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21 maio 2007 - 19h56

Os fanáticos e os pernósticos

Pelo que tenho visto -e me refiro aos textos recentes que estão sendo escritos por torcedores rubro-negros e publicados no “Fala, Atleticano”-, a nossa torcida está se bipartindo, ou seja, dividindo-se em duas alas distintas: a dos que incentivam sempre, embora nem por isso deixem de lançar críticas quando necessárias e a dos que criticam sempre, pelo tão-só prazer de criticar e sem pensar nas consequências.

Por falar nisso, o Vadão, como ninguém de sã consciência pode negar, é um excelente técnico de futebol, embora tenha de uns cinco ou seis jogos para cá incorrido em alguns aparentes equívocos -e digo aparentes, porque, em verdade, nunca ninguém fica sabendo ao certo, imediatamente e de maneira inequívoca, por exemplo, qual ou quais foram as razões da substituição de um determinado jogador ou de uma alteração tática no esquema de jogo -.

Já vi técnicos serem simplesmente detonados pela mídia e, antes, pela própria torcida, após substituirem um jogador que, como esclarecido aos depois, havia pedido para sair por estar muito cansado ou seriamente contundido, embora estivesse jogando muito bem até então.

Aliás, quando da entrada e da jogada então feita momentos depois pelo Cristian, no jogo contra o Internacional, alguém poderá afirmar com toda a convicção que se tratou simplesmente de um erro que acabou dando certo? Já ouvi alguém dizer que o Cristian “queria chutar ao gol e acabou errando, pelo que a bola se ofereceu ao Alex Mineiro por puro e feliz acaso para fazer o gol”. Será que a ninguém ocorre, mesmo num raro momento de lucidez e de boa vontade, que essa jogada do Cristian para o Alex pode haver sido elaborada em treinamento para uma determinada circunstância de jogo?

Pode alguém afirmar, numa outra hipótese, sem medo de errar, que o Cristian não entrou no gramado para substituir alguém lesionado? Vocês acham mesmo que o Vadão, sendo um técnico experiente, iria esclarecer publicamente acerca dos reais motivos de suas ações dentro do gramado e, assim, paulatinamente, ir “informando” aos adversários e às imprensas local burra e alienígena esperta as alternativas técnico-táticas que utiliza nas batalhas? Se eu fosse ele não diria, mesmo tendo que aguentar nessas ocasiões uníssonas e pouco inteligentes vozes de uma pequena multidão chamando-me de “burro”. Burro é quem, em meio à guerra, fornece aos inimigos quaisquer informações acerca de suas estratégias.

Lembram do Geninho que, em 2001, após sair do Santos Futebol Clube por não se dizer capaz de aturar os gritos de burro que muitos torcedores do “bagre” lhe haviam lançado no jogo anterior, sequencialmente, acabou vindo para o Furacão para ser campeão brasileiro? Ainda hoje me são muito vivas as palavras dele quando de entrevista que concedeu a um canal de televisão após o término do último jogo em que dirigiu o “leão do mar”: “Tenho duas Faculdades, joguei futebol, conheço futebol e não tenho necessidade nenhuma de ficar ouvindo esses ignorantes me chamarem de burro; estou saindo”.

Alguém prestou atenção, por exemplo, num dos gols do Flamengo no jogo contra o Goiás? Pois é: o tal Renato, no lado esquerdo do ataque flamenguista , ficou pererecando com a bola na frente de um defensor goiano durante quase um minuto; enquanto isso, alguém do Flamengo (o cara que acabou fazendo o gol) foi ensejando muito lenta e disfarçadamente uma penetração pelo lado esquerdo da entrada da grande área goiana. De repente, no momento certo, o Renato lançou a bola por cima num vazio até então existente perto do bico esquerdo da pequena área, mas que foi imediata e surpreendentemente (para os goianos, é claro) preenchido por aquele mesmo jogador que, sem maiores problemas, recebeu a bola e fez o gol. Esse lance também foi por acaso? Claro que não, né? Então; por que o do Cristian foi, induvidosamente?

Ora, se o técnico do Flamengo -que ainda é um ilustre desconhecido- pode arquitetar jogadas de laboratório dessa ordem, por que razão o Vadão não pode; logo ele que, no Brasil, foi o precursor do 3-5-2?

Vamos, pois, ter um pouco mais de boa-vontade com o Vadão, até porque, de qualquer sorte, iniciamos bem o campeonato brasileiro deste ano e temos tudo para chegar ao topo no final da competição.

Deixem o Vadão trabalhar com um mínimo de tranquilidade; quando fizerem críticas, sejam mais inteligentes na maneira com que as fazem, pois o que deve prevalecer em qualquer circunstância são os interesses do Clube Atlético Paranaense.

Não vejo vantagem nenhuma ou qualquer sentido lógico-racional em substituí-lo agora.

Podem me xingar à vontade, mas não ao Vadão; afinal, é ele o responsável pelo team; critiquem-no, mas não o desmereçam.

Entre o radicalismo positivo e a arrogância negativa, preferível será sempre optar-se pelo primeiro (melhor sermos “fanáticos” incentivadores construtores a sermos “pernósticos” destruidores.

Para o bem do Furacão, pensem nisso irmãos rubro-negros.



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