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24 maio 2005 - 20h12

Falta memória

É difícil dizer, desde quando sou atleticano. Acredito que nasci assim, e quero morrer, sendo assim. Gostaria de expressar aqui minha tristeza, não pela situação do clube, que tenho certeza é passageira, mas pela atitude da torcida. Sabe minhas lembranças talvez não sejam das melhores. Lembro bem de quando tinha 3 anos e saia orgulhoso com minha camisa do atlético (aquela igual do Flamengo, e todos diziam que era do time carioca), é claro que meu pai a colocava em mim, eu nem mesmo, nesta idade, tinha noção do que era futebol, muito menos quem era o Atlético, meu pai homem humilde, que só foi conhecer estádio de futebol, levado por mim. Nunca em momento algum deixou de dizer que era atleticano, mesmo quando as coisas não eram favoráveis ao nosso time.

Mas a lembrança maior que tenho, foi aos meus 10 anos de idade. Aquela decisão que perdemos nos pênaltis, em que o goleiro deles, pegou todas as bolas. Lembro que meu cunhado ficava tentando me convencer a virar de time, eu vendo pela tv, a frustrada derrota, tive naquele momento, certeza que nunca mudaria e que deveria ter orgulho cada vez mais de ser atleticano, principalmente pela atitude raivosa de meu cunhado, quando vibrava com cada gol perdido pelo nosso glorioso rubro-negro. Isso faz 27 anos, quanto tempo!

Bem todo bom atleticano sabe o que o passamos desde essa época. Torneio da morte. Sabe e desce da segunda divisão. Quando se iniciava o campeonato nacional, nossa maior e única preocupação, era a de não cair para a segunda divisão. Quantas vezes fomos humilhados por times considerados menores. Ganhar do Corintians e Flamengo parecia impossível. Lembro em 1983, que fizemos a maior festa, quando terceiros do Brasil, porque ganhamos do time carioca por dois a zero, e eles tinham um time de seleção brasileira.

Mas a crise nunca nos abandonou, ser atleticano é ter que sofrer um pouco mais. Mas não podemos esquecer que o sofrimento sempre trás superações.

E o tempo que fomos jogar no Pinheirão, que a visibilidade do campo era péssima, mesmo assim nós estávamos lá. Fizemos festa quando voltamos a nossa velha casa, onde era pequena e apertada, viramos motivo de gozação quando tivemos que fazer arquibancadas de estrutura metálica, para poder jogar no nacional.

Sei que muitos já falaram de 1995, quando o desespero já tomava conta de nossa torcida. Mas é que para mim, foi o inicio de uma nova vida. Quando perdemos e fomos humilhados pelos queridinhos da imprensa, um homem que até então eu não havia ouvido falar, resolveu virar a mesa. Aí seria o inicio de um sonho. É verdade. O Atlético começou a se transformar de uma hora par outra. O Brasil inteiro percebeu. Foi então que tentaram nos prejudicar, com uma suspensão injusta. Mas que graça a torcida, demos a volta por cima. Vencemos a até então poderosa rede Globo. Lembram a velha baixada tinha sido destruída, para ali se erguer o mais belo estádio do Brasil. E nosso glorioso presidente Mario Celso Petraglia, manteve a calma e disse que não éramos para nos preocupar.

Eu estava lá, na inauguração. Nunca mais vou esquecer. Parecia um sonho. Chorei boa parte das festividades. Eu, meu filho e minha mulher, presenciando um fato histórico do nosso rubro-negro. Que orgulho, ainda hoje me emociono com tal fato. Tive a impressão, que não precisávamos de mais nada. Tínhamos conquistado tudo. Éramos campões paranaenses, tínhamos o estádio mais moderno do Brasil. O que eu poderia querer mais?

Ah, mas o Petraglia, havia prometido mais, e nos deu o titulo do campeonato brasileiro. Meu filho hoje com doze anos, já era campeão brasileiro. E lembrar que eu ficava torcendo para subirmos para a primeira divisão. Obrigado Petraglia, por estes momentos de tanta alegria e emoção. E não posso esquecer que disputamos e estamos disputando a Libertadores da América. Graças a quem?

Lembram que quando comecei a escrever, disse que estava triste com a torcida? Pois é, não posso acreditar que são atleticanos, aqueles que xingam aquele que foi responsável pelo crescimento de nosso Furacão. O maior sonho da torcida de nosso rival, é exatamente esse. Para que novamente possam rir de nossa mediocridade, que vivemos no passado. Quebrar o estádio da arena, é o que eles mais querem. Vaiar, nossos jogadores e técnico para eles é o ápice. Então pergunto será que nos nossos jogos, são só atleticanos dentro do estádio, ou será que são torcedores do verde infiltrados, para tentar desestabilizar nosso clube, para que eles voltem felizes para casa? Parece ridículo, mas a julgar pelos atos que estão acontecendo, acho que esses torcedores que querem a saída do homem que transformou o Atlético, no clube referencial para o Brasil, que quebram as cadeiras, que xingam os jogadores são coxas-brancas frustrados.

Porque atleticano apóia o time, mesmo na hora mais difícil. Porque ser atleticano não é apenas torcer por um time de futebol. É uma paixão, é um estado de espírito, é uma forma de vida, é um ideal. Quando alguém que gostamos muito, que amamos, comete um erro ou passa por uma fase difícil na vida, nós xingamos, ofendemos, ou damos a maior força, esperando a volta por cima?

Amigos, ser atleticano é acima de tudo é amor incondicional. Ódio e para outro tipo de torcedor.

Vamos torcer com amor, porque sei que sairemos desta fase.



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