14 jul 2005 - 13h52

Gazeta: "Atlético abençoado para a final"

O jornal Gazeta do Povo traz em sua edição de hoje a reportagem "Atlético abençoado para a final", de autoria do jornalista Marcio Antonio Campos. O repórter entrevistou o padre curitibano João Batista Chemin, atleticano fanático, que realizou o casamento do jogador Kléberson) e batizou filhos de jogadores, como a filha do goleiro Diego. Leia a íntegra da reportagem:

"Futebol e religião não se discutem, é o que se diz. O padre João Batista Chemin conseguiu unir as duas coisas: ele não só é torcedor rubro-negro, mas ainda é o diretor espiritual dos jogadores do Atlético. Deus não chuta bola para ninguém, diz ele aos atletas, mas uma ajudinha do alto, especialmente de Nossa Senhora da Salete, padroeira do clube, nunca é demais.

“Sou Atlético desde o primeiro ano de vida, meus pais me levavam ao estádio”, recorda o padre, de 42 anos. E, mesmo depois da ordenação, em 1988, nunca deixou de ver os jogos: “só não posso ir à Arena quando a partida é no sábado à tarde, porque tenho de rezar missa.” Reitor do seminário Bom Jesus, Chemin conta que até os seminaristas torcedores do Coritiba gostam da paixão declarada. “A gente é padre para todos. Além disso, os rapazes aprendem a conviver com o diferente”, justifica.

A ligação mais próxima com o clube começou quando descobriram a preferência futebolística do sacerdote. A partir daí, ele passou a celebrar missas no CT, realizar casamentos (como o de Kléberson) e batizar filhos de jogadores, como a filha do goleiro Diego.

Padre João Batista ainda rezou missa para a seleção brasileira, a pedido do então técnico Felipão, quando o grupo esteve em Curitiba. Depois das partidas do Atlético, ele vai ao vestiário conversar com os jogadores. “Do elenco atual, os mais devotos são o Dagoberto, o Diego, o Marcão e o Fabrício. Eles inclusive vêm ao seminário para assistir às missas. Dos ex-atleticanos, o Washington também vinha sempre”, revela.

O quarto do padre virou praticamente um santuário rubro-negro: a coleção inclui faixas, camisas presenteadas pelos jogadores e até colcha que lembra o time de devoção. Mas a maior relíquia é uma camisa com o próprio nome do sacerdote, dada pela direção do clube.

Na noite de hoje, o padre João Batista estará na Arena. E, no momento da oração, o que o padre vai pedir? “Eu rezo para que os jogadores não se machuquem, tenham equilíbrio em campo para não acabar no chuveiro mais cedo, para que o juiz tenha a sabedoria de ser imparcial. E digo aos jogadores que os que estão vestindo o outro uniforme também rezaram”, conta, acrescentando que não há nada de errado se os torcedores fiéis simplesmente pedirem a Deus a vitória ou o caneco.

Ele não arrisca resultado para a noite de hoje, mas já parabeniza seu rebanho: “claro que vamos tentar o título. Mesmo se não vier, eles estão todos de parabéns por chegarem aonde chegaram. É um feito histórico para o time.”



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