1 maio 2005 - 22h38

Análise de Juventude 1 x 0 Atlético, por Fabio Kaiut

Análise de Juventude 1 x 0 Atlético
por Fabio Kaiut

Patética. Essa é a melhor definição da apresentação do Atlético Paranaense, hoje à tarde, na partida em que foi derrotado pelo Juventude por 1×0.

O meio de campo rubro-negro, setor que, em 2004, foi a principal arma para alcançar o vice-campeonato brasileiro, mostrou-se pífio, desobediente, sem vontade e sem criatividade.

Primeiramente, não havia a menor demonstração de capacidade de marcação pela meia-cancha. Assim, muitas vezes o ataque alviverde, ao suplantar os meio-campistas atleticanos, saía no "mano a mano" com a zaga rubro-negra.

Da mesma forma, em termos ofensivos, a escalação de dois meias como alas, permitindo maior incisividade e capacidade de articulação no ataque, não funcionou por uma simples razão: os alas não foram acionados. Assim, a melhor (senão única) forma de suplantar a retranca gaúcha foi desperdiçada.

Ao insistir pelo domínio de bola pelo meio, a armação atleticana era facilmente marcada e não chegava à área adversária. Fabrício, então, era a personificação da desgraça: durante todo o jogo tentava carregar a bola dominada, ou então arriscava o drible, sendo desarmado na maioria das vezes.

Alguém precisa dizer-lhe que ele é leve e lento e, assim sendo, só tem serventia ao time se tocar a bola de primeira e rapidamente. Em praticamente todos os contra-ataques rubro-negros, ele, ao receber a bola, esperava uns cinco segundos antes de fazer qualquer lançamento. Nesse meio-tempo, a zaga do Juventude se fechava, ele não tinha outra opção senão tocar de lado e, mais uma vez, o ataque era desperdiçado.

Em suma: o meio-campo atleticano teve maior tempo de domínio de bola, em boa parte em função da incapacidade do time gaúcho de manter o controle das ações. Entretanto, não soube fazer absolutamente nada com esse domínio. Todos os jogadores insistiam no drible quando deveriam tocar a bola. Na única vez em que o time montou uma linha de passe, no segundo tempo, conseguiu um cruzamento perigosíssimo, mas que não foi concluído a gol.

A zaga atleticana, quando foi acionada, se mostrou bem postada, tanto nas jogadas aéreas como pelo chão, e assim também nos confrontos individuais com os atacantes gaúchos. Entretanto, não há como se esperar que, sendo inequivoca e seguidamente abandonada pelo meio-campo atleticano, a zaga pudesse segurar todas as investidas do Juventude.

Foi assim no único gol da partida, em que a defesa, ao se postar em linha, sem ninguém na sobra, foi surpreendida pelo ataque alviverde e Durval não teve outro recurso senão fazer a falta (com a qual se arriscou a ser expulso e levou apenas o amarelo). Na cobrança, gol de Edu Silva.

O ataque atleticano padeceu da incompetência e as duas chances mais claras de gol (oriundas de erro de saída de bola do Juventude, ressalte-se) foram desperdiçadas por Maciel e Lima. No segundo tempo, o Atlético não finalizou diretamente a gol nenhuma vez sequer. No jogo todo, conseguiu uma vez tramar uma jogada pela ala direita (no primeiro tempo) e uma vez fazer uma linha de passe pelo meio, que culminou em um cruzamento de Jonatas que não foi aproveitado em gol.

Percebe-se, claramente, que Edinho, das duas uma:
i) ou não tem o comando do time, para que seu treinamento seja aplicado durante o jogo;
ii) ou não tem a menor visão tática para delinear um plano de jogo que implique em jogadas pelas alas, marcação preventiva pelo meio campo (guarnecendo a defesa), posicionamento nos contra-ataques, etc.

Segundo a primeira opção, Edinho seria um fraco. Na segunda opção, um incapaz. Em ambas, não merece continuar no comando técnico do Atlético. Pela segunda partida, com tempo para treinar e obter entrosamento, o time repete os mesmos erros. Mesmo com a desculpa dos desfalques, o atual elenco tem aproximadamente 15 jogadores que seriam titulares em qualquer outro clube da Série A do Brasileirão. Se Edinho não consegue aproveitá-los, não merece a confiança da direção do Atlético Paranaense.

Notas

Diego – 7,5. Fez boas defesas e saiu bem do gol. Entretanto, levou o gol que definiu a partida.

Baloy – 6,5. Bom nas antecipações, jogadas aéreas e domínio de bola. Não fez a cobertura na jogada em que Danilo subiu para o cabeceio e Durval se viu "homem a homem" com o atacante alviverde, originando o gol.

Durval – 6,0. Perdido no posicionamento. É bom zagueiro, mas não está à altura de Marcão.

Danilo – 7,5. O melhor zagueiro em campo. Não comprometeu em nenhuma ocasião e, quando exigido, jogou para lateral ou escanteio.

Cleverson – 5,0. Não foi acionado. Deveria ter buscado o jogo.

Alan Bahia – 6,0. Muita responsabilidade para pouca genialidade. O dever de apoiar o ataque comprometeu a capacidade de marcação.

Ticão – 5,5. Mostra qualidade, mas ainda é inexperiente. Excelentes lançamentos contrabalançados por erros infantis de passe.

Fabrício – 4,0. Deveria ser o cérebro do time e não correspondeu à altura.

Leandro – 4,5. Não foi acionado. Deveria ter buscado o jogo, assim como Cleverson. Esteve lento nas coberturas do ataque do Juventude.

Caetano – 5,0. Demonstra qualidade, mas insistiu demais nas jogadas individuais, carregando a bola e tentando o drible.

Maciel – 4,5. Errou um gol primário. Com a sua experiência internacional, deveria ter chamado o jogo para si.

Lima – 5,5. Disposto, mas fominha e lento. Perdeu um gol feito.

Dennys – 4,0. Ruim.

Jonatas – 4,5. Simplesmente não apareceu com maior perigo no ataque, senão na jogada do cruzamento.

Fabio Kaiut é colaborador da Furacao.com.

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