25 nov 2009 - 12h11

“Eu peço que o torcedor não pare nem um minuto de gritar”

No próximo domingo, às 17h, o Atlético inicia a luta para permanecer na elite do futebol brasileiro. O jogo contra o Botafogo está mobilizando a torcida atleticana. A Torcida Organizada Os Fanáticos prometeu apoio incondicional durante os 90 minutos. Torcedores “comuns” estão se organizando para comprar adereços e fazer uma festa inesquecível na Arena. Enquanto isso, os jogadores atleticanos treinam e se preparam para a partida mais aguardada do ano.

Para saber como os jogadores estão encarando o jogo, a Furacao.com conversou com o atacante Marcinho, artilheiro do Atlético no Campeonato Brasileiro e um dos mais experientes do elenco. Em entrevista exclusiva ao site, ele contou que todos estão focados e concentrados para fazer uma grande partida no domingo e conquistar uma vitória. Ele revelou também qual foi a frase motivacional que lhe chamou a atenção e servirá como inspiração para esta partida.

Dirigindo-se aos torcedores atleticanos, Marcinho pediu que a Arena esteja lotada no domingo e que a nação rubro-negra não pare de cantar. O atacante acha que isso ajudará o grupo a pressionar o Botafogo durante todo o jogo. Por fim, deixou no ar um compromisso: lutar pela vitória com a mesma intensidade nos dois últimos jogos para garantir também uma vaga na Copa Sul-Americana e voltar “por cima” no próximo ano, com um elenco mais forte e com objetivos mais altos.

Confira a entrevista:

O Alessandro disse que o astral do Botafogo está maravilhoso, que os jogadores estão felizes e focados. E o Atlético, como está para esse jogo decisivo?
Super motivado. O ambiente, depois que o Lopes chegou, é o melhor possível e a nossa equipe está bem consciente do que pode fazer porque as últimas partidas a gente vem jogando bem. Com o apoio do torcedor e com o futebol que temos mostrado nos últimos jogos, queremos uma grande vitória.

Vocês já conversaram sobre o jogo de domingo? Há a consciência de que este é o jogo mais importante do ano?
Tem, muito. No dia a dia, a todo momento, na hora do treino ou do almoço ou até mesmo no vestiário, sempre comentamos sobre esse jogo. Sabemos da importância que é, tanto que os atletas estão se dedicando, fazendo algo a mais dentro de campo para que a gente possa sair com a vitória.

A preparação para esse jogo é diferente ou igual a uma semana normal de trabalho?
É uma semana diferente, pelo momento que vivemos, infelizmente, e por esse jogo ser super importante. É o momento de concentrar mais, aprimorar algo que falta, descansar mais, deixar de fazer algumas coisas, como jantar fora, ir num cinema ou algo assim para que a concentração seja maior para domingo.

Você é um dos jogadores mais experientes do elenco, ao lado do Paulo Baier e do Alex Mineiro. Vocês têm conversado com os atletas mais jovens sobre a importância do jogo contra o Botafogo?
Temos, bastante. Temos uma equipe muito jovem e eu acredito que ganhando no domingo, e aí eu não falo nem em se livrar rebaixamento mas na busca da vaga da Sul-Americana, ano que vem vamos ter uma grande equipe. Por tudo que estamos passando esse ano, os garotos estão amadurecendo, escutam quando eu falo, o Paulo, o Alex, o professor Lopes também, e eles estão adquirindo uma maturidade antecipada ao que seria natural. São garotos que vestem a camisa do Atlético, que se dedicam, que se preocupam com o momento e querem ajudar.

