19 jan 2011 - 0h06

Adriano: “Tudo que eu consegui foi o Atlético que me deu”

Quem for ao Ecoestádio Janguito Malucelli no improvável horário das 16h30 desta quarta-feira terá a rara chance de assistir a três ídolos atleticanos. Dois vestirão a camisa rubro-negra: Paulo Baier e Lucas. Outro estará defendendo o Corinthians Paranaense: Adriano.

Um dos jogadores mais vitoriosos da história do clube (quatro vezes campeão paranaense, campeão brasileiro, da Seletiva e da Copa Paraná), Gabiru marcou época vestindo a camisa 8 que um dia foi de Sicupira. Teve três passagens pelo Furacão e chegou a ser convocado para a Seleção Brasileira.

A última vez que vestiu a camisa rubro-negra foi em 2006. Deixou a Baixada para jogar pelo Internacional e escreveu também seu nome na história do clube gaúcho: foi dele o gol mais importante do colorado, na vitória sobre o Barcelona na final do Mundial de Clubes da FIFA.

Depois disso, Adriano Gabiru, como passou a ser chamado, enfrentou algumas dificuldades, passando de clube em clube até passar a maior parte do ano passado parado. A oportunidade de jogar pelo Corinthians Paranaense lhe permitiu continuar em Curitiba, cidade que escolheu para morar, e deu a torcida atleticana mais uma chance de vê-lo em atividade.

Nesta quarta-feira, Adriano voltará a encontrar a torcida atleticana. Não mais vestindo a camisa rubro-negra, mas talvez isso não tenha relevância. Certamente os torcedores presentes no Ecoestádio saberão representar a imensa nação rubro-negra, prestando sua reverência a Adriano, um alagoano que veio, viu, venceu e se tornou um de nós.

Confira abaixo a entrevista exclusiva que Adriano concedeu à Furacao.com:

Após disputar parte do campeonato mato-grossense pelo Mixto e ser dispensado, por que ficou o restante da temporada de 2010 sem clube? Não foi procurado por ninguém ou preferiu dar um tempo antes deste retorno ao futebol no Corinthians Paranaense?
Não tive nenhuma proposta. Tive alguns contatos, mas acabou não dando certo. Então, acabei acertando com o Corinthians. Falei com o presidente Juarez (Malucelli), com o Nenê (agente FIFA) e a gente acabou acertando. Depois do Mixto eu fiquei parado e não arrumei nada até acertar com o Corinthians.

Como você está hoje fisicamente e tecnicamente? O que o torcedor pode esperar do Adriano no Campeonato Paranaense?
Ah, é jogar bem, né? Estou bem, graças a Deus. O importante é estar com saúde, estou com saúde. Eu estou treinando desde que cheguei, fazendo um trabalho forte, um trabalho bom. Eu cheguei um pouquinho acima do peso, mas agora estou no meu peso ideal e na hora que começar a jogar vai melhorar. Estou bem fisicamente, graças a Deus, bem melhor do que eu estava antes. Agora é só começar a jogar e dar sequência jogando, bola pra frente.

Adriano agora veste a camisa do Corinthians-PR [foto: Osmar Jr.]


Nesta quarta-feira já tem Corinthians Paranaense e Atlético. Tem algum sabor especial para você voltar a encontrar o Atlético?
Foi um time que me revelou. Eu vim lá de Maceió, do CSA, e o Atlético foi um time que me botou lá em cima, cheguei à Seleção e tudo. Eu agradeço muito ao Atlético e à torcida do Atlético também, ao pessoal com quem eu trabalhei no Atlético muitos anos, mas é um jogo qualquer. É um jogo como se fosse contra o Paraná ou contra outro time. Você pode pensar que jogar contra o Atlético motiva por jogar contra o time que me revelou, que me botou lá em cima, mas acontece, é normal. Eu penso em jogar meu futebol, jogar o que eu sei. Vai estar o Atlético do outro lado, mas o importante é fazer o meu papel, acho que não só eu, mas todo mundo também, né cara?

Você ainda tem contato com alguém do Atlético?
De vez em quando eu vejo o Bolinha, que já está lá há muito tempo. Tem o Bernardo também, que é fisioterapeuta. Eu estou falando desses aí porque acho que ainda estão lá, outros eu não sei se já saíram do Atlético. Eu não sei como está lá, faz tempo que não vou ao CT. Eu falo pelo rádio às vezes com o Dr. Murilo, mas funcionário mesmo eu nunca mais conversei.

Do atual elenco atleticano, o único com quem você jogou foi o Lucas, que está voltando ao clube agora. Você já teve chance de falar com ele?
Ainda não conversei com o Lucas porque eu não tenho o telefone dele. Eu fico feliz que ele tenha voltado depois de muitos anos fora, né? Faz tempo que a gente não conversa.

Qual a sua melhor lembrança das três passagens que você teve pelo Atlético?
Foram muitos momentos bons. Eu acho que não pode ser só um momento, não. Eu ganhei tudo no Atlético. Para mim é tudo, cara. Para mim foi espetacular. Fui campeão paranaense, campeão brasileiro em 2001, minha história foi muito boa no Atlético Paranaense. Foi muito bom, a época em que eu joguei no Atlético foi maravilhosa, todos os títulos que eu ganhei. Eu tenho que agradecer ao Atlético e à torcida atleticana. Para mim, marcou tudo na minha carreira.

