24 nov 2010 - 10h17

Nasce um novo ídolo

Vitor tem 6 anos. É torcedor do Atlético desde que nasceu e sócio do clube desde 2008. Herdou a paixão pelo clube do pai, ao lado de quem assiste, torce, sofre e vibra durante os jogos do Furacão. Como toda criança, tem seus ídolos. Quando joga futebol com seus amigos, imita os jogadores que costuma ver brilhando na Baixada, pensando em um dia estar no lugar deles.

Até o começo deste ano, o jogador mais admirado por Vitor era o meia Paulo Baier. Escolha mais do que natural. Capitão, camisa 10, autor de muitos gols e dono de técnica refinada, Baier é admirado não só pelos mais jovens. Desde que chegou ao Atlético, tornou-se uma referência e é apontado por muitos torcedores como o principal jogador do clube.

Mas quando Vitor realizou o sonho de entrar em campo como mascote do Atlético, de mãos dadas com um jogador, não foi a Paulo Baier quem ele procurou. A estreia foi no jogo contra o Vitória, no dia 29 de setembro. Assim que os atletas deixaram o vestiário a caminho do solo sagrado da Arena da Baixada, Vitor correu para ficar ao lado de Neto, o jovem e talentoso goleiro rubro-negro.

A escolha de Vitor não foi casual. Neto havia acabado de ser convocado pela primeira vez para a Seleção Brasileira. Foi o primeiro jogo em casa depois do anúncio da convocação. Imediatamente, ele passou a ser o jogador mais assediado pelas crianças que entram em campo com os jogadores.

A cada jogo, um grupo de torcedores mirins aguarda ansiosamente no estacionamento da Arena para viver o inesquecível momento de entrar em campo com seus ídolos. Minutos antes da entrada em campo, são chamados para a sala de imprensa. Quando os jogadores saem do vestiário, as crianças disputam para entrar junto com os ídolos.

De acordo com um funcionário do clube, Paulo Baier, Branquinho e Rhodolfo eram os mais assediados pelos garotos. Isso até a convocação de Neto para a Seleção. “Eu já gostava do Neto antes de ele ser convocado para a Seleção Brasileira, mas parece que ele voltou melhor de lá”, diz Vitor, justificando a admiração pelo novo ídolo.

Exemplo

O aumento do assédio não passou despercebido pelo goleiro. “As crianças se identificam muito comigo. Acho que o fato de ter sido formado no Atlético, jogar aqui desde criança pesa. E também o fato de ter sido chamado para a Seleção Brasileira. Talvez por eu estar em evidência elas acabam se identificando mais”, explica o goleiro, convocado duas vezes por Mano Menezes.

Neto tem plena consciência da importância da relação com os jovens torcedores. “Quando as crianças estão ali elas estão realizando o sonho delas. Estão ao lado dos jogadores do time para o qual elas torcem. É um momento de muita alegria. Como eu disse, só de estar em contato com o jogador para eles é uma alegria muito grande”, observa.

Ele sabe que junto com a nova condição de ídolo vem também mais cobrança. Agora, Neto não é apenas mais um jogador. É uma inspiração para uma geração de novos atleticanos. “Eu posso me considerar um exemplo, por ser uma pessoa pública, uma pessoa de quem as crianças acabam gostando, então eu tenho que tentar mostrar um exemplo melhor para elas. É uma responsabilidade maior, tenho que cuidar com o que eu faço para que esse público que me observa não leve nada pelo lado errado”, diz Neto.

Neto e seu novo fã Vitor [foto: FURACAO.COM/Joka Madruga]


É evidente que não é apenas a condição de goleiro da Seleção que fez dele um novo ídolo. Neto é uma cria do Atlético. Joga no clube desde os 13 anos. Passou por todas as categorias e superou desafios pessoais, como a baixa estatura para a posição. Também conquistou admiração graças a excelentes atuações pelo Furacão, firmando-se rapidamente como titular absoluto mesmo com pouca idade.

Mas é inegável que a convocação para a Seleção Brasileira mudou o status. “Com certeza, muda para qualquer pessoa. Não tem como não mudar, né? Você passa de um jogador visto regionalmente para um jogador visto nacionalmente. Muda muita coisa”, admite.

E muita coisa vai mudar nos próximos anos, Neto. A experiência conquistada nesta temporada será importante para o próximo ano. A relação com os torcedores tende a ficar ainda mais intensa. Mas uma coisa os guris atleticanos esperam que não mude: o dono da camisa 1 atleticana. “Acho o Neto um ótimo goleiro, ele faz boas defesas e desejo que ele fique no Atlético por muitos anos”, pede Vitor.

Colaboração: Joka Madruga, Silvio Toaldo Júnior e Thiago Fernandes.



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