Como o grupo recebeu a “Agenda Positiva”, distribuída pela diretoria aos jogadores e funcionários?
Recebemos com alegria, claro. Estamos ali no dia a dia do treinamento e você vê ali uma tia que trabalha na cozinha, um rapaz que corta grama e eles fazem parte desse projeto, desse momento que a gente vive. Eles torcem pela gente, então tudo isso foi para que todo o pensamento positivo possa vir durante a semana para que domingo a gente busque uma vitória. Eles entregaram bombons com algumas frases e eu anotei uma que me chamou a atenção: “Unir-se é um bom começo, manter a união é um progresso, e trabalhar em conjunto é a vitória”. (*)

O que a torcida pode fazer para ajudar o time a ganhar este jogo?
Primeiro, lotar a Arena realmente, porque é um jogo importante. O nosso pensamento é 90 minutos estar em cima do Botafogo, pressionando, jogando com a força que é a Arena pra nós. Eu peço que o torcedor não pare nem um minuto de gritar Furacão, de nos apoiar. É claro que em alguns momentos vai haver alguns erros, mas tudo isso em prol da vitória. Espero que a gente possa ter uma vitória convincente, sem sofrimento, e o torcedor é super importante.

Neste ano o Atlético tomou vários gols no final das partidas e cometeu muitos erros. Depois de vários jogos, você e outros jogadores disseram que era preciso aprender com os erros. Será que o time já aprendeu tudo que tinha de aprender para não cometer erros primários contra o Botafogo?
Acredito que já aprendeu, mas infelizmente futebol é feito de segundos. Você pode fazer um gol ou levar um gol em 15, 20 segundos. O que a gente cobra é toda atenção tanto do ataque quanto do meio e da defesa. Uma falta de atenção nossa ou excesso de confiança e a gente toma gols que acabam nos prejudicando. É o que eu falo muito para todos: não existe só um capitão, não existe só o Paulo, ou dois, três líderes do elenco. Todos têm que buscar essa liderança dentro de campo. Você pega uma Arena lotada, a gente esta lá na frente, não tem como orientar o defensor. Acredito que a gente vai procurar ser o mais perfeito possível domingo para que os erros não nos atrapalhem em busca da vitória.

Nos últimos jogos, em alguns momentos o Atlético chegou a jogar com três atacantes, mas mesmo sendo ofensivo não marcou muitos gols. Por que essa dificuldade para fazer gols?
Quando começamos o Brasileiro houve uma grande dificuldade. Você pode falar que já passou muitas rodadas, mas a gente sempre estava com o incômodo do rebaixamento, houve muitos altos e baixos, então esse momento que passamos lá atrás está fazendo com que nossa equipe não venha fazer muitos gols. Se tivessémos começado o campeonato bem, passando a confiança pro torcedor e pro técnico, tudo seria melhor. Infelizmente hoje estamos passando por isso em razão de erros cometidos lá atrás, mas espero que domingo os gols não faltem para o nosso lado. A gente até vê comparações com os anos anteriores e esse ano está sendo muito ruim em termos de gols, mas espero que pelo menos os gols dessas duas últimas partidas possam nos dar a vitória.

Em alguns momentos, você declarou neste ano que preferia jogar como meia, mas vem atuando como atacante nas últimas partidas. Já se acostumou?
Já me adaptei. Quando eu comentei isso, foi porque eu nunca quis ser um atleta de tapar buraco. Quando o professor Geninho falou comigo, ele não tinha outra opção para a meia. Mas desde que o Paulo chegou é completamente diferente. O Paulo é um meia nato, que arma e lança. Isso proporcionou que eu me adiantasse um pouco mais, até mesmo pela minha velocidade, pela minha visão. Isso fez com que a gente melhorasse, pudesse estar entrosado. Acho que dos 11 gols que eu fiz, sete ou oito foram de assistências do Paulo. Hoje estou bem adaptado. Se precisar jogar de meia eu jogo, mas hoje eu vejo que o Paulo Baier tem plenas condições.

Você assistiu aos lances do jogo do Botafogo contra o São Paulo? Preocupa enfrentar um adversário que vem tão motivado e embalado?
Vi, sim. Todo adversário preocupa. Agora, a confiança que eu tenho no grupo, que os atletas estão tendo um no outro, por jogar na Arena, com o apoio do torcedor, faz com que a gente não tema nada. A gente acredita fazer uma grande partida. Não importa se o Botafogo vai estar motivado, o importante é que a gente vai estar em casa e vai pressionar o Botafogo em busca da vitória.

