3 jun 2004 - 11h36

Jadson responde aos internautas

A entrevista com o meia Jadson foi diferente de todas as já realizadas pela Furacao.com. As perguntas não foram formuladas pela equipe do site, como acontece normalmente. Desta vez, passamos a bola para os torcedores, que puderam esclarecer suas principais dúvidas com o novo craque do Furacão. A principal curiosidade dos atleticanos foi em relação ao futuro do jogador, que manifestou recentemente seu interesse em se transferir para o futebol europeu. Jadson respondeu a essa e a outras perguntas. Confira a entrevista exclusiva:

Como foi o início da sua carreira? Houve muitas dificuldades na sua trajetória até chegar ao profissional?
Eu comecei no futsal, ainda menino, com o incentivo do meu pai. Com uns 12, 13 anos, eu passei para o campo, no PSTC. Depois, vim para o Atlético no primeiro ano de juvenil e para o Internacional, no segundo. Quanto às dificuldades, eu não lembro de nenhum momento em especial. Eu sempre trabalhei pensando na frente, nos meus objetivos.

Você veio cedo para Curitiba, com 15 anos. Como foi deixar a família para morar sozinho em Curitiba?
Para mim, ficar longe da família foi muito difícil. Mas eu coloquei na cabeça que eu tinha de ajudá-los e foi por isso que eu encarei essa luta. Agora, estou morando aqui com minha mãe e minhas irmãs.

Um de seus melhores atributos é a cobrança de faltas. Quando você começou a treiná-las e em quem se inspirou? Treinar intensamente ajuda a melhorar o desempenho ou basta aproveitar o dom?
Eu batia falta desde moleque. Comecei treinando com o meu pai, numa escolinha. Eu batia falta e fazia gol direto. Depois, fui só aprimorado, no juvenil e no júnior. Na época em que eu comecei, eu gostava de ver o Marcelinho Carioca cobrando falta. No Atlético eu passei a treinar bastante, principalmente com o Vadão, o Mário Sérgio e o Levir.

O Diego começou a treinar faltas recentemente. Vai haver uma disputa entre vocês?
Não, claro que não. Se ele quiser bater e o Levir deixar, vou deixar. Não ligo muito para isso.

Você já viveu a experiência de atuar com a Arena da Baixada lotada e também vazia. Qual a diferença que isso faz para o jogador?
O estádio lotado deixa o jogador mais motivado e ajuda a empurrar o time. Agora, com o estádio vazio parece que é um treino, você fica meio sem noção.

Nos últimos dias, o Atlético tem passado por um conflito entre a diretoria e a torcida. Vocês jogadores comentam isso entre vocês? Isso influencia no desempenho do time?
Não, ninguém comenta sobre isso. Acho que é uma questão que não tem a ver com os jogadores. Isso não interfere no nosso trabalho.

O Atlético tem dois jogadores para sua posição que ainda não jogaram no Brasileirão: Adriano e Morais. Caso um deles seja escalado, você prefere jogar mais adiantado ou recuado?
Eu acho que o Adriano tem características diferentes das minhas. Se for para a gente jogar junto, acho que será muito bom. Mas seu eu precisar jogar mais atrás, eu também estou pronto para ajudar o time.

Caso tenha de jogar ao lado de um deles, você prefere exercer a função de meia mais adiantado ou atuar mais recuado, como um segundo volante?
Agora que eu estou jogando mais avançado, eu prefiro continuar por ali. Mas vou fazer o possível para ajudar meus companheiros de meio-campo a marcarem. Eu sei que eu não tenho a marcação 100%, mas estou aprimorando isso.

Durante o último Campeonato Paranaense, você foi o pivô de uma das principais reclamações da torcida dirigidas contra o técnico Mário Sérgio. Apesar de suas boas atuações, ele insistia em sacá-lo do time. Você recebia alguma explicação para essa atitude?
Não, ele não dava nenhuma explicação e eu também não falava nada com ele. Ele explicava o que tinha de fazer durante o jogo. Depois do jogo, não tinha conversa.

Você se sentia magoado quando era substituído por ele?
Na saída do gramado eu ficava magoado, né? Ainda mais quando eu estava jogando bem. Mas isso aí já passou, é um fato superado.

No início do Brasileirão você não conseguiu repetir as mesmas boas atuações que vinha tendo no Paranaense. A que você atribui isso?
Acho que o jogador tem altos e baixos. Naqueles primeiros jogos eu não estava bem. Contra o Santos, eu estava muito gripado. Mas acho que você tem de aprender a conviver com isso, que nem sempre estará jogando tão bem.

A torcida atleticana tem um carinho especial por você desde os seus primeiros jogos. Além disso, a imprensa esportiva também lhe trata com muita atenção. É difícil suportar a pressão de ser o “queridinho” de todos?
Eu não acho que sou o “queridinho” de todos (risos). Acho que deve ter gente que não gosta de mim. Eu tenho é de agradecer a todas as pessoas que me apóiam e que estão me ajudando a seguir na minha carreira.

Você está vivendo uma fase na qual está recebendo muita atenção por parte de torcedores e da imprensa. É comum que nesses casos surjam muitas pessoas oportunistas. Você toma alguma precaução, inclusive no tocante a mulheres que tentam se aproximar de jogadores famosos?
Eu nunca pensei muito sobre isso. Eu tenho empresário, assessoria de imprensa, que dão um apoio para mim. Está tudo certo na minha vida, não tenho nada a me queixar.

