A marcha fúnebre II
Eis que de trás da lápide
Surge ele novamente
Pra fazer mais um enterro
Dessa vez pra menos gente
Outrora tocava o sino
Agora é o apito do trem
Que avisa os ribeirinhos
À margem do rio Belém
Que o corpo está chegando
Com três balas em seu peito
Consta no obituário:
Morto em São Januário
À espera do defunto
A tristeza é visível
Não foi fácil agüentar
Um calvário tão sofrível
O que era para ser
Muitos dias atrás
Só aconteceu domingo
Agora, descansa em paz…
Descendo ladeira abaixo
Vê-se o carro funerário
Fumegando o escape
Mais que táxi paraguaio
Antes que achem estranho
Antes que alguém zombe
Não há nada de errado
Esse carro ser uma Kombi!
Utilitário é pra isso
Serve pra todo gosto
Num dia transporta vivos
No outro carrega morto!
Deixando o papo de lado
Prossegue o funeral
E à frente do cortejo
Adivinhem quem eu vejo?
Uma escolta alaranjada
Buzinando e que depois,
Pra compensar esse trauma,
Vai cobrar bandeira dois
Eis que retorna o coveiro
Com pá, tijolo e cimento
Até que enfim é chegado
O final desse lamento
Choram homens e mulheres
Choram ateus, choram os crentes,
Choram os homens casados
Choram os independentes…
Então, sem muito alarde,
Sem pompa e sem imprensa
Desce fundo ao sepulcro
Alguém que saiu no lucro
Por sorte do falecido
Pouco dele se falou
Já que no mesmo domingo
O país todo parou
Pra ver outro moribundo
Cair em preto e branco
Que agora jaz ao lado
De Pinheiros e Colorado.
Descansem em paz, Pinheiros, Colorado e Corinthians.
Atlético 4 ever!
Confira “A Marcha Fúnebre” original na página do Atlético Paranaense, no Orkut:
http://www.orkut.comCommMsgs.aspx?cmm=29036&tid=2427236252633025501&kw=A+Marcha+F%C3%BAnebre