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19 abr 2005 - 11h14

Vasos quebrados – diário de um faxineiro

A capacidade inigualável da diretoria do Coritiba em armar barracos e então se fazer de vítima, tomou o ápice das proporções ao fim do jogo disputado na tarde de domingo passado.

Inconformada com a derrota acachapante imposta pelo Clube Atlético Paranaense na final do campeonato estadual, a sórdida diretoria do clube verde teve uma brilhante idéia no vestiário:

– “Já que não dá pra estourar os champanhes falsificados que compramos do Paraguai, vamos estourar tudo o que vemos pela frente”. (sons onomatopéicos): Pow, soc, tum, crac… !!!!!

Resultado, não sobrou pedra sobre pedra, vaso sobre vaso, pia sobre pia, chuveiro sobre chuveiro…

A manhã de hoje, acredito, não foi nada fácil para os encarregados da faxina do Estádio Joaquim Américo.

Acostumado a abrir o vestiário e deparar-se apenas com algumas toalhas jogadas ao chão e pouco mais que quatro meias sujas esquecidas pelo time visitante após os jogos, o faxineiro do estádio, que preocupou-se ao máximo na noite anterior para entregar o local no maior capricho para a tarde de domingo, quase teve um colapso cardíaco ao abrir as portas do mesmo vestiário na manhã de segunda-feira. Parecia que um avião pilotado pelo Bim Ladem tinha caído ali dentro ! Havia caco de vidro espalhado por toda parte, privada arrebentada, cueca entupindo o ralo, sabonete com pentelho do Gionédis em cima da pia e até papel higiênico molhado colado no teto. Perplexo, porém sempre zeloso por seu trabalho, o competente faxineiro perguntou para si mesmo:

– Será que não havia água suficiente no vaso para afogar as mágoas dos derrotados atletas do Coritiba ? Será que o “pato velho” achou que a banheira estava pouco cheia para que ele pudesse nadar após o jogo ? Será que o champanhe azedou e provocou a ira da comissão técnica do Coritiba que estava contando com o “ovo no cu da galinha” ? Será que esqueci de alguma coisa quando preparei o vestiário na noite de sábado ou será que os Coxas esqueceram a educação em casa?

Pobre homem, não tinha nada a ver com essa balbúrdia toda, mas acabou tendo que limpar toda a bagunça.

Ao final de tudo isso, o faxineiro arregaçou ao mangas, colocou a casa em ordem novamente, estufou o peito, e como bom Atleticano que é proferiu a seguinte frase:

– “… E O PIOR DE TUDO, É QUE VASO RUIM NÃO QUEBRA”.

E VIVA O FAXINEIRO DA BAIXADA, que após o suado trabalho realizado no vestiário dos visitantes nesta segunda-feira, também pode ser considerado um dos heróis do título.



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