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7 jun 2009 - 18h50

Força estranha

Como dizia o (coxa) professor Ledo (Penal IV): “enfim…”

Nova estação, novos ares.

-“Mas como seu palhaço? O inverno só começa dia 21 de junho! Ainda estamos no outono. Não vê as folhas secas em teu jardim, ó inominado ‘excretor’ de fundo de quintal?”. As varri hoje, caro corneteiro sem causa.

As pessoas fixam-se demasiadamente em convenções. Ditados, números, teorizações, cientificismos. Sem menosprezar a importância do conhecimento, não se pode ignorar que “forças ocultas” pairam sobre nossas vidas. Vez em quando resolvem agir sobre elas, sem que nós possamos saber o porquê das coisas.

Por exemplo: no frio. Há, de acordo com a boa etiqueta, de se tomar vinho, tinto, se tiver classe. Importado, se tiver categoria. Francês, se sobrar grana. Confesso ser um grosso de marré, pois acabei de tomar 4 cervejas trincando de geladas (sábado à noite, quase na madruga), num copaço especial que ganhei de aniversário do namorado da minha sobrinha, um jovelista engenheiro civil que começa a ter desejos de se tornar um cineasta, embora seja paranista.

-“Preconceito contra o “povo da vila”, seu b****?” – como sugerido no copidesque furaconiano.

-“Não mesmo. Acho até que eles são metidos, sim. Perdão: altruístas. Colaborando, propus que se modernizassem, o voo da gralha sem asa a transpor os muros da Capanema, globalizando sua denominação: pela literalidade da tradução, passariam a ser chamados de “Village People”, que tal?”

-“Entendeu, entendeu?” – acho que a vida não pode ser tão certinha assim, resumirmo-nos a seguir as cartilhas que nos ofereceram como modelo, porque senão ela fica muito “chocha”. Temos que inovar, rebelar-nos contra as mesmices, costumes, tradições, convenções e até determinadas regras, como os tracinhos vermelhos n’algumas palavras deste Microsoft Word, por exemplo: não cabem na ortografia, mas sobram no entendimento.

A partir daí, reconhecer. Ver o que há de novo no front e refletir. Respirar fundo e soltar… (calma, não sou porco) a conclusão.

Observando as últimas entrevistas do nosso técnico, facilmente podia-se deduzir quando repetia sobre a necessidade de atacantes, até ontem escutar que o madeixoso habitante do mundo de Etérnia vai embora. Aleluia, Gretchen. Também que o outro gadelhudo da ala esquerda não mais ficará nas cercanias do Caju, logo agora que começou a dar sinais de eficiência. Indiferença. Nove fora, ficam sob o rótulo de “atacantes”: Patrick, Marcelo, Wallyson, Eduardo e Wesley. O homem disse que precisa mais um. Ou totalizarão 6 (fora os juniores ainda não promovidos), ou o pequeno Wally está na tocaia programado para vazar também.

Seis na frente. Mas apenas 2 laterais de ofício: Raul e Alex Sandro. Porque já estão querendo e fazendo improvisação com o Carlão na ala direita. Como se isto tivesse dado certo com Zé Antônio, Chico, Netinho e até dos Santos, todos fora de suas posições originais. Fazer o quê, se isto é questão de conduta. Então continua a pergunta sobre por que diabos não contratam laterais… pois o último verdadeiro que passou por aqui foi Fabiano (2001).

Voltando à rebeldia, em obediência aos novos ares de mudanças, que de tão queridas passaram a ter conotação de “nova estação” – mesmo avacalhando com os meteorologistas – surgem boatos neste site sobre a possível ida de Rhodolfo e Chico para a Europa:

-“Até que enfim, professor Ledo!” – foguetes, festa, bebedeira, tal qual foi com a emigração de Alessandro Lopes, Roberto Fernandes e Danilo. Para Fabrício, Erandir, Marcelo Ramos e Givanildo, quase o mesmo.

A ascensão de Carlão, Manoel, Marcelo, Fransérgio, Patrick e Raul já soma 6 medidas que deveriam ter sido tomadas no campeonato estadual. Em tempo, o time já teria o conjunto que está sendo buscado. E ninguém estaria “chamuscado” agora.

