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13 abr 2005 - 19h49

Caldeirão do Diabo ou Caldeirão do Huck?

O Atlético cresceu, não há dúvida. Será ? Pensei a respeito e tenho dúvidas sim, pois crescer é aumentar algo que já existe. Quando alteramos o que existia, não estamos somente crescendo e sim mudando. E é isso que ocorre atualmente com o Furacão. Os feitos e conquistas da nossa gestão são inegáveis e até inimagináveis há alguns anos, mas tiveram um custo que talvez tenha sido alto demais.

Melhoramos nossa estrutura, nosso marketing, nossos profissionais, nossas finanças e uma série de outras coisas, mas matamos nossa alma. O torcedor atleticano não é mais o mesmo. A torcida apaixonada que virava jogos no grito está burocratizada e sem imaginação, está exigente e mimada, vaia o time e não canta o hino com a mesma paixão. A baixada que era temida pelos adversários, hoje é mais famosa por suas excelentes acomodações e presenças femininas que por seu calor. O Caldeirão do Diabo virou o Caldeirão do Huck.

Gostaria de saber de nossa visionária e competente diretoria se o tão falado projeto de tornar o Furacão um dos maiores do mundo é para torná-lo o Boca Jr. ou o Real Madrid ? É fundamental sabermos para onde estamos indo. De nada adianta milhões no banco, um time de galáticos, uma estrutura cinematográfica se a torcida é fria, o time sem vibração e os resultados “quase lá”. O segredo do Boca é ter se modernizado sem ter perdido sua alma. O presidente Macri (uma espécie de Petraglia portenho) revolucionou a gestão dos “hermanos”, mas não mudou a sua essência. Ao contrário, trabalhou para aumentar a paixão da torcida e a vibração do time. E falo isso porque estive lá no ano passado. O resultado todos sabem.

E o que fizemos por aqui ? Um trabalho perfeito, exceto no aspecto da valorização da paixão, raça e vibração do time e torcida, que sempre foi o nosso diferencial. Estamos melhores no que éramos ruins, mas esquecemos o que tínhamos de melhor.

No início de 2000, escrevi um texto que começava assim : Atlético, campeão brasileiro. Caro leitor, se você riu, a culpa de não termos esta conquista também é sua, pois uma torcida que não acredita nunca terá um time vencedor. E convocava o leitor a acreditar e ver o Furacão como um time capaz de ser campeão nacional. Em 2001 chegamos lá.

Hoje vou falar com o Petraglia:

Caro presidente, a gratidão, admiração e reconhecimento da torcida atleticana serão eternas. Você é e sempre será o responsável pelo que nos tornamos. Seu espírito visionário, empreendedor e líder fez com que se tornasse realidade o que para muitos eram impossível.

E é em nome desta magnitude, desta grandeza dos grandes líderes que lhe proponho algo que só terá efeito se partir de você. Vamos ao desafio : Pessoalmente dirija-se à sede da Fanáticos e converse com a sua torcida, com o seu povo. Tenha a grandeza desta atitude humilde e proponha o fim desta queda de braço, diga à eles que a bateria está liberada (depois das finais resolveremos se será no primeiro ou segundo andar) e que a torcida deverá dar a maior demonstração de paixão e vibração da história do Atlético, que todos convoquem seus amigos e parentes e que a Arena volte à ser o Caldeirão, que saiam sem voz de tanto incentivar (e só incentivar) o nosso time, de tanto cantar, que vibrem com tal entusiasmo e paixão que todos os jogadores tirem do fundo de suas almas o que tem de melhor, que comprem foguetes, bumbos e surdos, chocalhos, apitos ou o que for necessário (e o clube ajudará com as despesas), mas que façam tudo o que for possível, pois vamos virar esta decisão no grito. E que façam tudo isso e muito mais por amor, por amor ao nosso rubro-negro.

Presidente, talvez o que estou pedindo seja muito, mas confio na sua sabedoria e paixão pelo Furacão e, sinceramente, acho que o projeto de nos tornarmos um dos maiores times do mundo só será possível se unirmos a gestão que existe atualmente, com a raça e vibração que existiam há alguns anos. E, felizmente, isto também passa por suas mãos.



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