Moraci Sant’Anna destaca evolução física do Atlético
Ferreira, Valencia e Alan Bahia. Os três jogadores do Atlético-PR são os melhores exemplos da evolução física da equipe no Brasileirão 2008 desde a chegada do preparador Moraci SantAnna. Bicampeão Mundial pela seleção brasileira, ele chegou ao clube junto com o ex-treinador Mario Sérgio para tentar recuperar a precária condição física dos jogadores atleticanos. Mário Sérgio saiu, mas ele ficou com a chegada de Geninho. O contrato da dupla com o Rubro-Negro termina no fim do ano e ainda não há definição sobre a permanência. Quando chegou, o que Moraci encontrou foi assustador.
– Realmente. Quando cheguei aqui, a situação estava muito complicada. Tínhamos 13 jogadores no departamento médico, o que é bastante anormal. O que mais me preocupou, após as avaliações que pude fazer, o que mais me deixou angustiado, era ver os jogadores naquela situação e não poder fazer nada de imediato para melhorar. No curto prazo, emergencialmente, não havia o que ser feito. Se eu puxasse demais o ritmo dos treinos, mandaria mais gente para o DM – diz Moraci.
O método de trabalho que mais se encaixou às necessidades do grupo de jogadores atleticanos foi decidido e precisou da participação de todos para dar certo.
– Usamos o equilíbrio nos trabalhos, apesar de termos tido que assumir alguns riscos no começo. Tínhamos que forçar um pouco e sabíamos que mais jogadores poderiam voltar ao DM, como realmente aconteceu. Mas hoje, com o time em evolução, percebemos que valeu a pena.
Aos poucos o departamento médico do time foi esvaziando e nesta semana chegou a um momento quase inédito na temporada: apenas Renan segue em tratamento (além de Nei, operado, que só volta ano que vem).
– Depois desse primeiro momento, com base na nossa experiência e nas condições que tínhamos, mantivemos um ritmo de trabalho forte, mas sem exageros, aliado a trabalhos táticos e técnicos. A sintonia com o Geninho foi fundamental e o equilíbrio foi a chave do nosso sucesso momentâneo.
Hoje, os jogadores têm se mostrado em um outro nível de preparo físico, bem diferente daquele encontrado por Moraci.
– Não só o Ferreira está melhor, mas o Alan Bahia, o Valencia e a maioria dos jogadores. A evolução é sensível. Quando paramos de jogar quinta e domingo, o grupo todo melhorou. Do jogo contra o Vasco, que foi super desgastante, para o contra o Sport, que marcamos o gol da vitória no final, eles responderam muito bem e comprovaram essa evolução.
O dedo do Moraci
Além de cuidar da preparação física do clube no dia-a-dia, Moraci SantAnna foi além. Para ele, é preciso conseguir um algo a mais para se alcançar o objetivo traçado.
– Toda vez que você faz uma programação, leva em conta que os jogadores envolvidos são atletas profissionais. Quando você recebe um jogador pela manhã, espera que ele tenha se alimentado e descansado bem durante a noite, para daí sim responder aos treinos da maneira esperada. Mas nem sempre isso acontece – afirma. Controlar essas variantes se revelou uma missão complicada.
– Quando eles comem no CT, a comida é balanceada e controlada pela Cris, nossa nutricionista. Fora dali é difícil controlar. Para complicar, hoje a maioria dos jogadores é casado e muitos deles têm filhos pequenos. Por vezes, um choro fora de hora, pode comprometer uma boa noite de sono. Para diminuir esse tipo de coisa, quando temos jogos domingo, chegamos a concentrar na quarta-feira para termos jogadores inteiros no dia do jogo – revela. A preocupação de Moraci com o extra-campo foi ainda mais além:
– Já conversei com todos, do roupeiro ao presidente, sobre preparação física. Para você ter um idéia tive uma conversa com o pessoal que trabalha com o gramado da Arena da Baixada. Chegou um momento que a grama estava alta demais e prejudicava o desempenho dos jogadores, já que tivemos vários jogos com o gramado molhado e pesado. A grama ficava com 3,2 cm e pedi para baixar para 2,8 cm (risos). Nessa hora vale tudo – diverte-se.
Futuro incerto
Um dos responsáveis diretos pelo renascimento do Furacão no Brasileirão, Moraci ainda não sabe o que o futuro lhe reserva.
– Quando vim para cá, acertei com o Edinho (Nazareth, ex-diretor de futebol) um contrato até o final do ano para ajudar a manter o Atlético-PR na primeira divisão. Ainda não conversamos sobre o futuro. Acho que todos estão (eu, diretoria e o próprio Geninho) esperando que a situação do clube finalmente se resolva para conversarmos.
Mas, como um alento para a torcida, Moraci se diz contente com o trabalho desenvolvido e se mostra disposto a ficar.
– Eu estou satisfeito com o meu trabalho até aqui. Minha relação com a diretoria é maravilhosa e sinto que há uma confiança no meu trabalho, o que facilita para conversarmos sobre a renovação. Vamos esperar o fim do campeonato para pensarmos mais sobre o assunto.