Amor à distância
O amor não escolhe o lugar, nem a hora. Simplesmente acontece! Moro em Volta Redonda, interior do Estado do Rio. Nunca me interessei muito por futebol, preferindo outros esportes.
Tenho um amigo daí de Curitiba que é aficcionado pelo Furacão. Ele é capaz de abrir mão de qualquer compromisso para acompanhar o time: Não se importa com o frio, nem com a chuva(como fez na última quarta, no Beira Rio); a distância também não é problema; fica deprimido com a perda de um título; vibra como se tivesse recebido sozinho um prêmio da loteria a cada vitória, cada conquista de campeonato; é capaz de tais declarações de amor ao time, que deixariam qualquer mulher morta de inveja; a Arena para ele é como sua segunda casa.
Essa paixão aos poucos foi me cativando. O que teria afinal esse time para despertar emoções tão fortes? Para tentar descobrir, comecei a ver os jogos. Tarefa um tanto complicada, já que por aqui poucos eram transmitidos. Passei então a acompanhar os resultados em tempo real pela internet.
Em pouco tempo percebi o porquê de tanta devoção. o time tem garra, não se deixa esmorecer, não se abate, luta até o fim. Sofri muito no final de 2004 quando ficamos em segundo; vibrei no Estadual com a conquista do título; tenho torcido a cada jogo da Libertadores; participei on-line de um abaixo-assinado para que o primeiro jogo fosse na arena; acompanhei passo a passo a luta da Diretoria na construção das arquibancadas; chorei de raiva quando o direito de jogar na Arena nos foi negado; roí as unhas no jogo contra o São Paulo…
Mas agora, meu único sentimento é a certeza de que conseguiremos esse título, tão sonhado, tão desejado, tão merecido. Somos os melhores, sim!!! Nunca asistí um jogo na Arena. Mas mesmo à distância posso entender o elo que une a todos nós, torcedores desse magnífico time, é algo que transcende a paixão. É o amor que nos move!
Minha única tristeza foi a de não ter encontrado ainda nenhuma camisa do Furacão nas lojas de artigos esportivos daqui da cidade. Parecem desconhecer a existência de times fora do eixo Rio-São Paulo.
Finalizo com um verso de Cecília Meireles:
“De longe te hei de amar,
-da tranquila distância
em que o amor é saudade
e o desejo, constância”