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2 maio 2005 - 0h08

Paixão de torcedor

Sábado último foi dia de festa para duas grandes torcidas européias: o consagrado Bayern de Munique venceu seu 19º título alemão e o milionário Chelsea faturou o título inglês depois de 50 anos de espera.

Um título de campeão, ainda mais em campeonatos disputadíssimos como o inglês e o alemão, devem deixar os torcedores em estado de graça. Afinal, creio que, buscar e conseguir títulos, seja a razão de ser de um time de futebol. E é a retribuição ao torcedor pelo apoio e pela contribuição ao clube de coração. Momento máximo para o clube e seus torcedores, concretiza ainda mais essa relação de paixão.

Mas aí vem o pensamento de que torcer por times vencedores deve ser tão fácil! Vitórias e conquistas passam a ser tão comuns … será que não podem acabar perdendo o significado? Vejam o caso do Chelsea: esse ano já ganhou a copa da Inglaterra e o campeonato inglês; está na semifinal da copa dos campeões. Pode vencer três títulos expressivos em somente um ano. Investiu milhões de libras e tem hoje, indiscutivelmente, um dos melhores times da Europa. Diz, abertamente, que tem interesse em contratar o Adriano, da Inter de Milão. E o Bayern, clube que mais venceu o campeonato alemão (19 vezes). Deve ser fácil torcer por times assim. Times como o Milan, o Barcelona, o Real Madrid. Na média, quando não vencem, são vice-campeões.

Será que a paixão dos torcedores desses times pode ser comparada com a paixão de um torcedor do Furacão?

Infelizmente a comparação não é tão simples. São mundos diferentes, outras realidades. Mas, pelo menos em um ponto somos muito superiores que aqueles torcedores: nossa esperança, que é renovada a cada início do campeonato brasileiro. Todo início de campeonato temos a esperança de que essa temporada será ótima. Que, em dezembro, iremos vibrar de alegria. Mesmo quando as saídas de jogadores de alto nível não têm reposição nas contratações realizadas; mesmo quando o técnico contratado não é aquele que esperávamos, a esperança, a expectativa, estão lá no alto.

Sim, porque penso que os torcedores do Milan, por exemplo, no início de um campeonato italiano têm como certeza que serão campeões, não aceitam nada menos que isso. A meta traçada é o título e fim.

E mesmo quando nossa esperança vai se transformando, ao longo do campeonato, em decepção e, em alguns anos, em apreensão, acabamos ficando satisfeitos com o resultado final, não importa qual, desde que não seja o rebaixamento. Em resumo, começamos o campeonato esperançosos e, na maioria das vezes, terminamos resignados, afirmando: “podia ser pior”. Toleramos a tristeza da decepção mas, acima de tudo, continuamos firmes junto ao motivo de nossa paixão: o Furacão. Somos ou não mais apaixonados que os europeus?

Sempre foi assim mas agora, sinal dos tempos ou o resultado do desprezo com que alguns foram tratados, começam a aparecer torcedores descontentes com esse ciclo esperança-decepção. Afinal sendo o Atlético um clube de futebol, seus torcedores querem títulos, querem ver suas expectativas transformadas em resultados. Querem reciprocidade na sua paixão.

A cobrança, na minha opinião, é saudável e até necessária. A voz da insatisfação deve ser ouvida, porque pode existir um motivo sério por trás da reclamação. E o atleticano não está satisfeito. Não está satisfeito com as contratações; com a postura da diretoria. Está dando um crédito ao Edinho, em virtude das contusões e blá, blá blá. Afinal, o campeonato é longo, temos alguns jogadores bons e há como encaixar um time para fazermos bonito. Essa é a sua esperança também?

Só para lembrar, no começo do ano passado foi mantida a base de 2003 e ainda contamos com a boa entrada do Washington, Marinho e Fabiano. O resultado foi o vice brasileiro de 2004. O Santos mantém uma base há alguns anos e repõe peças com uma qualidade equivalente e o resultado está aí: em três anos, dois campeonatos e um vice.

No início de 2003 o plantel do Atlético foi renovado e o ano não foi nada bom. O mesmo foi feito em 2005. Como será esse ano?

Agora, contratações feitas e campeonato iniciado, parece só nos restar torcer pelo melhor em 2005 e que nos anos vindouros nossa esperança seja convertida em alegrias.



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