6 ago 2008 - 23h46

Tico destaca mobilização e diz que está preparado

O auxiliar técnico Tico dirigiu a equipe do Atlético pela primeira vez em uma partida oficial na noite desta quarta-feira, diante do Náutico na Arena da Baixada. O resultado não poderia ter sido mais satisfatório: vitória por 2 a 0 e a saída da zona de rebaixamento do Campeonato Brasileiro. Antes disso, ele havia apenas comandado o time principal em amistosos e dirigido ainda a equipe sub-23.

Na entrevista coletiva concedida na sala de imprensa da Arena, Tico não escondeu o desejo de seguir carreira como técnico de futebol. Depois de trabalhar por mais de dez anos como auxiliar técnico de Levir Culpi, ele entende que está agora preparado para seguir carreira solo. Chegou a dizer que tem plena convicção de que será técnico. Só não sabe quando. Pode ser agora ou depois. Mas ele garante que está preparado para assumir a responsabilidade, carregando toda a experiência de mais de duas décadas trabalhando no futebol e com a maturidade de um homem de 48 anos e pai de três filhos.

Apesar de responder aos jornalistas dizendo que tem vontade e condições de ser técnico efetivo do Atlético, Tico fez questão de ressaltar que esta é uma decisão que cabe à diretoria do clube e seu trabalho será feito para deixar que os dirigentes fiquem bem à vontade para tomar as medidas que julgarem mais convenientes para o futuro do clube.

Sobre este jogo, o treinador interino ressaltou que a mobilização de todos no clube foi fundamental para a vitória. Confira as principais declarações:

CHICO
"Em relação ao Chico, é uma pena porque ele fez uma grande partida. Ele atacou e usou bem o corredor esquerdo ao lado do Márcio. E o Alan Bahia volta. Agora eu vou analisar o Flamengo. Temos de respeitar o Flamengo no Maracanã, mas o Atlético é time grande. E time grande tem de pensar em vitória fora de casa. Se nós formos pensando em empatar, nós temos uma condição de perder. Então, vamos pensando em vencer."

VOCÊ ESTÁ PREPARADO PARA SER EFETIVADO?
"Essa pergunta não é bem para mim. É difícil de eu falar sobre essa questão. Eu estava com o sub-23, o presidente me chamou, pediu para eu colaborar, mas eu não estou preocupado com isso. Estou preocupado em fazer um bom trabalho, focar bem esse pessoal, fazer um trabalho psicológico melhor ainda do que fizemos nesse jogo e deixar a diretoria tranqüila, em paz, para que eles possam escolher o que é melhor para o clube. Eu tenho minhas idéias, minhas convicções e vou seguir carreira como treinador. Isso é questão de oportunidade. Se não for agora, vai ser em outro momento."

VIRTUDE
"A grande virtude foi mudar um esquema rapidamente, de um dia para o outro, com treinamento e assimilação muito grande dos atletas. A dedicação deles foi muito grande para que isso acontecesse. Em véspera de jogo, a gente treina normalmente 20 minutos e ontem nós treinamos uma hora. A gente deu prioridade para que o esquema funcionasse. O Chico estava exausto no final, mas eu já havia feito as três substituições. A superação dos jogadores, em relação ao psicológico, foi o grande mérito da equipe. E não foi só os jogadores. Foram os cozinheiros, os funcionários do CT, da Arena. Foi uma corrente tão forte com os funcionários do Atlético que deixou a gente emocionado."

PRÓXIMO JOGO
"Não tem muita coisa para inventar. Temos de estudar o Flamengo, ver o que o Flamengo tem de bom e como podemos levar vantagem. Precisamos descansar os jogadores e amanhã temos um jogo-treino para que eu possa observar jogadores que precisam de ritmo, como é o caso do Kelly. E depois a gente monta o time, faz um trabalho sexta-feira, vamos para a concentração e para o jogo."

PREPARAÇÃO
"Eu acho que o Campeonato Brasileiro é muito difícil. Você tem de ir por partes. Não dá para fazer um projeção muitas rodadas para frente. Temos de fazer o jogo da nossa vida contra o Flamengo. Até porque o campeonato é pontos corridos. Não dá para pensar no Ipatinga, tem de pensar no Flamengo. Time de massa eu sei como funciona. Quando está em situação difícil, a mobilização é muito grande, como foi com a gente hoje. Então, temos de ter humildade e trabalhar bastante."

PRELEÇÃO
"Eu cobrei na preleção que os mais velhos têm de puxar o carro para frente. Eles já passaram mais vezes por esse tipo de situação, então eles têm obrigação. Não que os mais novos não tenham também."

CARREIRA
"Eu surgi muito cedo em termos de trabalho após parar de jogar futebol como profissional. Eu recomecei o curso de Educação Física e trabalhei muito tempo em categoria de base. Depois eu fiquei quase dez anos como auxiliar técnido do Levir Culpi e aprendi muita coisa com ele. Mas não posso deixar de falar do Otacílio Gonçalves, com quem eu trabalhei cinco anos no Paraná Clube. Dirigi o profissional do Paraná, dirigindo o time em várias ocasiões no Paranaense. Depois eu trabalhei com o Levir por vários clubes, inclusive no Atlético em 2004, que é a maior frustração da minha carreira. Esta é a pedra no sapato, eu não me conformo de não ter sido campeão brasileiro naquele ano."

MATURIDADE
"Eu assumi o Paraná com 33 anos em 94. De lá para cá, se passaram 14 anos. Eu ganhei maturidade nesse tempo. Eu hoje sou pai de três filhos, estou com 48 anos."

RESPONSABILIDADE
"A responsabilidade é muito pessoal minha. Isso é independente da função que você executa. Mesmo não sendo técnico, você tem muita responsabilidade no seu trabalho. É claro que o técnico está mais exposto. Você está vacinado com isso que acontece no futebol. Quando se ganha no Brasil não está tão no céu assim, mas quando se perde não está tão no inferno. Esse equilíbrio eu adquiri hoje e isso ninguém me tira. As oportunidades vão surgindo e você tem de estar preparado para elas."



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