21 maio 2008 - 15h14

"Quem é Roberto Fernandes", por Milton Cunha Neto

Roberto Fernandes, natural de Recife, nasceu no mês de maio (dia 5), no ano seguinte à conquista da Copa do Mundo do México, pelo Brasil de Pelé, Tostão e Rivelino. Como recifense logo se revelou torcedor do Clube Náutico Capibaribe. Ia aos jogos. Torcia. Acompanhava o time nos jogos do interior. Reclamava. Gritava nos gols.

Roberto cresceu. Virou técnico de futebol. Foi trabalhar no Primavera, de São Paulo. Era o ano de 2001. Ano inesquecível para o torcedor do Atlético – campeão brasileiro. De lá, passou pelo Independente e União São João, ainda no Estado de São Paulo. Foi trabalhar em Londrina, treinando o Tubarão, em 2003 – ano em que chegou nas semifinais do estadual, sendo eliminado pelo Coritiba.

Voltou para São Paulo, onde ficou à frente do Guaratinguetá. Passou pelo Anapolina-GO, Ceará e Vila Nova-GO. Treinou o Ituano, em 2006 (mas não estava à frente do time de Itu, no dia em que o Náutico subiu para a primeira divisão). De lá foi para o Brasiliense, onde tornou-se campeão estadual e levou o time candango para as semifinais da Copa do Brasil, em 2007.

Ainda era treinador da equipe do Distrito Federal, quando o flagrei, nas cadeiras dos Aflitos, torcendo para o nosso Náutico, contra o Vasco da Gama, pelo brasileiro de 2007. Pouco tempo depois, era apresentado como novo técnico do Náutico, no lugar de Paulo César Gusmão – que vinha fazendo uma péssima campanha na serie A, levando o timbu a se tornar um dos dois favoritos ao rebaixamento (junto com o América de Natal).

A estréia do novo treinador foi emblemática. Na arena da baixada, contra o Atlético-PR. O time alvirrubro, de Recife, não conseguiu até então, um único ponto no certame. Fez 1 x 0. Gol contra de Michel. O Atlético empatou com Pedro Oldoni, no segundo tempo. Mas o esquema montado às pressas por Roberto não permitiu que o Atlético virasse o placar. Alex Mineiro ainda seria expulso, facilitando a missão dos comandados do pernambucano.

Depois disto, o Náutico decolou na competição e, numa reação fantástica, livrou-se do rebaixamento, vencendo fora de casa, exatamente os concorrentes diretos nesta briga contra a serie B. Corinthians, Paraná, Goiás e América-RN perderam para o timbu, em seus próprios domínios. O Juventude não conseguiu ganhar. E, de quebra, o Náutico ainda venceu o Santos, na Vila e empatou com o Cruzeiro, no Mineirão, numa noite fantástica do artilheiro uruguaio Acosta.

Nos Aflitos goleou o Atlético, por 5 x 0 e o Botafogo, Juventude e Figueirense. Venceu jogos importantíssimos contra o Corinthians e Flamengo. E derrotou o maior rival, no clássico pernambucano (2 x 0).

Foi considerado por todos o maior responsável pela reação do Náutico no Brasileiro.

Permaneceu no Timbu, em 2008 e manteve uma mínima espinha dorsal, com Eduardo, Vagner, Everaldo, Radamés, Geraldo e Felipe. Trouxe do Brasiliense o atacante Warley e do Atlético, o volante Ticão. Do Corinthians outro volante, o Paulo Almeida e ainda teve às mãos o elenco com o ídolo Kuki e a revelação do Náutico em 2008, o jovem Wellington. Não acertou com os laterais e nem com o novo estrangeiro do time, o colombiano Laborde. Muito jovem e inexperiente.

Foi criticado pela torcida e imprensa local, ao utilizar alguns expedientes, poupando jogadores em jogos e colocando atletas em posições que não era as suas originariamente. Mesmo assim, chegou ao vice-campeonato estadual, mas ao custo de ter perdido 5 vezes (para times como Ypiranga, Centro Limoeirense, Serrano e Salgueiro, além do rival Sport, nos Aflitos).

Na Copa do Brasil fazia um boa campanha até levar um gol do Atlético, nos minutos finais de uma partida que vencia por 3 x 1, nos Aflitos. Perdeu por 1 x 0 no Mineirão e foi eliminado nas quartas-de-finais, quando ficou a sensação que o timbu tinha condições de ir mais além.

No atual campeonato brasileiro ganhou do Goiás por 2 x 1, nos Aflitos e venceu o Fluminense no Maracanã. Liderava a competição com 100% de aproveitamento (tem 67% de aproveitamento nos 59 jogos que fez a frente do timbu).

É um técnico muito disciplinador. Que chama a atenção de seu atleta, aos gritos e gestos, à beira do campo. E foi muito criticado por isto, pela imprensa local.

Tem um bom relacionamento com a torcida – pois já foi um deles. E com a imprensa, gera polêmica com suas análises pós-jogo.

Pode ser um grande treinador à frente do Furacão. É jovem e competente. Com uma boa estrutura, como tem o rubro-negro atleticano, pode chegar próximo de uma campanha como a de 2001.

Milton Cunha Neto é advogado e assessor da presidência do Clube Náutico Capibaribe. Torcedor do Náutico desde criancinha e do Atlético desde quando morou em Curitiba, entre 2000 e 2004. Mantém um blog no GloboEsporte.com sobre o Náutico.



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