18 ago 2023 - 17h38

A arte de ensinar

Lecionar não é para qualquer um. O saber, o ser especialista em determinada matéria, em determinada ciência não necessariamente leva diretamente ao caminho do ensino, da correta forma de fazer com que haja a aprendizagem. Tive diversos professores que sabiam muito (para si) mas tinham certa dificuldade em conseguir repassar aos alunos seu conhecimento.

Ensinar é uma arte, é um dom e só se ensina daquilo que se sabe bem, daquilo que se tem domínio.

ARBITRAGEM

Isto posto, basta vermos quem são e quem foram os últimos comandantes da arbitragem brasileira, hoje a cargo do ex-árbitro Wilson Seneme. Antes era Leonardo Gaciba. Como deixar o comando, supervisão, as decisões sobre arbitragem com árbitros que quando na ativa tiveram diversos problemas em cumprir as regras, de interpretação e disciplinares?

Partimos de um princípio básico: o milionário futebol, cada vez mais profissionalizado, segue sendo comandado no Brasil por amadores, por gente que “quebra um galho” fins e meio de semana apitando jogos que valem títulos, que valem vaga em torneios milionários, que valem milhões e que mexem com o coração de milhões de pessoas.

COMANDO DA CBF

Há alguns anos tivemos uma verdadeira invasão de treinadores estrangeiros no Brasil e com especial sucesso de técnicos portugueses. Do polêmico, porém já conhecido Jorge Jesus que formou um verdadeiro esquadrão com o Flamengo em 2019, passando pelo campeoníssimo Abel Ferreira, jovem e ainda construindo a carreira.

Portugal criou uma escola, uma academia de formação de treinadores, formada por pessoas qualificadas no campo teórico/científico mas sem se esquecer da experiência tanto nacional quanto estrangeira para formar seus treinadores não só nos quesitos táticos, de treinamento, de motricidade física dos atletas, mas também abrangendo os aspectos psicológicos, de liderança, hierarquia e entendimento do jogo como um todo.

Os resultados práticos estão aí.

No Brasil temos o eterno retorno da “velha guarda”, os mesmos treinadores há mais de década sendo demitidos de um clube e entrando em outro logo depois, quando não simplesmente trocando treinador do time A pelo do time B que contrata o do time A!

Porém a renovação segue péssima. Pouco vou me alongar em termos nacionais, mas pelo “naipe” dos instrutores fica fácil entender porque a imensa maioria dos treinadores brasileiros é engolida pelos seus pares estrangeiros, tanto nas questões táticas quanto na preparação de suas equipes.

Veja aqui os professores que ministram aulas para a Licença A da CBF.

E O ATHLETICO?

A lista é longa. Escrevi há mais de dois anos sobre o assunto, a respeito da insistência do Athletico em inventar treinadores, por vezes em momentos cruciais da história, momentos de ruptura e se firmar entre os maiores, mas que foram desperdiçados por esse verdadeiro fetiche da direção do clube em insistir em algo que claramente não deu certo.

Antes que citem Tiago Nunes, além dele já ter alguma experiência em clubes menores anteriormente, tornou-se a exceção que somente confirma a regra.

Ademais, o Athletico já deixou claro que ambiciona criar sua própria academia de treinadores de futebol. Mas como ensinar sobre algo que não se sabe fazer? Além do fracasso nas frustradas tentativas de inventar treinadores por aqui, nenhum deles vingou em clube algum saindo daqui. Coincidência?

Relembro ainda que, exceção das conquistas do biênio 2018/19 com Tiago Nunes, todas, absolutamente TODAS as conquistas importantes, campanhas históricas, quando realmente chegamos próximos dos maiores títulos possíveis, éramos comandados por treinadores já rodados, que já tinham histórico vencedor e com estofo para comandar um clube como o Athletico.

Até onde vamos com Wesley, eliminado das duas Copas em casa? Até onde vai a escolinha de treinadores do CAP?



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