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20 jul 2005 - 9h32

Vergonha x orgulho

Ao ler as notícias esportivas referentes à rodada do campeonato brasileiro deste final de semana, deparei-me com a informação que a torcida que compareceu ao Couto Pereira neste domingo voltou a entoar cantos de “vergonha” diante da derrota do reabilitador Coritiba para o Botafogo pelo placar de 3 X 0.

À primeira vista, interpretei o fato como mais uma manifestação da incrédula torcida do Coritiba diante repetição de circunstância que ocorre sistematicamente, qual seja a reiteração de campanhas claudicantes do time em competições nacionais. Todavia, uma análise mais cautelosa, considerando as circunstâncias que permeiam o cenário atual do futebol paranaense, permitiu-me enxergar uma dimensão mais vultuosa nestes gritos de “vergonha”, principalmente se contrastado ao insofismável orgulho que enche o peito dos torcedores do atlético diante da recente elevação do time a um patamar até pouco tempo inimaginável.

Efetivamente, esta “vergonha” representa não só a má-fase atual culminada com a derrota para o Botafogo, e sim a angústia por estar completando vinte anos de, ressalvados pequenos lampejos, absoluta descrição no cenário do futebol nacional. Angústia essa aumentada em muito pela inquestionável confirmação do rival Atlético como uma das maiores forças do futebol brasileiro, traduzida na disputa do título, no curto interregno de cinco anos, de dois campeonatos brasileiros e uma Taça Libertadores da América.

Esta “vergonha” decorre de saber que o torcedor do Atlético tem um imenso orgulho de seu time, que no peito e na raça, vestindo a camisa com amor, enfrentando adversários de alto nível, que contam com a força da imprensa e influência política, chegou a um patamar que jamais será alcançado pelo Coritiba. De saber que o torcedor do Atlético tem um imenso orgulho de seu time ter o maior patrimônio dos clubes do Brasil, contando com o melhor estádio e melhor centro de treinamento, afora escolinhas espalhadas por todo Estado, construído graças à visão empreendedora e trabalho de seus dirigentes. E, acima de tudo, de saber que o torcedor do Atlético tem um imenso orgulho de sua torcida, maior do Estado, fanática e apaixonada que, mesmo nos momentos difíceis, apóia seu time, ao invés de gritar “vergonha”.

Desta feita, cabe ao torcedor e dirigentes do Coritiba focar sua atenção em seu próprio time, resolver seus próprios problemas (que não são poucos), pois, caso continuem a gastar suas energias em meramente torcer contra o Atlético, o abismo que separa os dois rivais tende a crescer, e a rivalidade perderá seu encanto. O Atlético tem que ser visto como um exemplo a ser seguido. Soltar foguetes quando o rival perde a final da Libertadores da América ou do Campeonato Brasileiro é válido para exteriorizar um lampejo de alegria. Entretanto, referida “comemoração”, no âmago, certamente traz um forte sentimento de inveja, inferioridade e, sobretudo, vergonha.



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