Do que o Atlético mais precisa para este domingo: motivação/incentivo ou tranquilidade/paciência?
Eu acho que cobrança tem que existir. Só que no domingo eu espero que o torcedor e nós atletas estejamos caminhando no mesmo caminho. Com o torcedor nos motivando, com certeza nós dentro de campo vamos procurar fazer a nossa parte. Essas duas coisas têm de estar entrosadas.

A torcida do Atlético já viveu esse filme no ano passado e nos últimos anos o time também só tem lutado para não cair. Neste ano, em vários momentos os jogadores pediram o apoio do torcedor, mas algumas vezes a equipe não retribuiu em campo. O que dizer para fazer a torcida acreditar que vale a pena dar mais um voto de confiança e apoio a esse grupo?
Realmente, encher a Arena e estar com a gente. Isso é o que eu peço para o torcedor, para ir em busca dessa vitória e depois da vitória contra o Barueri, para que no ano que vem os atletas e a diretoria possam ir em busca de um elenco para lutar por uma Libertadores e que o torcedor pare de sofrer. Que continue lutando, sofrendo, tendo esse amor pelo time que com certeza a gente volta por cima.

Você chegou a ser criticado em alguns momentos por não ter correspondido às expectativas criadas em torno da sua contratação. No entanto, foi titular em quase todos os jogos do ano, com vários treinadores, e já é o vice-artilheiro da equipe na temporada. Isso é uma resposta aos críticos?
Não, eu acho que cada um tem uma maneira de avaliar. Quando você tem um elenco forte, ele te traz vitória. Quando você procura transferir a responsabilidade para um ou dois, aí é complicado. Nós tivemos um começo de ano com a conquista de um título, mas eu sempre dizia que não era parâmetro para o Campeonato Brasileiro e que as dificuldades poderiam acontecer. Até mesmo pelos altos e baixos da equipe, eu também tive altos e baixos. Mas eu sempre me empenhei, me concentrei e tenho a consciência daquilo que eu posso ajudar o Atlético. É um momento muito mais de colher os frutos que eu plantei. Hoje estou colhendo coisas boas pessoais e é um dos momentos mais felizes da minha carreira. Eu superei as críticas. Claro que alguns sempre vão ter esse pensamento só de criticar, porque é da própria pessoa, ela tem a opinião dela. Mas o importante é que eu nunca me escondi, nunca me omiti, em nenhum momento de dificuldade eu chutei o balde, sempre trabalhei e na minha mente eu nunca desaprendi a jogar futebol, então eu sabia que o momento ia chegar. Em alguns momentos eu fui para o banco, mas a minha atitude foi de falar ao professor Lopes que ia continuar trabalhando pra voltar a ser titular. Conquistei a confiança dentro de campo, nos treinos e nos jogos. Se você for ver, de seis jogos para cá, desde o jogo contra o Sport, eu venho tendo uma regularidade, fazendo gols e vivendo um momento feliz. Mas isso não é resposta não, é trabalho.

No início do ano, você declarou que estava consciente de que precisaria “conquistar seu espaço nos treinos e nos jogos”, que teria de recomeçar a carreira. Que balanço você faz do seu desempenho nesta temporada?
Eu acho que consegui. Primeiro que sempre quando você passa num clube algo tem de ser marcado. Eu consegui esse título depois de três anos sem ganhar, isso é importante. Logo depois, eu fui me firmando, tendo alguns altos e baixos, mas num resumo, até mesmo pelos números, as coisas estão bem melhores. Hoje eu venho me firmando bem, venho readquirindo meu futebol. Quando eu cheguei eu falei isso porque nos dois últimos anos eu tive duas contusões muito sérias, fui para o Japão, fui campeão também, mas o futebol lá é completamente diferente. Vim para o Atlético com um novo desafio, de conquistar a confiança do torcedor, e hoje eu tenho muito mais aspectos positivos do que negativos.

* Frase atribuída a Henry Ford, empresário norte-americano e fundador da Ford Motor Company.



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