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23 abr 2009 - 16h26

O Centenário é rubro-negro!

Ontem, estava eu na Praça Rui Barbosa. O relógio marcava 18h30 e eu estava na Praça Rui Barbosa, em pé, na gigantesca fila, esperando o Vila Velha, ônibus que me levaria de volta para casa. Longa fila, longa espera. Acendi um marlborinho vermelho, para pensar melhor, ou para lembrar com mais precisão os fatos pretéritos desta minha vida de contador de histórias.

Durante 5 anos, entre 1993 e 1997, peguei ônibus naquela praça. As aulas na Faculdade de Direito de Curitiba acabavam por volta das 23 horas e depois lá íamos nós – eu e os bons amigos – pegar o busão na velha Rui. No começo, 1993, ainda não havia a Rua da Cidadania da Matriz, inaugurada no final de 1994. Eu e os amigos estivemos presentes à inauguração. Bons tempos. Saudades.

Após as aulas, íamos para a Praça pegar o ônibus para voltar para casa e aproveitávamos para ver as moças desfilarem suas belezas. Estudantes de Direito, nós fazíamos gracejos nunca correspondidos. Nunca, não: às vezes uma protestava ‘Cafajestes!’ e outra dava uma risadinha encabulada, mas a maioria delas passava ao largo. A curitibana é uma mulher difícil de agradar e de entender.

Ficávamos na Praça, também, para as últimas conversas da noite. Certa vez, o professor José Maurício, de TGP – Teoria Geral do Processo – aconselhou-nos a assistir à trilogia: ‘A Liberdade é Azul’, ‘A Igualdade é Branca’ e ‘A Fraternidade é Vermelha’. Desnecessário lhes dizer que todos os CDFs da Faculdade correram para locar as fitas, ainda no tempo do VHS. Desnecessário lhes dizer que eu e os meus amigos não assistimos à porra nenhuma.

Nós queríamos ver as meninas, dentro e fora da Faculdade. Trilogia para nós levava o nome de “Karimen”, “Karen”, “Cinthya”. Aos 17 anos, um guri não pensa noutra coisa. Direito? Que nada! Aos 17 a gente é errado, é torto, é esquerdo, é avesso, graças a Deus! Bons tempos. Saudades. O relógio já marcava 18h40 e eu permanecia na Praça Rui Barbosa, em pé. Fila gigantesca e eu esperando o Vila Velha.

Acendi mais um marlborinho vermelho, para pensar melhor, ou para lembrar com mais precisão os fatos pretéritos desta minha vida de contador de histórias. E não sei por que me lembrei do nome da trilogia recomendada pelo professor “A Liberdade é Azul’, ‘A Igualdade é Branca’ e ‘A Fraternidade é Vermelha’. Por que lembrar daquilo? Um fato irrelevante perdido na memória e no passado! Um fato acontecido havia tanto tempo. Lembrar por quê?

Sem encontrar o porquê, cheguei a repetir baixinho “A Liberdade é Azul’, ‘A Igualdade é Branca’ e ‘A Fraternidade é Vermelha’. Olhar perdido longe, lá pelos prédios da Desembargador Westphalen. Repeti uma vez mais e ainda outra: “A Liberdade é Azul’, ‘A Igualdade é Branca’ e ‘A Fraternidade é Vermelha’.

E eis que quando eu repetia pela última vez meu quase-mantra “A Liberdade é Azul’, ‘A Igualdade é Branca’ e ‘A Fraternidade é Vermelha’, rasgou na reta um vigoroso expresso que me pareceu ser um Caio Millennium2 – Volvo B12M – 2006, Biarticulado, desses que comportam 300 pessoas, mas que costumam trafegar com mais de 400. No topo do furioso expresso vermelho e preto estava escrito o nome da linha: CENTENÁRIO e foi aí que tudo afinal fez sentido em minha mente.

“A Liberdade é Azul’, ‘A Igualdade é Branca’, ‘A Fraternidade é Vermelha’ e o CENTENÁRIO É RUBRO-NEGRO! O CENTENÁRIO É RUBRO-NEGRO! Indelevelmente Rubro-Negro, inegavelmente Rubro-Negro, indiscutivelmente Rubro-Negro. E a bordo do Vila Velha, fui para casa repetindo, mentalmente, o perfeito mantra: “A Liberdade é Azul’, ‘A Igualdade é Branca’, ‘A Fraternidade é Vermelha’ e o Centenário é Rubro-Negro, pra desespero da coxarada!

Domingo, 26/04/09, 15h50, Arena da Baixada. Atlético pra atropelar os verdes. Atlético convertido em expresso veloz e furioso. Atlético pra Caio Millennium2 – Volvo B12M – Biarticulado nenhum botar defeito! Estaremos lá!



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