Razão e emoção
Tenho acompanhado as manifestações da torcida atleticana a respeito da majoração do ingresso para assistir jogos do time no Estádio Joaquim Américo, carinhosamente chamado por nosso povão de Caldeirão, Baixada.
Infelizmente percebo nas manifestação um distanciamento grande da torcida com a realidade que uma instituição como o Atlético custa hoje em dia para se manter saudável no mercado.
Infelizmente o futebol deixou de ser aquele esporte amador, dominado por paixão, onde um jogador iniciava e encerrava a carreira jogando em uma só equipe e dificilmente vestiria a camisa do arqui-rival.
Hoje os tempos são outros, o esporte virou um grande negócio, onde há o envolvimento de quantias financeiras muito atraentes. Um simples jogador de futebol recebe mensalmente por suas atividades um valor que não condiz com sua formação e cultura, inflacionamos o Futebol.
Os anunciantes pagam um valor absurdo para as emissoras de televisão que garantem seus altos índices de audiência com a transmissão de partidas dos mais diversos campeonatos, entretanto o repasse desta verba para os clubes é mínimo e infelizmente aceito por todos.
Posta estas considerações entre tantas outras que poderiam ser enumeradas, percebe-se que realmente assistir uma partida de futebol de forma presencial virou uma atividade eletizada, não é mais um programa popular como foi outrora e não a perspectivas de voltar a ser em um curto espaço de tempo.
O Povão deve começar a procurar outras alternativas para se distrair ao vivo, ou ir se acostumando a assistir os jogos pela TV. É triste porém esta é uma visão realista dos fatos.
Este mesmo povo que hoje protesta contra os preços para assistir uma partida de futebol, deveria ter protestado muito antes de forma firme quando os salários dos jogadores começaram a se distanciar da realidade nacional.
Este povo que agora reclama das condições que foram criadas deveria procurar protestar contra o baixo salário que recebe, o que dificulta inclusive a moradia e alimentação a nível nacional.
Tem noites que sonho com aquela “baixadinha” antiga, e quem não lembra com emoção do estádio lotado e a galera gritando a plenos pulmão pelo time de Ricardo Pinto, Paulo Rink, Oséas & CIA. Era um momento de êxtase, uma perfeita comunhão entre torcida e time.
Realmente acho que o preço proposto para os ingressos são absurdos para a realidade brasileira, entretanto são necessários para fazer frente as necessidades empresarias que se emanam de uma gestão eficiente e eficaz, sem o que estaremos fadados a virar um time devedor como a grande maioria.
A questão não é o ingresso caro e sim o salário baixo.
O protesto está errado.
Comprarei o pacote e me manterei atleticano, mesmo sentindo a dor do estádio silencioso pela falta do povão gritando e a frigidez e intolerância da aristocracia para com o time.
O momento é delicado e requer mais razão do que emoção para comentários.