Então vou pedir para você comentar um momento específico que é muito marcante: a imagem de você caído na área vibrando, com os braços abertos, o pênalti nos minutos finais do primeiro jogo da final do Campeonato Brasileiro de 2001, contra o São Caetano. Ali você teve a certeza do título?
Com certeza, a gente começou perdendo, né? Ah, mas foi bom, né? Eu não me lembro quem fez o pênalti em mim, mas foi uma comemoração da vantagem que a gente teria dos gols de diferença. Mas nós ainda ganhamos lá (em São Caetano do Sul) também. Aquele pênalti apareceu na hora certa e nos daria uma vantagem boa. Eu comemorei como se fosse assim não o título, né? Não como se já tivesse ganho, mas quase uma metade da taça. Foi importante a vibração, junto com a torcida do Atlético lotando ali…Foi espetacular, o Alex Mineiro bateu e fez o gol e a gente foi lá em São Caetano e metemos um gol com o Alex também e definimos, ganhamos o título. Foi importante naquela passagem de 2001, tínhamos um time excelente. Acho que não tem nem o que falar, o time era bom demais.

Adriano vibra: imagem marcante do título de 2001 [foto: arquivo]


Você ainda tem contato com alguns jogadores daquele time de 2001?
Converso com o Alex Mineiro, converso com o Kléber Pereira. Falo com outros também, com o Cocito, que parou e virou empresário. De vez em quando a gente conversa com alguns daquela época.

E com o Flávio, que assim como você veio do CSA para o Atlético?
Eu nunca mais conversei com ele, não. Eu vi que ele está no América e subiu agora, né? Quando ele vem para Curitiba de vez em quando a gente se fala, mas faz muito tempo, faz um tempão que eu não converso com ele. É o que eu falei, com alguns eu falo. Com o Gustavo, que também foi campeão brasileiro, a gente chamava ele de Camelo, mas é Gustavo (risos). Eu falo com o Alessandro lateral também, falo com o Fabiano, que estava no Guarani.

Você se considera um torcedor atleticano, mais do que um ex-jogador do clube?
Claro, rapaz, sou atleticano. Há muitos anos eu sou atleticano. Devo tudo ao Atlético, cara. Tudo que eu consegui foi o Atlético que me deu. Eu sou atleticano. Não sou paranista, coxa, não. Eu sou atleticano. Joguei muitos anos do Atlético, gosto muito da torcida do Atlético, então eu sou atleticano, com certeza.

Ao longo desses anos você já recebeu alguma proposta do Coritiba ou do Paraná? Aceitaria jogar em um desses clubes?
Não, não, ninguém me ligou, não. Eu não sei, cara, profissional não pode escolher. Mas eu mesmo acho que não ia não, cara. Eu não ia me sentir muito bem, não. Você vê o negócio do Ronaldinho agora, o cara deu entrevista dizendo que ia para o Grêmio e não foi, né? Agora a torcida do Grêmio está puta. É complicado, mas é a vida, né? O cara é profissional, você escolher time e dizer que não vai jogar? Não sei, tudo pode acontecer. Mas eu acho que é difícil, eu acho que eu não ia, não. Eu não jogaria no Coxa ou no Paraná, é complicado, tem família, ia ser difícil.

Esses dias o zagueiro Alex Silva, do São Paulo, declarou que não jogaria em outro clube rival, pela relação ele criou com a torcida do São Paulo.
Mas aí é o seguinte, né cara? O dia em que você estiver sem clube, sem nada e vem o Coritiba atrás de você? Pô, eu vou ter que aceitar, cara. Ano passado eu fiquei parado sem clube, e aí? Eu sou atleticano, mas o que que eu posso fazer? O torcedor vai ficar com raiva, mas sou profissional. O Alex disse que não jogaria em outro clube, mas e se ele estiver desempregado? É complicado. Mas eu mesmo acho que não jogaria em nenhum time daqui. É a minha opinião, não jogaria no Coritiba nem no Paraná, entendeu?

A torcida atleticana gosta muito de você. Você já chegou a pensar como você vai ser recebido pela torcida neste jogo de quarta-feira no Janguito Malucelli?
Não passou pela minha cabeça, cara. Meu pensamento é jogar. Eu fiquei muito tempo sem entrar em campo, sem jogar, às vezes você fica desmotivado, entendeu? Eu fiquei pensando em voltar a jogar, então meu pensamento agora é esse: fazer um jogo bom. Respeito a torcida do Atlético, falei que sou atleticano, gosto muito, mas não sei como é que vai ser. O importante é que eu vou fazer o meu papel pelo Corinthians Paranaense, que é o meu clube hoje. Vou dar o meu melhor para que a gente possa conseguir uma grande vitória.

Agradecimentos: Ruthe Précoma (assessoria de imprensa do Corinthians Paranaense)



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