Transferir a responsabilidade
É incrível a facilidade com que certas pessoas discursam com o fim de transferir aos outros a sua própria responsabilidade. Declarou o zagueiro Rogério Correia, nosso velho conhecido daquele time de 2002, que os jogadores do Vasco devem jogar para ganhar. Disse que se fosse jogador vascaíno e lhe pedissem para amolecer o jogo para o Santos, deixaria a equipe cruzmaltina imediatamente. Falou que é o brio e vergonha na cara dos jogadores que está em jogo.
Belo discurso, devo dizer.
Eu até concordaria com ele, caso o senhor Rogério Correia houvesse também cumprido com a sua parte. De quem foi a responsabilidade pelos dois de bola altas cruzadas na área que o Atlético tomou em Erechim? Foi dos jogadores do Vasco? E foi ali, contra o Grêmio, que perdemos a chance de liquidar o campeonato sem depender de ninguém. No segundo gol do Grêmio, o senhor Rogério Correia sobe de costas para a bola. Não se antecipa na jogada, para tentar anular o atacante, não faz a menor força para evitar o gol.
E de quem foi a culpa pelo gol que tomamos em São Januário, outra vez de bola alta cruzada bem no meio da área? Quem devia estar ali, pulando com o atacante vascaíno. Eu? Os torcedores que lá estavam? Tu que me lês? O Presidente Fleury? O Dr. Mario Celso Petráglia, que tudo deu de si para que o Atlético conquistasse esse título? Não, senhores. Quem devia ter tirado aquela bola era o senhor Rogério Correia, que no esquema tático adotado pelo Levir Culpi joga pelo meio da área e deve, na teoria, cortar de cabeça as bolas que são cruzadas naquele setor.
Agora vem esse cidadão falar de honra e vergonha na cara e, com isso, instar aos atletas do Vasco para que se empenhem ao máximo. Ora, senhor Rogério Correia. Isso é um insulto às nossas inteligências. Você e outros companheiros seus é que deviam ter se empenhado dentro de campo, para conquistar esse título para o Atlético Paranaense. Agora não adianta discursar e pedir para que outros façam o que você e alguns de seus companheiros deviam ter feito.
Desejo registrar que nada tenho contra o senhor Rogério Correia enquanto pessoa. Apenas aponto a impropriedade de seu discurso em uma hora como esta. O Atlético tinha tudo para ser campeão sem depender de ninguém. Agora não adianta chorar.
Se não concordar, meu caro Rogério, estou aguardando uma resposta que seja melhor do que o seu discurso e superior a seus cortes de cabeça. Argumente, estamos em uma democracia.