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22 maio 2007 - 20h38

Copa 2014: então é o Requião quem vai bater o pênalti

Acabo de ler a entrevista do Presidente da Paraná Esportes, meu xará e colega nos tempos de Comunicação Social, Ricardo Gomyde. Quando estudantes participamos da invasão e do acampamento no prédio da Reitoria da PUC, num protesto contra os sucessivos aumentos das mensalidades. Confesso que para mim era tudo uma festa, mas o Gomyde foi adiante, integrou os diretórios acadêmicos, tornou-se um estudante bastante contestador. Comandou aqui no Paraná, junto ao meio estudantil, as manifestações contra a corrupção do governo Collor, que culminou no impeachment do então Presidente da República. Alguns anos mais tarde, tornou-se uma das surpresas da primeira eleição da era pós-Collor, tendo sido eleito deputado federal ainda bastante jovem. Ainda que não tenha sido eleito nas últimas eleições, sempre obteve expressiva votação e sempre esteve envolvido nos meios político e esportivo. Coxa-branca roxo, participou da chapa de oposição que tentou barrar a gestão do nosso querido Gionédis, no Coritiba. Torci, neste episódio, para seu insucesso, pois quero ver o Gionédis mais uns 20 anos lá no Coxa. Posso dizer que o Ricardo Gomyde é uma pessoa cordial, e um político que ainda almeja muito.

Por isso, eu tento analisar, nas respostas que acabo de ler, o quanto o lado torcedor do Gomyde está pesando nessa decisão, ou se são somente os critérios técnicos que estão sendo levados em conta, como ele está dizendo. Todo mundo sabe que a exclusão do Paraná como sede de uma Copa do Mundo será uma derrota política para várias figuras de nosso Estado, inclusive para o atual governador e seus aliados, entre os quais o Ricardo Gomyde. Uma Copa do Mundo movimenta milhões de dólares em cada sede, atrai investimentos em infra-estrutura, fortalece o turismo e os negócios. Ou seja, a perda será mais do que política, será econômica também. Como foi colocado na entrevista, o governador é quem vai bater esse pênalti, ele é quem vai decidir. Nas entrelinhas, percebo uma tentativa de se lavar as mãos. Se isto for verdade, torçam pela pontaria do governador. Torçam para que ele bata de olhos abertos, deixando a bola num canto, e o Onaireves e o Gionédis no outro. Partir para um projeto totalmente “novo” , como é o caso do Pinheirão, dependerá de muito mais dinheiro (cada brasileiro estará pagando por isso, lembrem-se disso, pois a história de que um investidor externo arcaria com os custos do estádio é, por enquanto, somente uma história). O Pinheirão é um anti-case de praça esportiva, um estádio odiado pelos torcedores dos 3 clubes da capital. Erguido na década de 80, é um dos piores projetos de estádio que se tem notícia no Brasil. Nunca foi concluído, sofreu e sofre até hoje com inundações, infiltrações e com vários outros tipos de problemas, como a falta de segurança e de conforto. Tentar resgatar, mesmo que se comece do zero, a história de um estádio que só envergonhou o futebol paranaense, será um bom negócio para quem?

A Prefeitura também tem um papel importante nesta decisão. Como ela poderá avalizar um projeto em uma área envolvida até hoje em uma série de escândalos e batalhas judiciais, Não acredito que o prefeito Beto Richa cometa a insensatez de participar deste projeto, ao lado de uma figura (refiro-me ao Onaireves) no mínimo suspeita. A possibilidade de ocorrer um desastre político seria enorme. O Pinheirão jamais deveria, sequer, constar de uma relação para jogos do campeonato brasileiro, quanto mais de uma Copa do Mundo.

Quando entregaram o caderno de encargos da Fifa, os responsáveis pela candidatura do Paraná perderam a chance de entrar firmes e decididos apontando de cara o mais moderno estádio da América Latina. Trocaram o certo pelo duvidoso, ou melhor, pelo inexistente. Pelo menos há tempo de rever os argumentos. E nem é preciso ir longe: o site furacao.com tem apresentado inúmeros dados e fatos que transformam as exigências da Fifa em meras recomendações ou preferências, e não mais do que isso.



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