Ritmo de maluco
Eu me aventurei no mundo do ciclismo, nos meus já idos 17, 18 e 19 anos, após não poder praticar mais futebol devido às seguidas inflamações do ciático esquerdo e posterior.
Naquele mundo de ciclistas malucos, que falam ‘vai na roda’, ‘vai no vácuo’, ‘sprinter’, ‘olha a pedraaaaaa’, eu aprendi uma coisa: é na dificuldade alheia que surge o preparo. Como isto era praticado:
Nas subidas acima de 300 m, era o momento da equipe dar tudo e assumir a liderança, e depois, na reta, descansava para a próxima subida, enquanto os ciclistas das demais equipes ficavam estasiados, pois forçavam no momento que não esperavam, que é a subida, e depois tinham que ficar forçando em toda a reta para equilibrar. Aí não tinham mais fôlego para a próxima subida.
O Atlético, por acaso, virou o Ciclistas Atlético Paranaense, não?
O que eu quero informar é que o preparo físico do Atlético é superior ao de todas as equipes que ele enfrentou, todas, pois no final do primeiro tempo, o Atlético esta marcando gols, ou seja, estava correndo, e os outros estavam esperando o apito. Voltamos para o segundo tempo com os jogadores a todo gás e, aos 25 minutos, o gás vai acabando, e a outras equipes percebem isto e fazem o que se faz no ciclismo, espera-se a dificuldade alheia e oferece toda a condição física na subida, ou na reta final, o ‘sprinter’. Todos os jogos estamos dando a maior chance após os 30 minutos do primeiro tempo. O Atlético opta por isto, prefere manter o ritmo durante todo o primeiro tempo e, se possível, mas um gol no período entre 38 e 45 do primeiro tempo, mas sabe que o gás vai acabar la na segundo.
O que precisa então: não adianta mais preparo, precisa-se de 4 jogadores preparados para tocar a bola depois dos 15 minutos iniciais, para baixar o ritmo do jogo, ou seja, o time tem que descansar para poder, lá dos 35 ao 45 minutos, aguentar o ritmo que a outra equipe vai tentar impôr ao Atlético.
Querem exemplo? J. Malucelli fez gol em que período? O Corinthians, o SP? Olhem todos os jogos que o Atleético tomou gol, contra o Vitoria, o segundo gol, e quando o Atlético quase empatou?
O resumo é simples, e está ali, no Geninho, que abusa às vezes. Um exemplo foi contra o SP, aos 25 minutos, o Márcio Azevedo, que estava no ‘sprinter’, é cobrado por ele para que corresse mais e mais.
Geninho, no vestiário você deveria delegar a função para alguem trabalhar para o time, marcar, dar tudo de si. Este alguém vai sair aos 20 minutos e o time estará vivo. Pode ser um zagueiro, se assim o jogo requisitar, pode ser um meio-campo, mas… Você já deve estra perguntando: mas quem no banco? Isto é outro problema.
Uma pergunta. Em 2002, num jogo pela Libertadores, o Atlético vencia a altitude a outra equipe por 5 x 0 e, no segundo tempo, tomou o empate. Por quê? Faltou o quê? Faltou tática com o preparo físico!
Geninho e preparadores físicos, vocês já ouviram falar de carro turbo preparado. Naquele mundo existem duas frases; ‘se girar muito o parafuso, quebra’ e ‘cavalo anda, cavalo bebe e cavalo morre’.
Talvez eu esteja errado e o Atlético pode sustentar 2 tempos de ‘sprinter’, ‘parafuso girado’, mas, caso contrário, sempre tomaremos os piores ataques no final do segundo tempo, com consequências óbvias, empate com sabor de derrota, viradas incríveis contra.