24 abr 2004 - 1h49

Exclusivo: análise sobre o técnico Zetti

A pedido da Furacao.com, o jornalista Rafael Zochetti, do Jornal de Jundiaí, analisou o desempenho do técnico Zetti, que deverá assumir o comando do Atlético. Zochetti acompanhou de perto a trajetória de Zetti no Paulista, tendo a oportunidade de conferir o trabalho do treinador no dia-a-dia e seu desempenho durante os jogos do clube.

Confira o texto de Rafael Zochetti:

Zetti é boa opção para o Atlético

Se confirmada a contratação de Zetti como novo técnico do Atlético-PR, não tenho dúvidas em afirmar que o rubro-negro estará fazendo um grande negócio. Zetti, acima de tudo, é um sujeito magnífico, daqueles bem difíceis de se encontrar por aí. Leva a palavra “profissionalismo” ao pé da letra, dedicando-se por inteiro ao clube que defende. É, enfim, daqueles que “vestem a camisa.”

Zetti chegou ao Paulista em abril do ano passado, credenciado apenas por seu (brilhante) passado como jogador. Seria a sua primeira experiência como treinador de uma equipe profissional, já que antes havia dirigido, por um ano, apenas o time de juniores do São Paulo.

Obviamente, sua chegada foi cercada de descrédito. Poucos foram os que apostaram em seu sucesso (felizmente, fui um deles). Para a maioria, faltava a Zetti experiência, rodagem, malícia para comandar um time como o Paulista, ainda mais na complicada Série B do Campeonato Brasileiro.

Com um discurso humilde e sempre muito sensato, Zetti, pouco a pouco, foi conquistado torcida e imprensa. Porém, como em qualquer clube onde exista um mínimo de cobrança, somente o fato de ser “boa gente” não bastaria para mantê-lo no cargo.

Foi aí que Zetti precisou provar que conseguiria ser mais do que um ‘ex-goleiro tentando a sorte como treinador.’ Com um elenco formado, em sua essência, por garotos – alguns debutando no profissional -, Zetti optou por não inventar. Montou o time no tradicionalíssimo 4-4-2, sempre exigindo uma marcação muito forte no meio-campo e saída em velocidade para o ataque.

A campanha na Série B foi regular. O time, por tropeçar demais em casa (foram cinco empates), deixou escapar a classificação à segunda fase. O trabalho de Zetti, no entanto, em momento algum foi contestado.

Para o Campeonato Paulista, sem grandes reforços, esperava-se, mais uma vez, uma participação mediana, brigando pela quarta vaga de seu grupo.

No entanto, rodada a rodada, o time foi surpreendendo. O ápice foi a incontestável goleada, por 4 a 0, sobre o poderoso Santos. Dali em diante, ninguém mais duvidava do potencial da equipe e o trabalho de Zetti passou a ser, cada vez mais, evidenciado.

A chegada à decisão, contra o São Caetano, serviu apenas para coroar todo esse trabalho, mesmo que o título tenha ficado com o time do ABC.

O interesse de outros clubes, como o Paraná Clube e o Sport, sabidamente era inevitável, mas, mesmo que intimamente, ninguém (dirigentes, torcida e imprensa) aceitava a idéia de perder o promissor treinador para um desses times.

Agora, com o provável acerto do Atlético/PR com Zetti, tudo parece mais calmo. Não que sua saída esteja sendo encarada com naturalidade – afinal, todos apostam que 2004 é o ano de o Paulista buscar o acesso à Primeira Divisão. Acontece que o fato de o ‘ladrão’ ser o Atlético-PR, de estrutura invejável, ajuda a amenizar as dores dessa ferida.

Se tudo correr como se avista, a torcida atleticana pode esperar um time guerreiro, vibrante, sem desistir jamais de buscar a vitória. Essa é uma característica de Zetti: ser vencedor faz parte de sua vida.

Agora, paciência também será necessária. Zetti gosta de dar padrão de jogo à equipe e, por isso, repete a mesma escalação quantas vezes forem necessárias, ainda que isso implique em dificuldades no começo do trabalho. Por aqui, também foi assim.

Desde já, desejo toda sorte do mundo ao Atlético e a Zetti, figura que aprendi a respeitar e admirar (mais ainda) nesse ano de convivência.

Rafael Zochetti
25 anos, jornalista, editor do extinto site Galonet, repórter do Jornal de Jundiaí

Entre em contato com o autor do texto.



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