Dois de Berg
Não sei por qual motivo não fui a este ATLEtiba. Mas a emoçâo, tirando a festa da nossa torcida, foi praticamente a mesma. O jogo foi transmitido ao vivo pela TV Paranaense canal 12 (talvez por isso não tenha ido ao campo, pois meu filho mais velho tinha 04 anos, e era muito pequeno para ir ao estádio, ainda mais em um ATLEtiba decisivo). Quando o carrasco Dirceu abriu o placar a 3 minutos de jogo vibrei como nunca, mas o time deles com certeza era melhor e jogava bem, e nós tínhamos esperança nas jogadas do Carlinhos Sábia.
O empate era nosso, mas na metade do primeiro tempo, se não me engano com gol de Pachequinho, eles empataram. Até o final do primeiro tempo o jogo foi nervoso, principalmente para nós, e aos 45 veio o pior, escanteio para eles, bola na mão do Marola para pegar e ir para o vestiário, pois com certeza o juiz apitaria o final do primeiro tempo. Mas aconteceu o inesperado, Marola solta a bola nos pés do zagueiro Berg, que só encosta o pé e vira o jogo para eles. Pensei “agora a vaca foi pro brejo.”
Agora vem o mais curioso da história: eu morava no 9º andar de um Edifício na rua XV de Novembro, próximo a rua Almirante Tamandaré. Eu tinha um vizinho do 10º andar que era torcedor do coxa, mas nunca o vi nem usar uma camisa do seu clube, e eu e meus filhos sempre estávamos vestidos de rubro-negros, o time ganhando ou perdendo. Todos no prédio sabiam da nossa
paixão. O apartamento ficava do mesmo lado do meu, e não é que o desgraçado me coloca uma bandeira do coxa na janela dele tampando metade da minha janela! Meu filho (com 4 anos) viu e falou: “pai olha a janela, que nojo.” Olhei aquela cena e disse para o Rafael: “deixa filho, já, já ele vai tirar esta bandeira daí.”
Lá pelos 25 minutos do segundo tempo, Odemilson bate um lateral em direção a área deles, 3 ou 4 jogadores cabeceiam a bola até chegar novamente ele: Berg. O último cabeceio é certeiro, encobre o goleiro e a bola só toca o chão dentro do gol coxa. Delírio da galera rubro-negra. Lá pelos 40 e tantos minutos some a bandeira coxa da janela, pego um compacto (disco de vinil) com o hino rubro-negro e gravo 4, 5, 6 vezes o hino em uma fita cassete (num famoso 3 em 1 gradiente), coloco as caixas de som no para-peito da janela juntamente com o manto sagrado rubro-negro. Termina o jogo, ATLÉTICO CAMPEÃO PARANAENSE DE 1990 (para vingar 1978). E o melhor de tudo, como a janela era máximo-ar todo o som ia para baixo, como era gostoso ver aqueles coxas todos murchos, cabeça baixa, e quando escutavam o hino olhavam para cima fazendo aqueles sinais obscenos. Eu respondia atravessando a mão em diagonal no peito dizendo: “a faixa é nossa!”
Não vi meu vizinho por muitos dias. Não entendo porque. Saudações Rubro-negras!