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24 nov 2008 - 7h13

O timoneiro

Quando o Atlético atingiu a zona de rebaixamento, poucos eram aqueles que tinham alguma esperança que a situação pudesse ser revertida. O time estava desmotivado, desunido, não conseguia nenhum bom resultado e muitos torcedores já estavam conformados com a rebaixamento para a segunda divisão.

A partida contra o Fluminense na Arena foi a gota d´água. Um time nervoso viu Washington marcar três gols e entrou em pane.

Só que no banco estava um técnico de futebol. Mais do que isso. Um homem. Um homem que veio com a missão de livrar o time da situação desesperadora em que se encontrava. Veio tardiamente e sem o apoio da diretoria, que resolveu largar o time na hora que ele mais precisava do apoio de todos os atleticanos.

Na verdade, o que a diretoria que se afastou voluntariamente queria, era mandar o time para a segundona com Geninho a reboque. Para denegri-lo. Mas o plano, felizmente, não está dando certo.

Tudo porque Geninho é um homem sério e que vem trabalhando duro e com muita dedicação, como compete a um verdadeiro líder. Deu outra cara ao time. Conscientizou os jogadores da extrema necessidade de livrarem o Atlético da segunda divisão, não apenas para o bem do Atlético, mas para o desenvolvimento das suas próprias carreiras. Estes jogadores sabem que um rebaixamento mancha o currículo e que eles podem entrar num ostracismo sem volta, caso façam parte de uma equipe que tenha sido rebaixada de divisão.

A concentração antecipada dos jogadores antes dos jogos, com até quatro dias de antecedência, tem sido fundamental para a união do grupo.

Junto com Moraci Santanna está fazendo um trabalho exemplar na preparação física, conseguindo inclusive evitar as lesões que faziam com que os jogadores fizessem visitas constantes ao departamento médico, que agora começou a esvaziar.

Geninho é um homem sóbrio, moderado nas suas declarações, que procura não se deixar levar pela euforia, mas que injeta ânimo nos jogadores durante os jogos. Também tem uma visão perfeita dos jogos, sabendo fazer a substituições adequadas no momento certo.

A evolução é nítida: nos últimos seis jogos foram quatro vitórias e dois empates. Nestes jogos ficou claro que agora o Atlético é um time e não mais um amontoado de jogadores. A defesa voltou a jogar bem. Contra o Cruzeiro, com Rafael Santos, Gustavo ex-Malutrom e Antônio Carlos foi perfeita. Por algum motivo, Geninho prefere manter Rhodolfo e Chico como titulares na zaga. O futebol de Valencia e Alan Bahia voltou a crescer, além do que, Ferreira redescobriu a alegria de jogar futebol. Geninho separou o joio do trigo. Alguns jogadores que eram titulares com os técnicos anteriores foram saindo paulatinamente do time (ou quiseram sair, inconformados com o banco como felizmente aconteceu com um jogador da defesa) e permaneceram os mais qualificados nas posições certas. Jogadores que estavam desacreditados como Rafael Moura e Zé Antônio renasceram das mãos de Geninho. Netinho, mesmo improvisado na ala esquerda, tornou-se a melhor opção de gol do time pela precisão com que lança a bola nas cabeças de Alan Bahia e Rafael Moura.

Geninho é como um timoneiro a quem foi dado o comando de um navio em plena tempestade, sendo que os donos do navio, medrosos e covardes afastaram-se e deixaram o timoneiro sozinho com sua tripulação. Geninho soube escolher os melhores elementos da tripulação, e em meio às tempestade está sabendo conduzir o navio a um porto seguro.

Ainda faltam duas rodadas. Duas batalhas. Contra o Náutico, o reencontro com Roberto Fernandes. Uma vitória contra o alvirrubro de Recife significa a permanência na primeira divisão. Contra o Flamengo, caso tenha cumprido a missão contra o Náutico, um dia de festa. Caso não tenha cumprido a missão contra o Náutico e o Flamengo precise do resultado, um dia de drama e fortes emoções.

Independente do que quer que aconteça, a notável recuperação do time é obra única e exclusiva do Geninho e do seu grupo de jogadores. Tivesse ele vindo logo depois da saída de Ney Franco e a história do Atlético neste campeonato teria sido bem diferente do que ainda ter 7% de possibilidades de ser rebaixado faltando duas rodadas para terminar o campeonato.



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