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22 mar 2010 - 17h20

[Promoção 86 anos do Atlético] Uma vida pelo Furacão

Estou muito próximo de comemorar Bodas de Ouro com o Atlético. É uma paixão eterna cheia de emoções, ora alegres, ora tristes, ora sentimentais, ora críticas, mas com certeza vindas do fundo do coração.

Não tenho certeza da data do meu primeiro contato com o Atlético, talvez 1961, ou 1962, assisti a uma partida amistosa do Atlético contra o Juventude, ou Marcílio Dias, não me recordo, mas lembro o resultado, 4 a 1, com direito de gol de trazeiro do Valter na trave do fundo da Baixada. Levou-me a paixão pelo time rubro-negro. De lá para cá, já são quase 50 anos de paixão pelo Clube Atlético Paranaense.

Meu irmão mais velho e meu primo da mesma idade de meu mano, torcedores do Ferroviário, levavam-me aos estádios, na grande maioria em jogos na Vila Capanema e alguns no Belford Duarte. Sem sentimentos clubísticos e indiferente a emoções, ora era torcedor do Ferroviário, ora era torcedor do Coritiba, ou seja, torcia para quem vencia.

Eis que, ambos, levaram-me a Baixada, não entendia muito o que acontecia no campo, mas aquele time rubro-negro mudou a minha expectativa sobre o que era ser torcedor. Lembro-me que, de imediato, questionei com a dupla, meu irmão e primo, sobre o time maravilhoso, quem eram os jogadores, e exigi que sempre me levassem a jogos do Atlético.

Morava na Av. Agua Verde, logo após a República Argentina, ia a pé até a Baixada, inclusive treinei no infanto-juvenil, num campinho de terra ao lado da Petit Carneiro, não cheguei longe, mas o orgulho de vestir a camisa rubro-negra, mesmo sendo a de reserva, é inesquecível.

Meu primeiro salário, em 1967, tornei-me sócio do clube, com muita emoção frequentava a velha social, hoje retão da Getúlio. Não durou muito tempo a associação, pois o salário era minúsculo, e a ajuda a meus pais era fundamental.

Em 1967, junto a meus amigos de infância, choramos a goleada sofrida contra o Coritiba e o rebaixamento à segunda divisão. A reviravolta deixou-nos na Divisão Especial de 1968. Choramos novamente a morte de nosso maior presidente, o Jofre Cabral, muito mais do que a perda do título estadual daquele ano. Mudamos o futebol paranaense, inserimos o nosso estado no cenário nacional, infelizmente sem títulos.

Eu e meus amigos, o Rubens e o Givan (Bueno) levamos as primeiras bandeiras nos estádios em jogos do Furacão. Participei de todos os eventos e viagens com a primeira torcida organizada do Paraná, o ETA, nunca fui sócio dela, mas sempre fui ativo nas festividades. Tínhamos o respeito no interior do estado, talvez Maringá foi a única cidade que nos odiava. Em jogos do Atlético em Bandeirantes, a imprensa da capital não fazia suas transmissões lá, mas nossa torcida sempre esteve presente nesta cidade, não temíamos o Meneguel, e ele nos respeitava.

Vi a transformação do meu Atlético, tornou-se um time respeitado no Brasil, e na América do Sul, trocou a velha e querida Baixada pela excepcional Arena, trocou o quase abandonado clube de campo em São José dos Pinhais pelo exuberante CT do Caju. Novamente inserimos o nosso estado no cenário nacional e internacional, agora com títulos.

Nestes quase 50 anos, tive muito mais alegrias do que tristezas com o Atlético, convivi com as transformações ocorridas, em 1968, com o maravilhoso time formado pelo Jofre Cabral, nos anos setenta, pela paixão dos atletas pelo clube, nos anos oitenta com o casal vinte e muitos títulos estaduais, com a transformação em 1995, e com o primeiro título nacional do século 21.

Hoje critico diretores, técnicos, jogadores, enfim, aqueles que passam pelo clube e não deixam razão para consagrá-los. Talvez por todas mudanças que passamos, hoje, junto as minhas filhas, tornei-me um torcedor da Arena, ou seja, da nova geração, quero títulos nacionais e internacionais, quero clássicos com times de São Paulo, Rio, Minas e Rio Grande, exigo de diretorias times competitivos.

Em nenhum momento esqueci o passado de nosso amado Atlético. Sempre que possível passo aos mais jovens torcedores o que fomos desde que passei a amar o Furacão, dos momentos difíceis, sem títulos, muitas vezes sem estádio, mas sempre com muita paixão e muito amor pelo querido Clube Atlético Paranaense.



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