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4 set 2005 - 23h36

1970, a eterna inspiração

E lá se vão 35 anos de pura emoção.Que doce recordação! Os últimos três jogos do nosso Atlético, fechando o Campeonato Paranaense de 1970, foram verdadeiramente inesquecíveis.Não obstante a enorme satisfação em poder acompanhar a conquista definitiva da Taça Jules Rimet pela Seleção Brasileira, aquele ano mágico ficou marcado por uma heróica conquista do Clube Atlético dos Paranaenses.

Jogo 1: Atletiba, em território inimigo.Depois de uma árdua batalha campal …e uma luta sem precedentes de um time “por demais aguerrido”, conseguimos manter a vantagem de um ponto sobre o nosso – até então – maior rival. Nem a contusão de nosso grande goleiro Vanderley, e a entrada do inseguro Benício – no segundo tempo …impediram a manutenção de um 0x0 com gostinho de campeonato. Os coxas chutavam no gol …da entrada da área, da intermediária, das laterais – de qualquer jeito …e os punhos do Benício explodiam na insistente “redondinha”, que teimosamente rondava o último reduto atleticano. Benício defendeu “todas”: atirou-se aos pés dos adversários, fez pontes e deu trombadas …neutralizando o bombardeio adversário do jeito que dava. Nos dias seguintes, ainda colaborou intensamente na recuperação do Vanderley (foi de arrepiar!)

E o SONHO continuava, mais vivo do que nunca! Afinal, vivíamos um jejum de doze anos sem título; e a derrota para os coxas, no derradeiro minuto da decisão de 1968, ainda estava engasgada. Eu queria (porque queria) ver o Atlético campeão pela primeira vez.

Jogo 2: em plena tarde de um certo “dia útil” da cinzenta Curitiba, lá estava a nação atleticana lotando as dependências da VELHA BAIXADA. Não passava pela cabeça de nenhum apaixonado torcedor atleticano …um resultado que não fosse uma vitória (nem que fosse de 0,5×0). Metade do segundo tempo: e o União Bandeirante vencia por 1×0. Até o Tião Abatiá, que fez o gol, estava assustado com o seu feito, ao testemunhar milhares de abnegados torcedores empurrando ININTERRUPTAMENTE o Furacão – minuto a minuto, segundo a segundo – PARA UMA “HISTÓRICA VIRADA”.Faltando uns dez minutos para o final do jogo, Djalma Santos perdeu um pênalti, deixando as marcas da bola gravadas para sempre na parede de nosso extinto ginásio …e o meu coração adolescente saindo pela boca. Faltava uns cinco minutos (naquela época, não havia descontos) para a casa ruir. E o desespero parecia tomar conta de TODOS …quando São Sicupira deu o ar da sua graça; ao melhor estilo de goleador, empurrou duas bolas para dentro do gol adversário, provocando – entre sorrisos e lágrimas – uma “grande vibração” da nação atleticana. Faltando cerca de um minuto para o término do jogo, o lateral esquerdo Júlio, SÍMBOLO DA RAÇA ATLETICANA, desfez uma última tentativa do União em chegar ao ataque …mandando a surrada redondinha “de bico” em direção às antigas cadeiras (de madeira) do Estádio Joaquim Américo. E a bola caíu bem na minha frente …antes de ser abraçada por mim …para delírio da torcida. O árbitro pediu a pelota (naquelas alturas, era a única que restava no estádio), enquanto os nossos jogadores, exaustos e extasiados, só queriam o final da partida. Ganhei muitas bolas na minha vida, mas …aquela foi – simbolicamente – o maior presente que poderia ter recebido. Engoli o último minuto do jogo … E, sob severas ameaças de alguns policiais, me desfiz daque “sagrado artefato de couro” …que foi parar nas mãos do juiz …que encerrou o jogo. Conseguimos, ali, a SENHA para a conquista do tão sonhado campeonato.

Graças a Deus! Meu pai, minha irmã e eu …conseguimos três vagas em um dos ônibus da IMENSA caravana que seguiu a Paranaguá (nossa última parada).

Jogo 3: Estádio Orlando Matos – do Clube Atlético Seleto – abarrotado de atleticanos …e uma só certeza: “ninguém mais tiraria o título do Atlético”. E assim se sucedeu … Um, dois, três, quatro gols, contra um só. E uma contagiante alegria tomou conta do estádio. Quando Alfredo Gotardi Jr percebeu que o árbitro ia encerrar o jogo (e o campeonato), deu um BICO na bola em direção ao meio de campo …que segundos depois foi totalmente invadido por milhares de atleticanos (inclusive por Heriberto, Rosecler e Jackson Luiz Rose). Obrigado …ao presidente Rubens Passerino Moura …ao técnico Alfredo Ramos …e a todo o elenco rubro-negro, simbolizados por …Vanderley, Djalma Santos, Zico, Alfredo, Júlio, Reinaldo, Toninho, Liminha, Sicupira, Nelsinho e Nilson. Vocês coloriram Paranaguá e incendiaram a Serra do Mar. No retorno a Curitiba, não havia trevas na “Serra”, somente luzes de veículos serpenteando a BR-277 e os clarões do céu …num espetáculo que se prolongou por quase cem quilômetros, engrossado por mais e mais aficcionados torcedores rubro-negros …à medida em que nos aproximávamos da capital.

Esta conquista – acima de tudo e de todos – é tua, Sr.Jofre Cabral e Silva.

Vejam só no que deu, trinta e cinco anos depois…Valeu, mesmo!!!



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