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19 set 2007 - 13h32

A solução para o Sócio Furacão

Ao pensar nas situações que vivi em minha infância, lembrei das manhas que fazia quando queria muito um brinquedo, um chocolate. Tenho certeza que qualquer um que ler minha primeira frase, também lembrará que fez igual. Lágrimas, pulos insistentes, deitar no chão do supermercado ou loja eram algumas das soluções que nós, crianças ‘ingênuas’, tínhamos para conquistar o tal desejo e a atenção de nossos pais.

Muitos sócios estão revivendo sua infância, neste momento, fazendo manhas a fim de chamar a atenção da diretoria atleticana para que esta tome um posicionamento quanto ao tal esperado benefício (extra) que desejamos para compensar a promoção do meio-ingresso para todos os torcedores.

Antes de continuar, quero expor minha história com os pacotes do CA Paranaense. O ano era 2006, diariamente acompanhava as notícias relacionadas ao clube através do website oficial, Furacao.com, rádios e televisão (um vício que tenho orgulho de manter até hoje) e entristecido ao ver que o número de ‘pacoteiros’ estava diminuindo ano após ano. Naquele momento estava terminando minha faculdade e decidi meu projeto de conclusão de curso seria apresentar soluções para reduzir tal queda e agregar novos associados.

Como o bom perfeccionista que sou e com ajuda dos colegas de minha equipe, pesquisamos junto a mais de 700 torcedores seus hábitos e expectativas quanto aos pacotes e ingressos, além das fundamentações teóricas de Kotler, Las Casas, Cobra, Churchill e muitos outros.

Faltando poucos dias para a defesa de meu projeto, a qual teria a presença do diretor de marketing do clube Mauro Holzmann, não estava satisfeito com as soluções desenvolvidas e resolvi pesquisar ainda mais, com a ajuda da minha querida professora Roseli, responsável pelo meu deslumbre com o Comportamento do Consumidor, e chegamos à conclusão de que o ‘produto’ pacote não tinha problemas em si, mas os processos de compra, comercialização, relacionamento, atendimento e comunicação sim. Imaginem meu desespero em descobrir tudo isso a três dias de minha apresentação.

Não foi à toa que expus aqui um pouco de minhas experiências. Agora esse texto começará a fazer sentido.

Futebol é paixão, é sentimento, é alegria. Assim como deve ser o início do processo de compra, atendimento e comunicação com o torcedor/consumidor. Através do Comportamento do Consumidor entendemos que com um produto de alto poder afetivo, como o Sócio Furacão, deve ser priorizado a emoção nos argumentos de comunicação e negociação, para então o torcedor/consumidor buscar informações como preços e afins para então efetuar a compra.

Aqueles que se tornaram sócios, até então, estão descontentes no momento, não pelo ingresso extra esperado como benefício devido a tal promoção, mas pelo sentimento de descaso com sua paixão pelo clube. E no momento não tenho como não lhes dar razão.

Sinceramente, eu não quero o tal ingresso extra, meus amigos já são sócios ou fazem questão de comprar seu próprio ingresso para apoiar jogo a jogo, e não quero ser motivo da ausência de outro torcedor tão apaixonado quanto eu. Prefiro que esse bilhete esteja disponível para aquele tão interessado na vitória do Furacão quanto eu.

Também não seria justo com meus sentimentos, com minha paixão e vontade de ajudar meu time se aceitasse uma extensão de meu contrato com ‘meses gratuitos’. Benefícios financeiros sempre serão bons, mas acredito que não seria a solução ideal para tal problema.

Além de uma significativa melhora no atendimento, relacionamento e na atenção nos dada, existe sim uma efetiva solução para o Sócio Furacão que é a valorização do torcedor, do associado, que deseja participar ativamente do dia-a-dia do clube. Não é o sorteio de uma camisa autografada pelo time, mas a oportunidade do sócio em conhecer pessoalmente os craques que simpatiza e conseguir sua assinatura. Não é apenas ver seu time entrando em campo, mas vê-los treinando e se destacando frente ao treinador no CT do Caju. Soluções relativamente simples, e sem grandes investimentos para sua realização.

Como vimos acima, a melhor solução para o Sócio Furacão é reconhecer o valor de cada torcedor e aproximá-lo cada dia mais do clube ao ponto de deixar que ele realmente participe do cotidiano rubro-negro.

Dificilmente lembrarei de muitos brinquedos que ganhei, menos ainda dos muitos doces e chocolates que comi em minha infância, mas com certeza sempre lembrarei do carinho e atenção de meus pais.

Somente com a atenção dos colaboradores do Clube Atlético Paranaense, sejam eles atendentes, recepcionistas, gerentes, diretores e dirigentes farão com que lembraremos com tanto gosto e carinho pelo nosso time por muitos e muitos anos, além de motivar-nos a estar presente em todos os momentos, quer sejam nas vitórias ou dificuldades. Como fazemos com nossos pais.

E se hoje me perguntarem se renovaria minha assinatura, minha resposta seria sim, pois sempre acreditei que a melhora é possível, mas segue um aviso aos nossos diretores: cuidado, pois não existe paciência e esperança que seja eterna.

Lembre-se: esta é a hora de cada um, sócio, torcedor, jogador e diretoria fazer a sua parte em prol do Furacão!



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