Recentemente você participou do programa Rock Gol de Domingo, na MTV, e muitos torcedores ficaram preocupados com a revelação de que você pretende jogar no futebol europeu. Você tem a intenção de deixar o Atlético em breve? Já houve alguma proposta?
Não, por enquanto não houve proposta. Eu estou bem no Atlético, gosto daqui e pretendo continuar aqui. A transferência depende da diretoria. Então, eu só vou pensar nisso se a diretoria passar alguma coisa concreta para mim.

Agora que você foi mais visado pela mídia, ficou mais conhecido no pais, você pensa em deixar o Atlético? Você aceitaria uma proposta de outro clube brasileiro?
No momento não. Mas eu posso dizer que não sairia do Atlético para jogar em outro clube brasileiro. Só penso em sair daqui se for para jogar na Europa. Eu já conquistei meu espaço aqui no Atlético.

É normal que jogadores caiam de produção quando recebem propostas mais vantajosas financeiramente. Você teme que isso aconteça com você?
Não, acho que isso não tem nada a ver. Se por acaso surgir alguma proposta, isso não pode ser levado para dentro de campo. Você tem de continuar jogando do mesmo jeito.

Em que momento da sua carreira você marcaria o limiar entre a promessa de craque e o grande jogador?
Acho que foi no início do Campeonato Paranaense desse ano. No ano passado eu estava jogando, mas nos últimos jogos só entrei no segundo tempo. Eu consegui meu espaço mesmo no Paranaense.

Com o Mário Sérgio, a concentração começava vários dias antes do jogo. Agora chegou o Levir e o time passou a concentrar na véspera da partida. Qual é o melhor sistema?
Eu prefiro assim, um dia só. O Levir ganhou a confiança do grupo e todo mundo entendeu o que ele pediu. Todo mundo pegou o ritmo, chega para treinar no horário, então não tem problema.

Qual foi o gol mais bonito da sua carreira?
Eu gosto do gol contra o Paysandu, pelo Brasileirão de 2003 e contra o São Caetano, na Baixada, de falta. E também o terceiro contra o Corinthians, neste ano, de falta também.

Você já pensa em ser convocado para a Seleção Brasileira?
Esse é o meu sonho. Acho que qualquer atleta brasileiro pensa em ir para a Seleção. Mas eu não tenho muita pressa. Vou continuar trabalhando.

Você estabelece metas na sua carreira? Quais são seus próximos objetivos?
Eu penso no futuro, mas procuro não me perder com isso. Eu fico mais preocupado com o momento atual.

Quem são seus melhores amigos no elenco do Atlético?
Eu converso com todos, mas é claro que você tem mais afinidade com alguns. Eu falo bastante com o Alan, Ivan, Raulen e Fernandinho.

Em 2002, após uma excelente participação na Seleção Paranaense, você acabou afastado do Atlético por um período. Foram alegados, na época, problemas disciplinares, porém logo o reintegraram ao grupo. O que você tirou de lição deste episódio?
Isso já passou na minha vida, eu não tenho muito o que falar sobre isso.

Qual o segredo para que tantas promessas do PSTC despontem no cenário nacional em tão pouco tempo?
O PSTC tem uma estrutura muito boa e lá eles trabalham muito as categorias de base. Eles fazem a molecada aperfeiçoar a parte técnica. Todos os jogadores que passaram por lá pegaram alguma coisa de bom.

Agora o Atlético está importando também outros profissionais do PSTC, como o Lio, o Ticão e o Leandro. Você se dá bem com esse pessoal?
Claro, eles me ajudaram muito no começo da carreira. O Ticão é uma pessoa sensacional. Ele fica na dele, mas tem uma visão enorme do futebol. Ele que revelou todos esses jogadores que surgiram nos últimos anos do PSTC.

Muitos jogadores da sua posição são acusados de “sumirem” das partidas em determinados momentos. Você já ouviu críticas a esse respeito sobre você?
Várias vezes. Quando eu ouço alguma crítica assim, eu procuro ser mais participativo no jogo seguinte. Eu assisto direto aos programas esportivos, de vez em quando eu leio jornais pela Internet. Eu gosto de saber o que estão falando sobre mim.

Não restam dúvidas de que nos últimos meses você se tornou a principal peça ofensiva do time do Atlético. Isso aumenta sua responsabilidade. Você já sentiu mais dificuldades por jogar com esse peso, de ser o mais visado pelos adversários?
Não. No Campeonato Paranaense já começaram a fazer uma marcação mais cerrada em mim. Eu já estou acostumado, isso vem desde a época do júnior. Como jogador, tenho de estar preparado para receber críticas e elogios.

A Furacao.com agradece a todos os internautas que enviaram e-mails com perguntas ao jogador Jadson. Confira a lista dos torcedores que mandaram perguntas que foram utilizadas na entrevista: Renan Maurício, Henrique Macedo, Sérgio Martines, Marcio Faria, Lucas Delfino de Oliveira, Carlos H. Silva, Maiko Rodrigo Bassa, Leonardo Gomes de Oliveira, Edson Luiz Nadolny, Gilmar Beleski, Marco Iurk, Rodrigo Neves Skripnik, Carlos Maran, Luciano Wachholz, Gleison Ribas Glowacki, Ricardo Oliveira, Gabriel Bites, William Fernando Domakosky, Maurício Carlos Bandeira Sedor, Juliana M. Spisila, Lucas Guanabara, Natasha Tuleski Riechi, Mauricio Mano Alves, Bruno Sidney Machado, Diogo Henrique Braghini, Bruno Japiassu Ribas, Carlos Albero da Silva Arnold, Edison Monteiro, Ilson Rodrigues, Jaqueline dos Santos, Marcel Ferreira da Costa, Paulo Roberto Fernandes, Francisco Ricardo da Cruz e Cesar Augusto Nascimento.



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