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30 abr 2009 - 18h28

Domingo a Taça será nossa!

Hoje, 30 de abril. Último dia para enviar à Receita Federal a famigerada Declaração do IRPF, exercício de 2008. Há pouco terminei meus cálculos e mandei, via Internet. Pulei de olhos fechados no profundo abismo da tributação. Pode ser que eu sobreviva, e pode ser que acabe enrolado na malha fina que acaba sempre nos enforcando um pouco mais, ao contrário das redes que salvam os equilibristas.

Convertido em Tiradentes extemporâneo, sou enforcado pelo Imposto de Renda-se! Cumpro minha sentença também no mês de abril. Vontade de gritar na frente da Receita: “Liberdade, ainda que tardia!”, ou pelo menos bradar – a plenos pulmões: “Salário não é Renda, seus viados!”, mas melhor deixar pra lá. Cumpro minha sentença, irresignado. Contribuo com meu salário para a compra das passagens aéreas dos congressistas da Nação.

Hoje, 30 de abril. Minha alegria vem do futebol e vem mais precisamente do Atlético. Futebol e Atlético, para mim, são sempre sinônimos. Alegria e Atlético nem sempre são. Às vezes, Tristeza e Atlético se equivalem no meu vocabulário. Foi assim no último domingo, mas ontem a coisa foi diferente. Ontem, Alegria e Atlético se deram as mãos e foi bonito de ver. Ontem, o Atlético jogou com Alegria e o Futebol, por conseqüência, se alegrou.

Vinte e dois mil rostos carregados transpuseram os portões da Arena antes das 21h50. Traziam consigo as expressões pesadas da desconfiança e do desalento. Havia nas vinte e duas mil cabeças pensamentos inconfessáveis: “Hoje não vai dar!”, Hoje a noite é do Ronaldo!”, “Será lucro perder de pouco!”. Tristeza e Atlético ainda eram sinônimos na mente e nos corações angustiados.

A gente, quando sofre, acaba descrente de tudo e a fé vira um fiapo à medida que a fibra enfraquece. A fraqueza e a coragem são sentimentos humanos. De tudo que é humano nada me é estranho. Antes de estranhar a nossa gente, passei a reconhecê-la e ela foi se deixando reconhecer à medida que a noite avançava. Gritos de guerra, canções de amor. Gestos marciais, bandeiras desfraldadas. Orgulho nos olhos, cabeças erguidas. Um, dois, três gols de vantagem. O Atlético e a Alegria estavam de volta, unidos, pra ficar.

Era quase meia-noite. Vinte e dois mil rostos revigorados pelo triunfo transpuseram os portões da Arena e ganharam as ruas da cidade. Havia nas vinte e duas mil cabeças toda sorte de pensamentos: “Por que não jogamos assim no domingo?”, “Quem veio ver Ronaldo acabou vendo Wallyson!”, “Até que enfim, botaram Raul!”, “Tiramos a invencibilidade do todo-poderoso Timão!”, “Domingo, jogando assim, erguemos a Taça!”. O Atlético e a Alegria estavam de volta, pra ficar.

Hoje, 30 de abril. Minha alegria vem do futebol e vem mais precisamente do Atlético. Convertido em Colunista extemporâneo, enforcado pelo Imposto de Renda-se, tenho vontade de gritar na frente da Receita: “Salário não é Renda, seus viados!”, mas melhor deixar pra lá. Prefiro anunciar, a plenos e renovados pulmões, que “Domingo a Taça será nossa!”, “Que a Esperança renasceu no coração da gente – se é que um dia esteve morta”, “Que a gente merece ser campeão do Paraná”, “Que a gente merece ser feliz, outra vez!”.

Domingo, 03/05/09, 15h40, Arena da Baixada. Atlético na derradeira batalha do Estadual 2009. Estaremos lá!



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