Então, atleticanos, fiquem mais tranqüilos, pois vivemos um novo tempo. Só não nos deixemos influenciar em função da Copa. Falar nisso, aqueles desejosos pelo evento na Arena não se preocupem: não foi autorizada pela Prefeitura Municipal a construção do portentoso empreendimento alviverde, não pelo setor de obras, mas sim pela Secretaria Municipal de Saúde (abraço, prof. Lemos), seção Vigilância Sanitária. O monumental [estádio-hotel-centro de convenções-shopping-cinema-super mercado-estacionamento-churrascaria-parque de diversões-lotérica-feirinha-pesque e pague-circo-cassino-terreiro-fruteira-padaria-lanchonete-boteco-meretrício] não sairá do papel do portuga alucinado. A exacerbação da megalomania, agregada de irresponsabilidade gestacional, ultrapassou os limites da razão. E a galera multicor (tem preto, cinza, amarelo…) vai na esteira, também achando que o argentino com nome de lhama é o cara, que os paraíbas, ó xente, amam o time e que Simões é treinador de homens com H.

-“Não, coxarada. O maior público em seu estádio foi o da torcida do Atlético, em 1983. Isto nunca será mudado nem com a provável aquisição e reforma do Pinheirão, o elefante cinza para quem o Zé tirou o Chapéu e se mandou, único lugar em que vocês podem ainda erguer tipo Lego sua utopia, então sob o cheiro não mais de uréia, mas de estrume de cavalo.”

Mas só por causa da Vigilância Sanitária, repito. Porque de acordo com a portaria federal 1565/94, em seu artigo 3º inciso I, entende-se por vigilância sanitária o conjunto de ações capaz de “eliminar, diminuir ou prevenir riscos e agravos à saúde do indivíduo e da coletividade”. Haveria muita gente ali concentrada, fragilmente exposta à fetidez amoníaca proveniente de um glorioso nascedouro local, cuja volatilidade é passível até de provocar danos estruturais, tal qual aconteceu nos pilares do viaduto soteropolitano, acarretando ó mainha em corrosão no concreto do elevado. Questão de prevenção, parabéns aos funcionários públicos responsáveis.

Mais uma prova de que a teoria está, às vezes, impossibilitada à sua prática. Portanto, dependendo do caso, não se pode confundir a sabedoria eterna de Blavatsky com a sabedoria popular: fossemos seguir esta ao pé da letra, o ditado “dize-me com quem andas que te direi quem és”, professor Lemos não seria o brilhante cidadão humanista e sonhador que conhecemos.

Vivemos hoje um frio de inverno, na cidade sem estações definidas. Geninho não é infinitamente errôneo. Portanto, meus queridos rubro-negros, adicionem algumas doses de otimismo à sua bebida predileta no seu copo preferido, e tomem goles livres de rotulações e anomias. A primeira vitória está muito mais perto que imaginamos e nem tão longe que não possamos senti-la. Virá, impávida que nem Classius Clay.

Eu queria Paulo Baier no Atlético desde seus tempos de Criciúma. Agora, terá ele também a função de Capitão. Com a exceção de Claiton, nosso último foi Nem, em 2001. Reparem que muita coisa tivemos pela última vez em 2001. Não foi por acaso que fomos campeões brasileiros.

Um Capitão que peite a imprensa paulista, árbitros gaúchos e bandeirinhas cariocas. Que se insurja contra os Tchecos da vida e que ignore as RPCs da província. Que apenas trabalhe com amor à nossa camisa. O resto, as forças ocultas se encarregarão de fazer.

Talvez eu comece a tomar vinho. Talvez meu xará desponte como ídolo. Talvez a bandeira de prof. Ledo saia do armário. Talvez prof. Rafael reencontre Xin Xaco. Talvez Petraglia volte. Talvez eu vá embora. Talvez chegue um dia em que a gente tenha alguma certeza na vida.

-“Não, é melhor não. Porque senão ela fica muito “chocha”…



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