Sísifo
Recomeça…
Se puderes,
Sem angústia e sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro,
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.
E, nunca saciado,
Vai colhendo
Ilusões sucessivas no pomar.
Sempre a sonhar
E vendo,
Acordado,
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças.
Sísifo era um homem de talento, tinha astúcia. Mas também era rebelde. Não obdecia aos desígnios dos Deuses. Os desafiava constantemente. E sua teimosa rebeldia lhe trouxe o castigo. Cansado de ser desafiado, Zeus o puniu. Condenou-o a empurrar eternamente uma pedra ladeira acima. E quando o topo da ladeira era atingido, a pedra rolava para baixo novamente. Sísifo foi condenado a trabalhar arduamente, durante toda a eternidade, para nada construir.
Ao final do primeiro Atletiba, realizado ainda no início do Campeonato Paranaense, muitas foram as reclamações contra Mário Sérgio. Lembro-me de ter escrito, neste mesmo democrático espaço do torcedor Atleticano, que era preciso ter calma. Que o torneio acabara de começar e que o trabalho iria ser longo.
Pois bem, desde aquele dia 01.02.04 passaram-se mais de dois meses. Foi realizado trabalho tático/técnico/físico com os jogadores. Um bom trabalho, acredito, pois o CAP chegou à final como único invicto. Favorito e com a vantagem de dois empates.
E aí todo o trabalho foi jogado fora. A pedra, que estava sobre a ladeira veio novamente abaixo. Nossos Sísifos, jogadores, diretoria e, principalmente, comissão técnica, viram a pedra rolar ladeira abaixo. E não fizeram grande esforço para lhe conter a descida.
E agora, após um trabalho sem nenhum resultado, é preciso navamente recomeçar a empurrar a pedra. Um novo campeonato começa na quinta-feira. Resta saber: quem (além da torcida, está claro) será o punido pela rebeldia a arrogância de poucos?
***
Tratando agora das duas partidas finais do campeonato. Gostaria de deixar aqui algumas impressões que tive e algumas dúvidas minhas.
1. Mário Sérgio acovardou-se ante nomes decadentes do futebol como Luis Mário e Aristizábal. Acovardou-se no primeiro jogo, quando, mesmo com dez, poderíamos ter conseguido o empate. Pagamos o preço da covardia do técnico.
2. No segundo jogo Mário Sérgio foi atingido pela soberba. Ao contrário do que alguns disseram, Mário Sérgio não foi covarde ao tirar Jadson, o que lhe acometeu foi excesso de confiança. Julgando que os ervilhas estavam mortos e que o resultado estava garantido, fez substituição desnecessária. Substituição que mutilou qualquer poder de reação do time.
3. Onde estiveram Ilan e Dagoberto durante as finais? Aliás, onde estiveram durante todo o campeonato? Eu não vi. Só sei que já faz mais de ano que nenhum destes dois jogadores têm lugar no Atlético. Aliás, se estes dois jogadores acreditam que são capazes de jogar mais do que estão jogando e que merecem estar em outro time, cabe recordar: a) Ilan amargou bom tempo no banco do SPFC e aquele time não era nenhuma maravilha. Veio ao Atlético em baixa, repatraido e humilhado; b) Dagoberto foi banco da limitadíssima e mascaradíssima seleção pré-olímpica. Foi banco do fraquíssimo Marcel, aliás.
4. Onde estava Marinho? Um jogador que numa final de Copa do Brasil segurou, sozinho, todo o ataque do Corinthians não serve para jogar a final pelo Atlético?
5. O que será feito dos vândalos que depredaram o patrimônio do Clube?
Fico aqui com minhas dúvidas, matutando sobre nosso futuro. Quanto tempo continuaremos como Sísifo?