[Promoção 86 anos do Atlético] Como tornei-me atleticano
Tornei-me atleticano pelos idos de 1972 quando, levado pelas mãos irmão mais velho fui assistir a um Atletiba disputado no então Belfort Duarte, dividido ao meio na arquibancada da Mauá por uma corda.
Nesta tarde, perdemos para o tradicional rival. Porém, não me recordo se foi de 2 a 1 ou 1 a 0.
Mas me lembro que as camisas vermelhas e preta fustigavam as brancas.
Mas em minha mente o resultado pouco importou.
Não sai da cabeça as palavras do mano, já fanático daqueles de brigar com os coxas na Rua XV, então contando com seus 18 anos, acompanhando um menino de sete, sentados debaixo da marquise das sociais do velho estádio.
– Marcelinho, hoje você poderá escolher para que time irá torcer. Não precisa se importar comigo. Fique à vontade. Não vai apanhar se não for pro Atlético !
Como a civilidade era outra naqueles tempos, destaco hoje que mesmo assim, o local onde assistimos a partida era bem democrático, com os torcedores mais exaltados atrás das traves. Eles na parte dos fundos e nós na entrada (da Igreja).
O mando de campo pelo jeito era atleticano, pois os alviverdes (?) entraram primeiro, com meias cinzas, calções pretos, e camisas brancas, com o globo do lado esquerdo do peito e friso verdes nas mangas.
Aquela roupagem meio cálida dos alviverdes de calções pretos e camisetas brancas me pareceu fardamento das escolas da época. Somente diferenciando pelos azul marinho das calças.
Foram saudados com algum papel picado e aplausos mornos…uma vibração meio estéril.
Quando o Atlético entrou, a esbórnia da torcida atleticana com muito barulho, papel, foguetes, talco, bandeiras, aquele espetáculo multicolorido, com os jogadores desfilando a rubronegra e contrastando com o gramado – este sim verde – trazendo crianças pelas mãos, não precisei de mais nada para escolher: Aquilo tudo sim é que fantásticamente bom !
Deste dia em diante, há quase quarenta anos, tornei-me mais um adepto do Clube Atlético Paranaense !
Sofri muito na década de setenta por assumir minha posição, contrariando diversos amigos e coleguinhas da rua, que optaram pelo mais fácil, que era ser coxa naquele época, onde o título de campeão estadual parece que só tinha um endereço.
Enormes e fulgurantes emoções das mais diversas me foram proporcionadas pelo Furacão. Inclusive a honra de vestir a sua camisa e disputar alguns certames nas categorias menores, sonhando um dia fazer explodir a massa contagiante e maravilhosa que sempre tivemos.
Tal aspiração acabou por não se tornar possível. Tempos diferentes aqueles.
Apesar de um certo status, jogador de futebol era uma coisa meio boêmia.
Quem, como eu, possuía pais rigorosos, não dispunha de estímulo algum porque futebol, diziam, era para quem não estudava, coisa de vagabundo, sem opção na vida.
Mas valeu a pena tanto esforço. Obrigado Atlético !