Juniores: o retrato de um clube sem alma!
Me admira muito como essa filosofia de abdicar da rivalidade, que foi o motor que eclodiu a revolução de Mario Celso Petraglia, na fatidica derrota por 5×0 num domingo de Pascoa, contra uma equipe até então soberana no estado, chamada Cocôritiba, tem contaminado o clube nos mais diversos setores.
Alimentar a rivalidade não é apenas uma forma de nos sentirmos fortes, mas uma maneira de testar a cada instante, a cada clássico, a cada dia o quanto somos capazes de superar nossas limitações. Esse clima de superação, de espírito guerreiro, de força deve ser repassado a cada um no clube, desde o faxineiro ate a alta cúpula.
Já vi muito Atletiba na decada de 90 em que me encheu os olhos. Não pelo massacre em campo, não pela máquina que erao time, mas pela dedicação, pela raça. Tenho um 5×2 gravado na memória em 98, no Pinheirão. Perdíamos por 2×0!
Porém ano após ano o clube e a torcida (em sua maioria, não estou generalizando) têm feito desdém do Coritiba. São declarações do tipo ‘ganhar paranaense eu não quero’, ‘o paranaense não vale nada’, ‘queremos mais que isso, somos grandes, temos CT e estadio’.
Tah, mas e dai? De que adianta tudo isso? E dentro de campo? Como anda o saldo? Nem questiono titulos ou estrelas, times fortes e essas coisas. Apenas pergunto: onde está a identidade? Onde está o time vigoroso? Aquele em que a torcida conseguia mudar resultado? Hoje não vejo isso. Vejo sim um monte de torcedor arrogante arrotando cebolas por isso ou aquilo, mas menos pelo que nos move, pela essência que criou o clube: o futebol.
Somos vítimas de um profissionalismo exagerado em que não se vê ao menos brio nos jogadores quando enfrentam o rival. Esse clássico pela Copa São Paulo de Juniores foi lamentável e prova como somos passivos diante do clássico. O Atlético terminou o primeiro tempo mandando no jogo e na segunda etapa foi sucumbido por uma equipe no maximo esforçada, pois é muito longe de nós tecnicamente.
Mas e dai? Digo novamente. E dai se eles tiveram sangue nos olhos, tiveram 3 vezes mais vontade que nós, tiveram três jogadores saindo contundidos por excesso de vontade. E dai? Adianta o CT? Adianta uma comissão técnica sem ousadia, que jogou o segundo tempo com medo? Me desculpe, mas não aceito perder nem Atletiba de par ou ímpar. Não desse jeito! A disputa por penaltis foi eventual. Perder nos penaltis não foi o problema. O problema foi levar a partida para os penaltis por omissão, por falta de culhões. A entrevista do técnico atleticano no intervalo, pelo Sportv, me deu provas suficientes da derrota.
Concluo então que chegaremos no ano 3000 com uma matéria no New York Times, abrindo a cápsula do tempo, com um baita estádio, uma puta estrutura de treinamentos e uma dívida com a propria torcida. Seremos lembrados por meia dúzia de troféus e uma infinidade de clássicos perdidos. A maioria por falta de atitude, pois podemos e deveríamos estar moendo a concorrência!
Não quero aqui denegrir nenhum profissional que esta hoje no Atlético, muito menos a nós torcedores. Apenas manifesto um sentimento de vergonha. Vergonha por um clube sem alma. Esses que trabalham hoje na equipe rubronegra devem ser boas pessoas, bons pais de familia, gente boa! Mas uma coisa tem que mudar e se chama atitude! A atitude desde a categoria de mamadeiras até o profissional! Não importa apenas o extracampo, a Copa do Mundo ou a venda de uma revelação do juniores para o Arzebaijão. Quero um Atlético com a estrutura do seculo XXI mas com a alma dos anos 80 e 90!
Sem mais delongas, que se vençam os proximos clássicos! Queria escrever que se vençam ou se percam com dignidade, mas já não dá mais! Já está no limite! Perdemos no ano passado todos os ‘jogos de 6 pontos’ no brasileiro e lamentavelmente há algum tempo somos passivos contra os verdinhos, em qualquer categoria. Ganhamos umazinha em 2010 nas categorias de base, no Esgouto Pereira, e foi só! Basta!