apitou o fim do jogo, o que parecia difícil aconteceu. Sim, o Atlético venceu o todo-poderoso Santos de Pelé. E para chegar ao trunfo, o time Rubro-negro apostou na vontade, na determinação e aplicação tática de seus atletas. Com superação e encarando a mística do clube de que a camisa Rubro-negra só se veste por amor, Wanderley, Hermes, Gibi, Alfredo, Julio, Nair, Sérgio Lopes, Dorval, Sicupira, Liminha, Nelsinho, Peter e Toninho provaram, em campo, que a palavra impossível não existe no vocabulário atleticano.

O dia que o Furacão derrotou o “Santos de Pelé” – matéria originalmente publicada na Furacao.com em 01 de junho de 2005 e repostada em 03 de julho de 2017

Era setembro de 1968 e o adversário do Rubro-Negro, na Vila Capanema era ninguém menos que o “Santos de Pelé”. Mas quiseram os deuses do futebol que o placar da reta do relógio, que até hoje permanece na Vila, apontasse de forma majestosa: Atlético Paranaense 3 x 2 Santos. Sim, o Santos de Edson Arantes do Nascimento perdeu para o Furacão da Baixada!

Era 08 de setembro, num jogo pela Taça Roberto Pedrosa de 1968. Na véspera do jogo, o personagem principal do time santista foi vetado por condições médicas. Mas nem isso apagou o brilho da vitória atleticana, classificada na época como “de lavar a alma”. “Não se pode aceitar como válida a tese de que o Santos sem Pelé não é o mesmo Santos. Talvez toda a sua gama extraordinária de um gênio do futebol permita que ele traga a intranquilidade ao time oponente. Mas, também não é menos verdade que o quadro santista possui astros de grande gabarito”, definiu o jornal Gazeta do Povo após o confronto.

E não é para menos. Na equipe santista desfilavam astros como Carlos Alberto Torres, Clodoaldo, Pepe e Edu, todos com passagem pela Seleção Brasileira. Naquele ano, o Santos conquistaria o título do Robertão com uma campanha de 19 jogos, 12 vitórias, 4 empates e apenas 3 derrotas. Uma delas foi justamente diante do Furacão.

Para superar o adversário, o Rubro-negro usou de uma arma que é típica de sua essência. Nem o Santos esperava, mas encontrou um Atlético vibrante, inspirado e consciente de que poderia jogar o futebol que o colocou entre as grandes equipes do futebol brasileiro. Além disso, o time contou com o apoio de 20 mil torcedores fanáticos – num dos maiores públicos da história da Vila Capanema. Foi o que incentivou o Rubro-negro a vencer pelo placar de 3 a 2 naquele ano.

Vitória histórica

A Vila Capanema recebeu mais de 19 mil pagantes para aquela tarde de domingo, dia 8 de setembro de 1968. Muitos dos presentes estavam entusiasmados com o time “de Pelé e sua gente”. Mas, durante os 90 minutos da partida, foi outro Santos, Djalma Santos, que comandou a brilhante vitória atleticana.

O time paulista começou melhor o jogo, levando vantagem com o constante apoio de seus laterais. Aos 15 minutos, numa boa movimentação do ataque santista, Clodoaldo tocou para Negreiros, que arrematou forte. O goleiro Célio fez a defesa parcial, mas, no rebote, Toninho chutou para abrir o marcador para os visitantes.

Ainda na etapa inicial, Nilson Borges encostou mais em Nilo e Paulista, com boas triangulações que levaram o Rubro-Negro a provocar dificuldades ao meio-campo santista. Aos 33 minutos, o empate atleticano. Djalma Santos fez boa jogada na direita e cruzou. Ramos Delgado não conseguiu cortar e Zé Roberto cabeceou de cima para baixo, indefensável para o goleiro Cláudio.

Foram nos 20 minutos iniciais do segundo tempo que o Atlético foi arrasador. Praticando um futebol insinuante, prático e objetivo, o time foi envolvendo o até então todo-poderoso Santos. Aos 4 minutos da etapa final, Nilson fugiu pela esquerda e cruzou rasteiro. Cláudio não conseguiu tirar a bola, que sobrou para Gildo. Ele emendou no canto direito, promovendo a virada do Furacão. Doze minutos depois, o lance mais bonito do jogo. Madureira driblou seguidamente Ramos Delgado, Joel, Clodoaldo e Cláudio e, num giro de corpo espetacular, venceu mais uma vez a meta santista, fazendo um golaço que determinava 3 a 1 no placar.

Aos 42 minutos, o Santos ainda diminuiu, com Edu recebendo a bola de Clodoaldo e tocando na saída do goleiro Célio. Mas era pouco. A vitória era atleticana, provando que já naquela época o Rubro-negro usava suas principais forças para superar os adversários: a raça e o espírito do Furacão!

Clique aqui e relembre a matéria do Globo Esporte relembrando esse confronto inesquecível para o futebol paranaense.



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