Afinal, o que é ser Atleticano?
Ontem, uma vez mais, assisti a uma derrota do meu Atlético. Paranaense sim, mas Atlético. De virada, o Santos Futebol Clube, no Urbano Caldeira, fez 3 x 1 pela terceira rodada do Brasileirão 2007, sepultando, por enquanto, os nossos sonhos. Sair da zona de rebaixamento embala o sono de todos os verdadeiros atleticanos.
Como em todos os jogos, um verdadeiro teste para o velho e sofrido coração. Se não bastassem as deficiências técnicas de nossos alas Nei e Edno, a incapacidade de jogar futebol do menino Pedro Oldoni, os erros infantis de marcação da zaga, a lentidão no meio de campo, a falta de criatividade dos meias, foram arrumar um fanfarrão chamado Viáfara. Brincadeira tem hora. Somem-se a isso tudo, os erros do novo técnico Ney Franco talvez por ser novo possa ser perdoado escalando o Ferreira como atacante e insistindo com um velho conhecido inoperante chamado Claiton.
Não tenho certeza, mas acredito que os jogadores e comissão técnica se reúnam para assistir aos vídeos das partidas. Como será que eles reagem? Como será que fica a cara do Alan Bahia depois de assistir ao seu erro no meio de campo que permitiu o contra-ataque do Santos e ao pênalti pueril que cometeu? Como se comporta o Nei ao ver que o gol do Pedrinho, totalmente livre? Imagino nossos zagueiros balançando a cabeça em sinal negativo ao ver que, no primeiro gol, eles de frente, permitiram um gol de nuca. Ou terá sido de orelha? Não importa. O nosso time é horrível! Não que falte raça, eles são ruins mesmo! Mas o politicamente correto Ney Franco diz que o elenco é bom. Só ser for para jogar com perdão e respeito aos atletas da suburbana na várzea.
Mas atleticano que é atleticano não se entrega. Meu tio-avô Agostinho Bernardo da Veiga, de saudosa memória, ex-presidente do Clube Atlético Paranaense, não precisa, ainda, se virar no túmulo. Meu falecido avô José Bonifácio de Barros Pimpão, que bateu uma bolinha no Internacional Foot-Ball Club, também pode ficar sossegadinho, esteja ele onde estiver. Apesar dos jogadores encararem o Atlético como um simples negócio; que não se emocionam ao imaginar o time na segunda divisão; que conseguem separar o Atlético de sua torcida, fazendo da paixão do povo atleticano um trampolim para o sucesso pessoal, ainda há atleticanos que acreditam que a camisa rubro-negra só veste por amor.
Não sou nostálgico, muito menos retrógrado. Nem daqueles que não acreditam que o homem pisou na Lua. Muito ao contrário, pela profissão que exerço, entendo a evolução como necessária e fundamental para o aprimoramento da sociedade e das instituições. Agostinho Bernardo da Veiga, apesar de ter nascido no início do século XX, também não era um homem ultrapassado ou contrário ao progresso. Professor Catedrático da Universidade Federal do Paraná e Professor Emérito da Universidade de Washigton não tinha tempo de ser antiqüado. Dele, inúmeras vezes, ouvi as histórias do Clube Atlético Paranaense. O brilho em seus olhos falava por ele ao citar as passagens de 1928, quando presidiu o clube. Tinha muito orgulho de ter participado do processo de aquisição da sede da rua XV de Novembro. Aprendi com ele que a razão da existência de uma agremiação de futebol é a sua torcida, mais do que isso, a paixão que envolve o torcedor pelo seu clube. Eram deles estas palavras: O Atlético só existe porque pessoas se aglutinaram em torno de uma causa e passaram a vibrar e a torcer pelo sucesso do time de futebol. As pessoas só se aglutinaram porque havia uma causa e continuam a se aglutinar porque o Atlético existe.
É disso que o nosso Atlético precisa! Paixão. Trabalho diuturno em prol da nação rubro-negra. Labuta voltada aos seus apaixonados torcedores, seus filhos e netos. Afinal, o Clube Atlético Paranaense só existe porque existem pessoas que irão gritar “GOL” na vitória e irão chorar na derrota.
Agostinho, assim como guardo sua medalha de atleticano imortal, eu guardo a sua paixão pelo Atlético. E consegui mais, como diz o hino, A tradição de nossa Raça; Nos legou um sangue forte; Rubro-negro não tem jaça; E não teme a própria morte.
Meu filho Rafael também é um atleticano dos sete costados!