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3 maio 2010 - 16h31

…e a idiossincrasia venceu a política

Desde a cisão entre Petraglia e os demais diretores no início desta década o Atlético Paranaense não é mais uno.

Mesmo antes de Mário Celso, a torcida por mais que pouco aspirasse, estava junta.

Na velha Baixada a assitir pelos alambrados (para quem não conheceu, hoje podem ser ilustrados pelas grades dos viveiros do Parque Iguaçú, que muitos de nós também chamamos de zoológico).

No Pinheirão, foi coesa e pôs 45 mil à noite. E, em um domingo, qualquer que fosse, lá estava no portão de saída, por exemplo, Farinhaque cumprimentando ‘mano-a-mano’ cada um dos torcedores que por lá passavam. Tristes ou felizes.

Na Baixada, até a cisão, o presidente tinha o nome aclamado pela torcida.

Até que…

…’tinha uma pedra no meio do caminho. No meio do caminho tinha uma pedra’…

e essa pedra chama-se política.

A ambição, a inveja, de qualquer lado que fosse; os comentários, a imprensa verde; tudo isso influiu para que a politica tomasse conta do clube.

Quebras-de-braço sem fim. Brigas pelo poder. ‘Quem pode mais, chora menos’. E isso resvalou na torcida. Dividida, elitizada ou não, a torcida ora xingava aquele que estava no poder, ora o ovacionava.

Na fila para comprar ingressos, na viajem para Porto Alegre na final da Libertadores, a torcida estava unida pelo time, mas divida pela política dentro dele.

Surgiram seguidos. Surgiram seguidores. E com a mesma força e o mesmo veneno mortal, surgiram as críticas.

(O problema da política é que ninguém elogia o que há de bom no lado oposto. Nunca se olha para o que foi ou se está fazendo de bom. São só críticas.)

Todas destrutivas.

A política outrora polarizada, tornou-se múltipla. Três, quatro grupos disputando o poder, e não a sua razão, a sua ideia. Numa falsa percepção de democracia, nos colocaram na fogueira entre escolher quem lá estava ou ‘mudar’.

Como se fossem muito distintas as pessoas e os objetivos.

No fundo é o futebol que move o Atlético.

Qualquer ideia que não dê certo, jogador que não vingue, campeonato perdido, a culpa não está dentro de campo: termina neste ou naquele lado.

Hipocrisia.

Crise.

O Atlético não merece. Não precisa.

Por isso hoje, queremos que o Atlético nos ouça. Uma única vez.

Já nos unimos ‘desunidos’.

Agora estamos todos, verdadeiramente, unidos!

Nós, torcedores, nunca somos chamados para escolher o barco. O Atlético nos tem colocado no barco e só somos lembrados quando ele está afundando.

Sempre somos chamados depois que o barco foi escolhido.

Queremos lembrar agora, Atlético, que nós estamos de antemão avisando que queremos um barco melhor. Não precisa ser novo; precisa navegar, não ter buracos, não ter remendos.

É mais barato comprar um barco bom e ‘caro’ do que um barco meia-boca, reformado, dar uma pintura e dizer ‘é com isso que vamos, pois é isso que temos’.

A torcida está dizendo que cansou!

Cansou de ter que comprar baldes, cada vez mais caros, para salvar barcos cada vez mais baratos.

Desta vez não me chame, Atlético!

Não vou comprar outro balde este ano!

Quero um barco que chegue ao outro lado sem sustos.

De preferência sem riscos, sem nada de água dentro. Melhor ainda se chegar cedo. Se der, entre os quatro primeiros.

Chega de lutar, lutar, lutar, e nos salvar na praia. Um dia faltarão baldes; um dia faltarão braços.

O barco afundará porque você quiz um barco ruim.

Estamos alertando, pedindo, implorando, que o nosso barco começa a navegar furado.

E não são um ou outro grupos. Não são ideias ou políticas diferentes. Todos nós pensamos a mesma coisa. Todos nós sentimos a mesma coisa.

Independentemente do lado em que estamos.

Estamos unidos em uma só voz, dizendo a mesma coisa para você, Atlético!

Os fatos interferem diferentemente em cada pessoa. Mas agora, a voz do torcedor, a voz do povo é una.

A idiossincrasia venceu a política.

É hora de o Atlético ouvir a voz do seu povo.



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