Blasonadores de corneteiros
Que é corneteiro levanta a mão! Ninguém se habilita. Com certa frequência, no Brasil, aqueles que apontam defeitos, falhas, problemas, acontecimentos, virtudes, qualidades, coisas visíveis são chamados de corneteiros. De bate pronto tenta-se desqualificar aquele que tem voz. O problema é que muitos acontecimentos históricos lamentáveis poderiam ter sido evitados se ‘o povo’ fosse ouvido. Desde a ditadura militar, herança maldita, existem pessoas que se assustam com críticas. Mais que isso desconhecem o significado da palavra e sua importância.
Para essas, sugiro o dicionário, onde mais que desaprovação encontrarão outras definições importantes acerca dessa palavra. Minha experiência como professor universitário, mostra que os alunos tem cada vez menos vontade de aprender (estudando, lendo, pesquisando) e os professores menos vontade de ensinar. Problema social sério, o processo de individualização, abarcou todos os indivíduos e nos faz pessoas superficiais. Os atuais livros de Zygmunt Bauman, sociólogo polonês, se debruçam sobre o tema e são fontes de qualidade para pesquisar.
Grande parte dos problemas que envolvem desde as crianças até os mais velhos, é a falta de vontade de dedicar-se com afinco a algo. Vídeo games e computadores permitem começarmos de novo ou facilitarmos as tarefas com uma simples escolha nova. A qualidade das maravilhosas invenções modernas se contrasta com nossa postura frente às facilidades oferecidas. Ficamos, por assim dizer, mal acostumados.
Vai recado aqueles que corneteiam, no sentido clássico da palavra, os que nesse espaço criticam o time do coração. Não se assustem com as críticas, somos todos atleticanos apaixonados. Todo Atleticano de verdade quer o bem do nosso time. Alguns querendo ver melhoras e percebendo que algo não está certo, outros, elogiando e admirando aquilo que vêem. Esse espaço é o da livre opinião, chama-se Fala, Atleticano, acredito eu, por isso. Não se chama fala jovem, fala velho, fala cozido, fala maluco, fala intelectual, fala experiente, fala inexperiente, fala gagá ou fala sóbrio.
Mas alguns escritores precisam entender que críticas não são necessariamente ruins nem ofensivas, questionamentos não são necessariamente cruéis ou maldosos, mesmo para vida diária, essas constatações são importantes e devem ser lembradas. Continuo a acreditar que espaços como esse podem contribuir para melhora de alguma coisa. Mesmo que seja para melhora do vocabulário e capacidade de escrever de alguns sujeitos que aqui opinam. Minha sugestão é: continuem escrevendo, lendo, pesquisando, observando, amando, acreditando, criticando, não tenham receio de se expor. Apenas cuidado com ofensas e malcriações indignas de oportunidade por aqui.
Quanto ao time, ainda estou preocupado, torcendo, mas de olho! Saudações rubro-negras!