O que está havendo?
Meu pai é verde-falido. E, naturalmente, gostaria muito que seus filhos também seguissem esse caminho. Existem fotos minhas com 5 anos, moleque de tudo, com a camisa verde. Não, com o uniforme completo. Mas fui crescendo e comecei a ter minhas próprias idéias. Mas o jogo definitivo foi um Atletiba. Acredito que em 89. Uma ano antes do nosso campeonato. Aquele do gol contra do Berg. Infelizmente não lembro do placar, mas acho que perdemos de 3×1. Só sei que perdemos. No campo, mas nas arquibancadas…
Aquilo me chamou a atenção desde que entrei no Chiqueirão. Sim, o jogo era lá. O estádio lotado, inteirinho verde. Menos numa curva, onde hoje fica a organizada deles. Ali, a cor era rubro-negra. Entramos e nos acomodamos. Percebi que nem haviam jogadores em campo, mas a festa já rolava solta ali. Ninguém parava. Todos cantando e vibrando com o time. Ora era o hino do clube, ora um grito de guerra. Mas o silêncio ficava por conta da maioria verde que tomava o estádio. Começa o jogo e logo de cara 1×0 para eles. Não vibrei, pois estava hipnotizado com aquela torcida em minoria absolutamente mas de uma paixão e devoção sem tamanho. Pensei: “Eu queria estar lá no meio com eles”. 2×0. Nova vibração de maioria. Durou uns 2 minutos, nem isso. E quando o som parou, novamente deu pra ouvir que a curva ainda gritava mais alto. E parecia até que o Atlético vencia, tamanha a cantoria. Aí começaram as discussões verdes. Senhores que estavam do mesmo lado, com a mesma camisa, se empurrando, numa cena triste em que eu não entendi absolutamente nada. E não foi a única. Várias outras pipocavam pelo estádio. Aí pensei: “Isso não é pra mim. Lá é o meu lugar.” Na mesma semana, pedi para o meu pai uma camisa rubro-negra. Nem é preciso dizer que ele quase infartou. FIcou semanas me olhando estranho com se pensasse: “Onde foi que eu errei?”
Mei pai conformou-se e ficou feliz em 2001. por mim e pelo estado. Mas, nem tudo são flores para Joseph Climber, diria o outro. Infelizmente no sentido de toda a vibração que tínhamos. Na antiga Baixada o estádio inteiro gritava, vibrava. O tempo todo. Hoje, não é bem assim. O estádio inteiro vibra, canta, grita, em alguns momentos. E como as brigas estão tornando-se comuns, não? Lembro que gostava de ir em Atletibas no Chiqueiro só pra me divertir vendo os próprios verdes se empurrarem, discutirem. A PM entrava em ação e descia o cacete nos mais exaltados. Adorava ver a desunião de uma própria torcida.
Mas hoje também estamos assim. O que ocorre conosco? Qual o motivo de tanta discórdia? Quando éramos “zero à esquerda” no cenário nacional, a união era indiscutível. Hoje, já não podemos mais dizer isso. E não digo isso em relação a divergência sobre o técnico ou jogador. É muito maior. Estamos mimados. E não me parece possível mudar, afinal cada um torce de uma forma muito particular. Mas me parece que existem muitas pessoas que pagam caro e acham que podem avacalhar com tudo. “Paguei trintão (ou quarentão) então tenho noventa minutos para desabafar tudo aqui dentro.” Parece que é esse o pensamento. Refletir é bom.
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Todos estão falando que o gol do Alex foi fruto de uma bola espirrada. Acho que estou louco, pois o que eu vi, foi um lampejo do Cristian que eu esperava que viria para o Atlético, Aquele do Paulista de Jundiaí que disputou a Libertadores. Um passe maravilhoso, para um Alex Mineiro inexplicavelmente sozinho na boca do gol. Quando o Cristian foi contratado, achei um ótimo negócio, pois na Libertadores ele foi como o Kleberson em 2001: segundo volante liberado, com velocidade, bom passe, boa visão de jogo. Mas tinha uma coisa a mais: chutava muito mais para o gol e melhor. Mas quando entrou no time, mostrou-se um jogador nulo, que não ataca nem defende e fica correndo de um lado para o outro, alheio a tudo. Quando pega na bola, só toquinho de lado e passes errados. Não sei se depende de uma conversa em particular.
Mas, de qualquer forma, Cristian, parabéns pelo passe. Foi ótimo. E salvou o teu chefe.